quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sublime


Charles Lloyd Quartet
20 de Abril de 2007 – 21.30h
Grande Auditório Culturgest - Lisboa
Culturgest
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Um concerto fenomenal. Um Charles Lloyd visivelmente fragilizado começou por prestar homenagem a Andrew Hill, hoje mesmo falecido, interpretando um tema do pianista norte-americano. Mas o saxofone, ao contrário da voz, não se mostrou embargado, nem os músicos brilhantes que o acompanharam: Jason Moran (surpresa de última hora) esteve virtuosíssimo no piano, dialogando musicalmente com Lloyd como se sempre tivesse tocado com ele; Reuben Rogers no baixo mostrou um enorme talento, um swing invulgar e um entendimento perfeito com os restantes músicos, principalmente com Eric Harland, que esteve exuberante na bateria, também um verdadeiro alter-ego musical de Charles Lloyd. Quanto a este esteve igual ao mito que é para os apaixonados do jazz. Suavíssimo, virtuoso, de uma expressividade invulgar, mostrou que os 69 anos não pesam no seu enorme talento no sax (mas também na flauta e no tarogato, instrumento originário da Índia e que Lloyd usou nos álbuns gravados com o mestre do tabla Zakir Hussain). Foram momentos verdadeiramente sublimes, inesquecíveis para as poucas centenas de privilegiados que tiveram oportunidade de assistir a este concerto único na Culturgest e que não regatearam aplausos a estes quatro fenómenos que respiram música por todos os poros. Bem hajam por isso e que Lloyd possa ainda continuar a maravilhar-nos por muitos anos com o seu enorme talento e capacidade para inovar e experimentar novas sonoridades. Vale a pena transcrever as suas próprias palavras: “A música é uma força que cura. Tem a faculdade de ultrapassar fronteiras, pode tocar directamente os corações, pode falar ao mais fundo do espírito, onde as palavras são desnecessárias. É a mais poderosa forma de comunicação e expressão da beleza”. E confirmou-o por inteiro nesta noite da Culturgest.

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