quinta-feira, 10 de abril de 2008
André Sarbib no Hot
André Sarbib Quarteto
16 de Janeiro de 2008 – 23.00h
Hot Club de Portugal – Lisboa
****,5
Um belíssimo concerto. Desde logo pela revelação deste brilhante pianista, vocalista e compositor nortenho, de ascendência francesa (é filho do pianista Roger Sarbib, que acompanhou ícones da música francesa como Edith Piaff, Charles Trenet ou Maurice Chevalier e introdutor do estilo Big Band em Portugal nas já longínquas décadas de 40 e 50 do séc XX, e irmão do contrabaixista Saheb Sarbib). Exuberante no piano, com uma técnica notável e uma vivacidade contagiante, ao melhor estilo clássico do jazz norte-americano, é um músico de grande talento e capacidades invulgares que, infelizmente, permanece uma pérola conhecida apenas dos mais aficionados jazzómanos nacionais, género musical que ele cultiva de forma apaixonada. O reportório incidiu nalguns originais seus, bem como em standards e temas de vários compositores como Wayner Shorter, Freddie Hubbard, Michel Legrand ou o trio Azimuth.
A acompanhá-lo esteve outra revelação, o jovem baterista João Cunha. Com apenas vinte e oito anos mostrou, contudo, uma solidez invejável no seu instrumento. Não só esteve muito seguro e personalizado como deixou óptimas referências na sua capacidade de swing e de improviso. Pautando pela discrição, não deixou por isso de revelar mestria e de contribuir, decisivamente, para a fluidez do som revelado pelo quarteto, criando as condições necessárias para o brilho dos restantes instrumentos e também, a espaços, para o seu próprio. Um nome a seguir com atenção. João Moreira entregou-se quase exclusivamente ao fluguelhorn (o trompete foi usado apenas no tema final do concerto e no encore) e mostrou estar numa forma fantástica. Seguro e com uma notável capacidade técnica e de improvisação, foi uma das mais brilhantes estrelas da noite, confirmando as notas reveladas em concertos anteriores de que está um músico de grande classe. Para quando o álbum? É sem dúvida a pergunta que todos, cada vez mais, se perguntam. Um músico deste gabarito não pode estar sem editar nada de seu tanto tempo! Finalmente uma palavra para Bernardo Moreira no contrabaixo. Esteve imperturbável, com a enorme classe a que já nos habituou e revelou mesmo, por vezes, uma capacidade fantasista nos solos e contrapontos notável, mostrando uma perfeita integração neste quarteto e contribuindo, de forma vincada, para a consistência da actuação.
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