sábado, 26 de abril de 2008
Late Night Jazz com Roberta Gambarini
Roberta Gambarini & Hank Jones
You Are There
Emarcy 2007
15,5/20
Roberta Gambarini é uma jovem cantora italiana, natural de Turim. Depois de se dedicar ao clarinete durante a adolescência começou a cantar aos dezassete anos pelos bares da sua cidade natal e mais tarde de Milão, onde ganhou notoriedade. Em 1998 mudou-se para os Estados Unidos, aproveitando uma bolsa de estudo de dois anos no New England Conservatory em Boston, e resolveu inscrever-se no prestigiado Thelonious Monk International Jazz Vocal Competition, onde conseguiu um terceiro lugar (a vencedora foi Jane Monheit…). Aparentemente foi o suficiente para começar a ser requisitada pelos mais emblemáticos músicos de jazz norte-americanos de Herbie Hancock a Toots Thielemans. Em 2004 passou pela Dizzy Gillespie All Star Big Band onde actuou com James Mood, Paquito d’Rivera e Roy Hargrove, entre outros. Formou o seu trio em 2006, ano em que editou igualmente o primeiro disco “Easy to Love”, imediatamente nomeado para o Grammy de melhor disco de jazz vocal do ano…
Este é pois o seu segundo trabalho discográfico, com a particularidade, desta feita, de ser acompanhada apenas pelo piano de Hank Jones, com quem Gambirini já vem trabalhando desde 2001 (ao que parece o entendimento entre os dois é tal que o disco foi gravado numa tarde, quase sempre ao primeiro take…).
“You Are There” é um disco de standards, embora seja notória uma preocupação de fugir dos temas mais gravados do cancioneiro popular norte-americano (ainda assim estão lá Lush Life de Billy Strayhorn ou Stardust de Hoagy Carmichael), aproveitando antes excelentes composições esquecidas mas renovadas pela bela, límpida e sensual voz de Gambarini, acompanhada pelo experiente Hank Jones ao piano (o lindíssimo tema de abertura que dá título ao disco, da autoria de Johnny Mandel, ou o blues Suppertime de Irving Berlin, são bons exemplos disso mesmo).
Apesar desse esforço repristinatório (ou porventura por causa dele) o tom geral do álbum é o de uma late night jazz, extremamente competente mas informal e essencialmente revivalista. Não há grande espaço para inovação nem os músicos arriscam muito, mas indiscutivelmente o que fazem, fazem-no muito bem. Gambarini tem uma voz perfeita, brilhante e carregada de swing (a ponto de já lhe terem chamado a herdeira de Ella Fitzgerald… mas quantas vezes já ouvimos este epíteto?) e Hank Jones é um pianista da velha guarda, particularmente à-vontade nos blues (o seu solo em Just Squeeze Me, de Duke Ellington, é magnífico) e perfeitamente enquadrado nos objectivos e ambições deste trabalho.
Seguramente um disco talhado para o sucesso.
Veja Roberta Gambarini no tema My Shining Hour ao vivo no Jazz Baltica 2004.
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