quinta-feira, 10 de abril de 2008

Tertúlia Crioula


Lura – Origens na Alma
(1ª Parte Teófilo Chantre)
1 de Novembro de 2007 – 21.00h
Teatro Tivoli – Lisboa
Tumbao
*****

Noite de gala cabo-verdiana no Tivoli, completamente cheio, neste concerto único na cidade de Lisboa da nova diva de Cabo Verde, depois de uma digressão pelo extremo oriente, durante a qual se tornou na primeira cantora de Cabo Verde a actuar na China.
O espectáculo iniciou-se com meia hora de atraso e alguns problemas técnicos (que felizmente foram bem resolvidos), com Teófilo Chantre a apresentar temas do seu novo álbum.
Este cantor, guitarrista e compositor radicado em França e cujos temas têm andado pela boca dos principais intérpretes das mornas e coladeiras, mostrou-se em boa forma com um reportório novo, que não esqueceu contudo alguns dos melhores temas antigos como Rodatempo, e bem acompanhado por músicos de qualidade, franceses e cabo-verdianos. Com a competência e talento que se lhe reconhece, conseguiu pôr o público a dançar e a cantar, dando também oportunidade aos músicos que o acompanharam de brilhar em solos virtuosos, sobretudo de violino e bateria.
Mas a estrela da noite estava ainda para chegar… Foi na segunda parte com Lura que o Tivoli aqueceu verdadeiramente com o público a vibrar com os ritmos quentes e sensuais de África. Lura esteve uma verdadeira diva! Com uma voz arrebatadora e uma entrega única ao espectáculo, cantou, dançou, conversou com o público, e encantou… mostrando a razão do seu enorme sucesso e uma invulgar capacidade de comunicação pela música que ultrapassa as fronteiras culturais e faz com que todos, pelo menos enquanto dura o espectáculo, nos sintamos também africanos!
Esta mulher é um poço de energia com uma voz de deusa, um ritmo contagiante, e uma sensualidade em palco arrebatadora. Mais do que uma grande cantora de Cabo Verde, Lura é hoje uma estrela internacional, uma verdadeira embaixadora da música africana, capaz de encantar públicos de todo o mundo, usando para isso a linguagem universal da música e do ritmo que ela domina como poucos…
E não foram só as mornas e coladeiras, ritmos característicos daquele arquipélago atlante, foram também os batuques, os funanás, as mazurcas, as marchas, as danças tribais africanas da Guiné e de outras paragens… Um rol interminável de ritmos e sons que embalaram os presentes, quais ditirambos dionisíacos, num puro êxtase musical em terras de África.
Bem acompanhada por Adérito na guitarra, Russo no baixo, Jair na percussão (um grande músico que tocou e dançou ao longo da noite…), Kau Paris na bateria, Guillaume Singer no violino (outro músico que mostrou grande talento) e sobretudo Toy Vieira no piano e direcção musical, um dos principais responsáveis pelo belíssimo reportório que a jovem cantora cabo-verdiana vai mostrando.
Uma grande noite musical africana (terminou às 00.30h, após 3 horas de tertúlia…) de uma sereia que nasceu em Lisboa filha de pais cabo-verdianos, mas hoje é uma cidadã do mundo! Foi um privilégio estar presente nesta arrebatadora mostra de talento.

Sem comentários: