domingo, 29 de agosto de 2010

Jazz no Castelo de Silves 2010



A Câmara Municipal de Silves organiza entre 3 e 5 de Setembro três grandes noites de «Jazz no Castelo de Silves», uma das quais integrada no programa «Allgarve», com Jean-Luc Ponty.
O primeiro dia, 3, de entrada livre, apresenta o pianista norueguês Tord Gustavsen. Considerado pelos críticos como uma das grandes revelações da década, as suas sonoridades apresentam traços de inspiração de diversas origens, como a música folclórica escandinava, música caribe, gospel, hinos e impressionismo.
Considerado o melhor violinista de jazz do mundo, o francês Jean Luc Ponty fará as honras da casa, com a sua banda, no dia 4 de Setembro, num espectáculo integrado no «Allgarve» e cujos ingressos custam 20 euros.
O evento «Jazz no Castelo de Silves» termina no dia 5 de Setembro com a actuação da Orquestra de Jazz de Lagos (OJL), que conta actualmente com 18 músicos – com sons que vão desde o saxofone, trombone e trompete até ao piano, baixo e bateria. Os bilhetes custam 10 euros.

Para mais informações os interessados poderão contactar a divisão de Educação, Cultura, Turismo e Património da Câmara Municipal de Silves, através do telefone 282440800.

In http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=108419

Tord Gustavsen Trio


Jean-Luc Ponty


Orquestra de Jazz de Lagos

Agenda Semanal, 30 de Agosto a 5 de Setembro


Terça, 31 de Agosto
22.30h – Ondajazz (Lisboa) – Jam Session

Quarta, 1 de Setembro
22.30h – Ondajazz (Lisboa) - Triângulo

Quinta, 2 de Setembro
19.00h – Largo S. Carlos (Lisboa) – Big Band do Hot Club de Portugal
22.30h – Ondajazz (Lisboa) – Jazzentinean Project

Sexta, 3 de Setembro
22.00h – Biblioteca Municipal de Barcelos – Couple Coffee
22.00h – Castelo de Silves – Tord Gustavsen Ensemble
22.30h – Ondajazz (Lisboa) _ André Carvalho Quinteto

Sábado, 4 de Setembro
18.00h – Festa do Avante (Seixal) – Ricardo Pinheiro Quarteto
22.00h – Festa do Avante (Seixal) – Bernardo Sassetti Trio
22.00h - Castelo de Silves – Jean-Luc Ponty
24.00h – Festa do Avante (Seixal) - Orquestra Jazz de Matosinhos & Kurt Rosenwinckel

Domingo, 5 de Setembro
17.00h – Festa do Avante (Seixal) – Demian Cabaud Quarteto com Leo Genovese
17.00h – Jardim Tapada das Necessidades (Lisboa) – Nelson Cascais Quarteto
22.00h – Castelo de Silves – Orquestra de Jazz de Lagos

Jazz na Festa do Avante


Auditório 1º de Maio – Atalaia (Seixal)


Sábado, 4 de Maio, 18.00h
Ricardo Pinheiro Quarteto

Neste concerto, que conta com a participação de Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva, entre outros, o Sexteto de Ricardo Pinheiro irá apresentar ao vivo o disco "Open Letter" recentemente editado pela editora Fresh Sound Records. Composto por música e arranjos da autoria do guitarrista, este trabalho combina todo um conjunto de influências que culminam numa sonoridade distinta e profunda e que se funde na perfeição com a personalidade dos músicos envolvidos. Músicos:Ricardo Pinheiro - guitarra
Mário Laginha – piano; João Paulo Esteves da Silva – Rhodes; Alexandre Frazão – bateria;Demian Cabaud – contrabaixo; Pedro Moreira - saxofone tenor.




Sábado, 4 de Maio, 22.00h
Bernardo Sassetti Trio

Sete anos após a última gravação, Bernardo Sassetti Trio apresenta Motion.
Este é o pretexto certo para ver ou rever estes três extraordinários músicos.
“Muito do que hoje sei devo-o a este trio, ao Carlos Barretto – irreverente como poucos, sempre em constante diálogo com os outros, “astrológico” – e ao Alexandre Frazão – simultaneamente pela força e subtileza que se ouve nas sonoridades da sua bateria e pela energia que dá à dinâmica deste trio.
Conhecemo-nos bem – pessoalmente, são os dois tal e qual como tocam.
Por estarem sempre presentes, por mostrarem esta vontade de continuar e de desenvolver este nosso trabalho e, quase sempre, por quererem confundir, mais do que explicar, é por eles que me sinto estimulado a ouvir, a interiorizar, a descobrir a energia que, quando acontece, contamina o palco e a plateia. É por esta energia – quase telepática – e pelos caminhos da música no momento que nos deixamos levar, onde eles nos fizeram chegar.”
Bernardo Sassetti




Sábado, 4 de Maio, 24.00h
Orquestra Jazz de Matosinhos & Kurt Rosenwinckel

O guitarrista norte-americano Kurt Rosenwinkel é o solista convidado da Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM) no concerto programado para o próximo dia 4 de Setembro, no Palco 1º de Maio da Festa do Avante. Rosenwinkel é tido como um seguidor de músicos como Pat Metheny ou John Scofield, mas, com cerca de 40 anos de idade, conseguiu já impor a sua linguagem própria, devedora, segundo alguns, de grandes nomes do jazz como Lennie Tristano. O guitarrista convidado da OJM tem vindo a tocar com nomes indiscutíveis da cena jazzística mundial, entre os quais se destacam, numa primeira fase, Gary Burton ou Paul Motion e, mais recentemente, Brad Meldhau e Joshua Redman.
Com este concerto, a OJM reforça a aposta na política de ligação a grandes instrumentistas, com quem partilha projectos que têm trazido a Portugal nomes como Mark Turner, Chris Cheek, John Hollenbeck, Lee Konitz, Dee Bridgewater ou, muito recentemente, a compositora Maria Schneider. O programa deste concerto integra temas da autoria de Kurt Rosenwinkel, adaptados para grande orquestra de jazz pelos dois líderes da formação, Carlos Azevedo e Pedro Guedes, e por Ohad Talmor, responsável por alguns dos temas e pelos arranjos do álbum Portology, gravado com o saxofonista Lee Konitz.




Domingo, 5 de Maio, 17.00h
Demian Cabaud Quarteto com Leo Genovese

O mais recente CD do contrabaixista Demian Cabaud, “Ruínas”, mostra-nos várias facetas deste musico argentino, que vindo dos EUA há já 5 anos, se integrou com naturalidade e competência na cena jazzística portuguesa. Este grupo, um quarteto sem instrumento harmónico, constituído por excelentes músicos oriundos do norte do país, membros inquestionáveis da Orquestra de Jazz de Matosinhos, já certezas do jazz nacional, interpretará melodias escritas por Demian e outros momentos improvisados que completam a narrativa que é o CD “Ruínas”. Esta música soa-nos sempre natural e no registo discográfico a presença em algumas das faixas de um quinto elemento, o pianista Leo Genovese, vem preencher espaços que não sabíamos existir, e adiciona magia a momentos já brilhantes por si só.

Jazz na Nova Temporada da Culturgest



Há jazz de enormíssima qualidade na nova temporada da Culturgest, que irá decorrer até ao final do ano.
Logo em 16 de Setembro e no grande auditório lisboeta, o contrabaixista Nelson Cascais irá ter a oportunidade de apresentar o seu mais recente trabalho, Guruka, ao lado dos grandes nomes do jazz nacional, Pedro Moreira, João Paulo e André Fernandes, e bem assim do baterista espanhol Iago Fernandez. Destaca-se ainda a inesperada participação da cantora Rita Maria.
No mês seguinte, logo no dia 7, irá apresentar-se, também no grande auditório em Lisboa, o original trio As Soon as Possible, composto pela pianista helvética radicada nos Estados Unidos Sylvie Courvoisier, pelo saxofonista norte-americano Ellery Eskelin e pelo violoncelista francês Vincent Courtois.
Em Novembro apresentar-se-á o sexteto Saxophone Summit, onde pontificam três dos maiores saxofonistas do seu tempo: Joe Lovano, Dave Liebman e Ravi Coltrane. Ao seu lado o piano de Phil Markowitz, a bateria de Billy Hart e o baixo de Cecil McBee. Um concerto que promete!
Continuando o ciclo Isto é Jazz?, comissariado por Pedro Costa para o pequeno auditório, actuarão a 26 de Novembro os portugueses Paulo Curado, Miguel Mira e Carlos Zíngaro. Um espaço dedicado à música improvisada nacional. A 10 de Dezembro será a vez de Jorge Lima Barreto, Jonas Runa e Eddie Prévost apresentarem o projecto Zul Zelub liderado pelo pianista e musicólogo português, onde o jazz e a música improvisada se fundem com a electrónica.
Motivos de sobra para os jazzómanos se deslocarem ao espaço cultural da CGD.


Nelson Cascais
Guruka
SEX 17 DE SETEMBRO, 21.30h
Grande Auditório – Lisboa

Contrabaixo Nelson Cascais
Saxofones Pedro Moreira
Guitarra André Fernandes
Piano, Fender Rhodes João Paulo
Bateria Iago Fernandez
Artista convidada Rita Maria (voz)

Representando a geração dos músicos de jazz portugueses que afirmaram as suas brilhantes qualidades já em pleno século XXI – muito embora viessem já de uma fase imediatamente anterior as suas actividades musicais no âmbito da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas (do Hot Clube de Portugal) e as primeiras actuações ao vivo à luz de uma primeira passagem para a actividade profissional, frequentemente desenvolvidas na pequena cave (entretanto desaparecida) daquele histórico clube – Nelson Cascais é hoje um dos músicos mais admirados na cena do jazz actual português, não apenas como instrumentista bastante solicitado para formações instrumentais de diverso tipo, estéticas díspares e lideranças também diferenciadas mas ainda como compositor de primeira ordem e de grande maturidade conceptual. Tendo publicado no ano passado o seu terceiro álbum em nome próprio – Guruka – que cronologicamente se seguiu a outros dois primeiros prometedores opus discográficos – Cíclope (2002) e Nine Stories (2005) – Nelson Cascais afirmou-se, definitivamente, como um “autor” com identidade própria, recusando as facilidades e as familiaridades fáceis de um jazz repisando os velhos esquemas tema-variações-tema, procurando que a vertente da composição fosse cuidadamente desenvolvida, com isso estimulando, sem margem para dúvidas e jamais coarctando, as intervenções criativas individuais dos restantes componentes e notáveis solistas que compõem o seu quinteto: Pedro Moreira (saxofones), André Fernandes (guitarra), João Paulo (piano e teclados) e Iago Fernandez (bateria). Sendo provável que o repertório do concerto que apresentará na temporada deste ano da Culturgest se baseie em algumas das melhores peças que fizeram de Guruka um dos mais exaltados álbuns portugueses do ano passado, é também natural que, passado este tempo, novas peças sejam agora apresentadas em palco por Nelson Cascais, desde já se aguardando nesse novo repertório a revelação de uma voz convidada: a cantora Rita Maria.

Nelson Cascais Quinteto - Radio Beat



As Soon as Possible
Vincent Courtois, Sylvie Courvoisier, Ellery Eskelin
QUI 7 DE OUTUBRO, 21.30h
Grande Auditório – Lisboa

Violoncelo Vincent Courtois
Piano Sylvie Courvoisier
Saxofones Ellery Eskelin

O simples enunciado de três nomes em plano de igualdade e pela ordem alfabética – e não de um trio liderado por qualquer um deles – diz já muito, porventura, da música que esta noite irá ouvir-se num dos derradeiros concertos da temporada de jazz deste ano, de produção exclusiva Culturgest. Entretanto, neste caso particular, mais do que jazz em concreto é de música improvisada que deve em primeiro lugar falar-se, o que não contrariando a habitual asserção de que o jazz é, também ele, música que parte do improviso, coloca apesar de tudo em plano mais destacado a expressão improvisada, como sendo aquela que melhor qualificará a música que ouviremos.
É certo que há vários matizes, várias nuances, no carácter improvisado desta ou daquela obra: poderemos estar perante música totalmente criada no momento de tocar e que, como tal, se vai formando como um todo, a partir de um aleatório organizado, pelo contributo simultâneo ou sucessivo dos vários músicos em presença; é também possível que parte substancial da música tocada no momento, embora não vertida em partitura, esteja pré-estabelecida ou pré-determinada na mente dos vários componentes do trio, bastando a sinalética quase imperceptível, até mesmo só a respiração, para que se desencadeiem os necessários entendimentos no sentido de que os vários discursos individuais, aparentemente dispersos, formem um corpo internamente coerente, embora moldado à medida que os músicos vão sendo ao mesmo tempo emissores e receptores; também haverá, muito provavelmente, composições previamente escritas, na sua quase totalidade ou em grandes passagens da sua exposição, ficando depois à iniciativa de cada um a justa medida em que a liberdade individual se exercerá mesmo dentro das baias relativas que a composição prévia determina.
Do que todos podemos estar certos, à partida, é que cada um dos instrumentistas que neste concerto irão desafiar-se mutuamente, em termos criativos, se encontram entre os mais reputados no campo da chamada música improvisada ou nova música, com Courtois e Courvoisier a tenderem mais para as margens do jazz e Eskelin a puxar dos seus galões para que, também de jazz, hoje se fale em palco.

Sylvie Courvoisier: Live at Loft (2006)



Saxophone Summit
DOM 14 DE NOVEMBRO, 21.30h
Grande Auditório – Lisboa

Saxofone Joe Lovano
Saxofone David Liebman
Saxofone Ravi Coltrane
Piano Phil Markowitz
Baixo Cecil McBee
Bateria Billy Hart

Quando Michael Brecker, Dave Liebman e Joe Lovano – alegadamente os maiores saxofonistas de jazz do seu tempo – se juntaram pela primeira vez em meados da década de 1990 como Saxophone Summit, a sua missão era explorar os extremos limites do jazz, seguindo pelos caminhos que John Coltrane tinha aberto décadas antes. Quando Saxophone Summit gravou o seu álbum de estreia, Gathering of Spirits, em 2004, a crítica delirou. Infelizmente, com a morte de Michael Brecker no início de 2007, um segundo álbum com estes três titãs não se pôde realizar. Mas persistindo num pensamento e num espírito experimentais que tanto Becker como Coltrane personificavam, Saxophone Summit reúne-se de novo no álbum de 2008, Seraphic Light, que continua a celebrar e a explorar as últimas obras de Coltrane. A Liebman e Lovano juntou-se o filho de John, Ravi Coltrane, que mais do que preencheu o vazio criado pelo desaparecimento de Michael. Sobre Seraphic Light, dedicado a Brecker, diz Liebman. “A ideia original era continuar a partir do ponto em que tínhamos ficado com Gathering of Spirits”. Referia-se à ênfase dada no álbum precedente a algumas das características do último período de Coltrane: solos simultâneos, renúncia a um tempo específico, melodias e harmonias que vão do diatonicismo à dissonância. “As composições de Coltrane que escolhemos para Seraphic Light reflectem estas direcções… Por outro lado, queríamos que cada membro do grupo tivesse uma voz composicional representada. De modo que, na essência, temos dois álbuns num”. É um concerto, organizado em colaboração com o Guimarães Jazz, absolutamente imperdível.

Saxophone Summit - Coltrane's Expression (2007)



Paulo Curado, Miguel Mira, Carlos “Zíngaro”
SEX 26 DE NOVEMBRO, 21.30h
Pequeno Auditório - Lisboa

Saxofones alto e soprano Paulo Curado Violoncelo Miguel Mira Violino Carlos “Zíngaro”
Paulo Curado é o promotor deste encontro, em estreia absoluta, com o violoncelista Miguel Mira e o violinista Carlos “Zíngaro”.
Para Curado, a principal razão para se ter dedicado ao jazz e improvisação livre foi a sua participação, nos anos de 1980, num workshop na Fundação Calouste Gulbenkian com Steve Lacy, Evan Parker, Carlos “Zíngaro”, Richard Teitelbaum e Han Bennink.
Para si, “os músicos de jazz desenvolvem uma linguagem muito própria e individualizada que se exprime através dos instrumentos que tocam, que ganham timbres próprios e pessoais – o som do Coltrane, o som do Miles, ou o som do Monk ou o do Dolphy, por exemplo, para não ser muito extensivo”.
Para a música que toca que hoje se chama “música improvisada” e não “jazz”, diz “parece-me que a enorme revolução do free jazz foi a possibilidade desse papel de invenção passar de um solista para todos os músicos, ao mesmo tempo e sem diferenças de importância relativa, na criação dum objecto musical em tempo real”.
É precisamente aqui que reside a essência deste trio, a possibilidade de qualquer um dos músicos contribuir para o rumo da música que todos compõem em tempo real, todos têm controle na definição da temática do trio. Segundo Curado, “o interesse é o de improvisar em contextos musicais muito mais alargados do que o jazz e que incluem toda a cultura erudita da Europa”.
Em relação à constituição deste e de outro qualquer grupo confessa Curado, “se o pressuposto é o da imprevisibilidade em relação ao objecto sonoro, é importante a escolha das pessoas e da sua capacidade de relacionamento. Daí vai depender, em limite a qualidade do som do grupo e a sua capacidade de comunicar”.
Na música deste trio será de esperar um especial entendimento entre as cordas como será interessante seguir a sua interacção com o sopro. Desta dualidade se espera venha a identidade do trio.


Zul Zelub + Eddie Prévost
SEX 10 DE DEZEMBRO, 21.30h
Pequeno Auditório – Lisboa

Piano Jorge Lima Barreto
Computer music, kima x Jonas Runa
Bateria, percussão Eddie Prévost

Zul Zelub é o novo projecto do pianista, musicólogo, performer Jorge Lima Barreto. Nascido das cinzas de Telectu, defunto duo com Vítor Rua que andou na vanguarda da música em Portugal e no estrangeiro nas últimas três décadas, Zul Zelub pratica uma música aberta, com inflexões de jazz vanguardista, música improvisada com embrulho electrónico.
O parceiro de Lima Barreto neste novo grupo, Jonas Runa, doutorado em música electrónica e com uma sólida formação musical, é um nome a reter, o futuro o dirá. Computer music pressupõe uma utilização científica do computador e não o simples descarregar de texturas musicais mais ou menos orgânicas.
Eddie Prévost foi um dos parceiros preferenciais dos Telectu e a sua adaptabilidade às exigências de Lima Barreto justificam que o tenha convidado para este novo projecto.
Prévost é um baterista de jazz que trilhou novos caminhos na improvisação total, evidente no seminal grupo britânico AMM, de que foi fundador em 1965.
Zul Zelub poderá ser visto como um imaginário poético no acto de compor/executar, na invenção, no imprevisto, na inspiração, na emocionalidade. É uma atitude conceptual radical, uma ciberviagem.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Jazz em Agosto 2010


Jazz am Agosto
6 a 15 de Agosto
Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa)

O outro lado do jazz

Correndo o fio da História do jazz contemporâneo na sua extraordinária riqueza e diversidade, renovando-se na oferta e acompanhando as mudanças do Planeta, o Jazz em Agosto 2010 enquadra a realidade do jazz Europeu tomado no seu sentido dialogante com o jazz Americano original.

Uma programação que se amplia na inclusão de músicos originários de outros continentes num festival urbano dimensionado com espaço e com sentido de montra de tendências criativas dirigidas às audiências actuais que procuram o conhecimento alternativo ao dominante.

John Surman e Jack DeJohnette, um duo emblemático cultivado há duas décadas, de fugazes mas não menos desejadas aparições, iniciam a sequência parafraseando o conceito. A Circulasione Totale Orchestra de Fröde Gjerstad, ensemble multinacional com forte presença europeia aproximando gerações no seu seio e também activo há duas décadas, encerra a programação que tem mais pilares em personalidades como Han Bennink, em duo com Guus Janssen e celebrado no filme biográfico Hazentijd de Jellie Dekker e Dick Lucas; o recente projecto de Louis Sclavis Lost on the Way inspirado na Odisseia de Homero, revelando em quinteto novos valores da cena de França; o Electro-Acoustic Ensemble de Evan Parker numa inédita e significativa grande formação reunindo um escol de improvisadores Americanos e Europeus; o trio Suíço Steamboat Switzerland exaltando a fórmula de power trio via orgão Hammond B3 original; o sexteto híbrido Sol 6 de Luc Ex conjugando canções de Charles Ives, Burt Bacharach, Eric Satie, Weill and Eisler com improvisação radical; Pat Thomas / Raymond Strid / Clayton Thomas, piano / contrabaixo / bateria, triangulação perene do jazz, redefinindo o formato.

Num olhar sobre a realidade Portuguesa, progressivamente a adquirir relevância, o Red Trio explora idêntica fórmula com ousadia, enquanto o Open Speech Trio realça a importância do flautista Carlos Bechegas na história da música improvisada em Portugal. Completam o Jazz em Agosto 2010 uma evocação de Albert Mangelsdorff (1928-2005) trombonista de referência do jazz Europeu, consagrado no filme documental Die Posaune des Jazz de Thorsten Jess e a presença do crítico e teórico Italiano Francesco Martinelli que fundamentará em conferência uma tese sobre o diálogo nunca interrompido do Jazz Europeu e do Jazz Americano. O Jazz em Agosto na sua 27ª edição continua a proporcionar novos horizontes para a compreensão do que é o jazz, hoje, nos seus caminhos menos convencionais e mais inventivos, o outro lado do jazz.

Rui Neves
Director Artístico do Jazz em Agosto


Programa

Sexta, 6 Ago 2010, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

JOHN SURMAN + JACK DEJOHNETTE

JOHN SURMAN (soprano, saxofone barítono, clarinete baixo, electrónica)
JACK DEJOHNETTE (bateria, piano, electrónica)

Duas figuras históricas do jazz contemporâneo que cultivam a forma introspectiva do dueto há duas décadas. A impressão deixada por ambas em variados e aplaudidos contextos, no Passado e no Presente, torna este diálogo peculiar e raro, confirmado em dois discos apenas e esporádicas aparições. Dois músicos orgânicos cuja imaginação percorre o legado do jazz, transformando-o e ampliando-o subtilmente numa teia electrónica.

Sábado, 7 Ago 2010, 18:30 - Auditório Três

Han Bennink «Hazentijd»
Documentário de Jellie Dekker e Dick Lucas (2009, 58’)

Entrada livre

Num olhar que os autores querem que seja total sobre o desenvolvimento artístico deste baterista único, estandarte de uma estética e além dos seus relevantes primórdios musicais, conhecemos também o seu trabalho visual, dando ênfase à dualidade do mundo em que vive, em contraponto, entre a Natureza e a Metrópole.

«O filme relata o desenvolvimento artístico de Han Bennink, desde os seus tempos de estudante de artes plásticas e de baterista com 19 anos a participar em conjuntos espontâneos de solistas de jazz americanos em digressão até ao improvisador implacável que é hoje em dia. O trabalho visual que vai criando solitariamente, em silêncio e rodeado pela natureza, é apresentado como um contraponto à sua vida musical cosmopolita e não raramente buliçosa. Han Bennink vive o momento. Ao principiarmos pelo genérico, compreendemos logo por que pode ser designado de índio dos Países Baixos.»

Sábado, 7 Ago 2010, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

STEAMBOAT SWITZERLAND

DOMINIK BLUM (órgão Hammond B-3, electrónica analógica)
MARINO PLIAKAS (baixo eléctrico, electrónica)
LUCAS NIGGLI (bateria, percussão)

Steamboat Switzerland conta com a força de um órgão Hammond B-3 com a corda toda, um baixo eléctrico distorcido até ficar irreconhecível e tambores duros como pregos. Impulsionado pela mistura altamente explosiva, feita de riffs metálicos, material sonoro contemporâneo e improvisação livre, este barco a vapor resolve os seus ruídos cruzados em harmonias estranhamente comoventes. Atenção à sala de máquinas com as suas explosões, guinadas e guinchos matreiros.

«Haverá algures no mundo um lugar para uma música destas? Duvido. Demasiado arrebatada pelas propriedades transcendentes da amplificação para os circuitos do jazz e da música improvisada, demasiado aérea e volátil para as comunidades de rock alternativo, anexadas pela academia clássica para longe dos mundos paralelos do som sonhados por Iannis Xenakis and Edgar Varèse, existe num lugar vibrante mas que está a encolher, afastada de toda a busca, madura para ser descoberta.» (The Wire)

Domingo, 8 Ago 2010, 15:30 - Auditório Dois

OPEN SPEECH TRIO

CARLOS BECHEGAS (flautas, processamento sinal)
ULRICH MITZLAFF (violoncelo, electrónica)
MIGUEL FERASO CABRAL (percussão, objectos)

Músico de referência da cena nacional da música improvisada e um dos seus pioneiros, prolífero e exímio flautista, detonador de encontros internacionais marcantes, Carlos Bechegas encontra nesta associação cúmplice um veículo eficaz da sua visão onde a electrónica e a experimentação são preponderantes.

Domingo, 8 Ago 2010, 18:30 - Auditório Dois

GUUS JANSSEN + HAN BENNINK

GUUS JANSSEN (piano)
HAN BENNINK (bateria)

Dois faróis da vívida cena de improvisação de Amesterdão, denominada New Dutch Swing, exibindo empatia consumada de forte sentido jubilatório e equilibrando, com sapiência, acalmia e explosão. Um conhecimento enciclopédico da bateria jazz + um piano de técnica prodigiosa, propensos tanto ao swing como à composição espontânea, à abstracção e mesmo à sátira, constituem linhas de força.

Domingo, 8 Ago 2010, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

EVAN PARKER ELECTRO-ACOUSTIC ENSEMBLE

EVAN PARKER (saxofone soprano)
PETER EVANS (trompete, trompete piccolo)
KO ISHIKAWA (shô)
NED ROTHENBERG (clarinete, clarinete baixo, flauta shakuhachi)
PHILIPP WACHSMANN (violino, electrónica)
AGUSTÍ FERNÁNDEZ (piano, piano preparado)
BARRY GUY (contrabaixo)
PAUL LYTTON (percussão, electrónica)
JOHN RUSSELL (guitarra acústica)
PETER VAN BERGEN (contrabaixo, clarinete piccolo)
ALEKS KOLKOWSKI (stroh viola, musical saw)
LAWRENCE CASSERLEY (processamento sinal)
JOEL RYAN (sample, processamento sinal)
WALTER PRATI (processamento sinal)
RICHARD BARRETT (electrónica)
PAUL OBERMAYER (electrónica)
IKUE MORI (electrónica)
MARCO VECCHI (projecção som)
KJELL BJØRGEENGEN (projecção imagem)

As inovações de Evan Parker no campo electroacústico continuam em expansão desde o seu sexteto anunciador em 1997. A recente versão do EAE atinge, neste concerto, a dimensão máxima de 18 músicos superlativos per se e uma dimensão multimédia. A pletora de sons do colectivo casa tecnologia e instrumentação convencional com clareza e em superior manifestação conceptual do saxofonista.

Sexta, 13 Ago 2010, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

LOUIS SCLAVIS «LOST ON THE WAY»

LOUIS SCLAVIS (clarinete, clarinete baixo, saxofone soprano)
MATTHIEU METZGER (saxofone soprano, saxofone alto)
MAXIME DELPIERRE (guitarra eléctrica)
OLIVIER LÉTÉ (baixo eléctrico)
FRANÇOIS MERVILLE (bateria)

Linhas melódicas complexas, cerebrais, angulares, caracterizam a linguagem de Sclavis no clarinete, dotando-o de uma identidade musical reconhecida, não de todo afastado dos padrões americanos. Na sequência de outros, o recente projecto inspirado na Odisseia de Homero, incidindo em Ulisses e revelando uma nova geração do jazz Francês, comprova que as suas infatigáveis aspirações continuam a validar-se.

Sábado, 14 Ago 2010, 17:00 - Auditório Três

Albert Mangelsdorff «Die Posaune des Jazz» (O Trombone do Jazz)
Documentário de Thorsten Jess (2005, 52’)

Entrada livre

Ícone do jazz Europeu e mundial, pelo seu contributo definitivo às técnicas expandidas do trombone, Albert Mangelsdorff (1928-2005) foi parte activa das mais importantes manifestações do jazz avantgarde a partir dos anos 1960. Neste filme documenta-se com rigor o riquíssimo percurso artístico de um músico de referência.

Sábado, 14 Ago 2010, 18:30 - Auditório Dois

RED TRIO

RODRIGO PINHEIRO (piano, piano preparado)
HERNÂNI FAUSTINO (contrabaixo)
GABRIEL FERRANDINI (bateria)

Um trio português recém-chegado à cena que explora com invenção e audácia a fórmula consagrada de piano/contrabaixo/bateria, conservando laços evidentes com o jazz e cultivando técnicas instrumentais não ortodoxas; os desenvolvimentos, em sólido equilíbrio, criam novos horizontes sónicos.

Sábado, 14 Ago 2010, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

SOL 6

VERYAN WESTON (piano, voz)
LUC EX (guitarra baixo acústico)
INGRID LAUBROCK (saxofone tenor, voz)
HANNAH MARSHALL (violoncelo, voz)
MANDY DRUMMOND (viola, voz)
TONY BUCK (bateria)

O novo projecto de Luc Ex sintetiza uma vasta experiência de situações musicais da sua carreira, materializando-se num grupo de câmara híbrido onde coabitam diversos géneros: cabaret, punk, groove, jazz e improvisação. Com uma organização instrumental inusitada, o sexteto é singular no seu adstringente lirismo constantemente fracturado por incursões fora de normas.

Domingo, 15 Ago 2010, 17:00 - Auditório Três

Conferência por Francesco Martinelli
Tema: «Jazz Europeu e Jazz Americano: um diálogo não interrompido»

Entrada livre

Jornalista, historiador, produtor e promotor, Francesco Martinelli, natural de Pisa (n.1954) onde se licenciou em Química, detém largo espólio editado sobre modos de pensar o jazz contemporâneo em maior profundidade. Esta conferência, assente num permanente intercâmbio entre dois continentes, fundamenta a concepção da programação do Jazz em Agosto 2010.

Domingo, 15 Ago 2010, 18:30 - Auditório Dois

THOMAS + STRID + THOMAS

PAT THOMAS (piano, electrónica)
RAYMOND STRID (bateria)
CLAYTON THOMAS (contrabaixo)

Três consumados e reconhecidos improvisadores para os quais o jazz não está longínquo e que, pela via do trio clássico, em profunda interacção e contínuo estímulo criativo, assumem as suas marcadas individualidades num todo.

Domingo, 15 Ago 2010, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

CIRCULASIONE TOTALE ORCHESTRA

LOUIS MOHOLO-MOHOLO (bateria)
FRÖDE GJERSTAD (saxofone alto, clarinete)
MORTEN J. OLSEN (electrónica, percussão)
ANDERS HANA (guitarra eléctrica)
NICK STEPHENS (contrabaixo)
PAAL NILSSEN-LOVE (bateria)
INGEBRIGT HÅKER FLATEN (baixo eléctrico)
BØRRE MØLSTAD (tuba)
SABIR MATEEN (saxofone alto, clarinete)
BOBBY BRADFORD (trompete)
KEVIN NORTON (vibrafone)
LASSE MARHAUG (electrónica)
JOHN HEGRE (desenho som)

Formada em 1984 por Fröde Gjerstad a CTO é um colectivo multinacional e multidimensional reunindo gerações e adoptando o signo da evolução permanente em forma livre. A excelência dos seus músicos, onde avultam figuras históricas a par de uma nova geração já reconhecida, constrói um corpo cuidadosamente organizado mas passível de todas as transgressões, enquanto o seu carácter poderoso e expansivo constitui um adequado encerramento do Jazz em Agosto 2010.

Agenda Semanal, 2 a 8 de Agosto


Quarta, 4 de Agosto
22.00h – Domínio Público Bar (Lisboa) - Trioangular

Quinta, 5 de Agosto
21.30h – Museu do Oriente (Lisboa) – Carmen Souza
22.00h – Senhora da Rocha (Lagoa) – Tinariwen e Kimi Diabaté
22.00h – Cafetaria Quadrante CCB (Lisboa) – Michael Dessen Trio
23.00h – Casino Estoril – Jazzanova

Sexta, 6 de Agosto
21.30h – Anfiteatro ao Ar Livre Gulbenkian (Lisboa) – John Surman & Jack deJohnette
23.00h – Centro Cultural da Nazaré – Daniel Bernardes Trio

Sábado, 7 de Agosto
21.30h – Anfiteatro ao Ar Livre Gulbenkian (Lisboa) – Steamboat Switzerland
22.00h – CCC Caldas da Rainha – Carmen Souza
22.00h – Domínio Público Bar (Lisboa) – Paula Sousa dueto
22.00h – Praça do Município (Esposende) – Budda Power Blues
22.00h – Auditório Municipal de Vila Nova de Cerveira – Mário Laginha, Bernardo Sassetti e Pedro Burmester
22.30h – Teatro Vila Real – Ivan Lins, André Sarbib e Chris Wells
23.00h – Centro Cultural da Nazaré – Diabolus Jazz

Domingo, 8 de Agosto
15.30h – Auditório Dois Gulbenkian (Lisboa) – Open Speech Trio
17.00h – Jardim de Belém (Lisboa) – João Cabrita Quinteto
18.30h - Auditório Dois Gulbenkian (Lisboa) – Guus Janssen + Han Bennink
21.30h – Anfiteatro Gulbenkian (Lisboa) - Evan Parker Electro-Acoustic Ensemble
22.00h – Palácio de Cristal (Porto) – Esperanza Spalding