quinta-feira, 10 de abril de 2008
Desbundar no Hot
Desbundixie
12 de Janeiro de 2008 – 23.00h
Hot Club de Portugal - Lisboa
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Embora nem sempre tenhamos percepção disso, o país está a fervilhar com bandas de Dixieland, de norte a sul. Um dos projectos mais recentes (embora conte já com sete anos de existência) é este Desbundixie, grupo oriundo de Leiria e autor de um álbum, denominado Kick’n Blow, editado em 2007. A catedral do jazz nacional abriu as portas a este projecto dedicado à musica dos anos 20 e 30, que celebrizou instrumentistas como o mítico Louis Armstrong, e em boa hora o fez, não só porque o grupo mostrou inegáveis qualidades, já perceptíveis pela audição do disco, como, apesar dos inúmeros projectos em curso nesta área, não é tão frequente quanto isso ouvirmos este género musical no Hot.
Ainda que o Dixie não viva tanto das capacidades técnicas e criativas dos seus músicos, como sucede com o jazz moderno, mais frequente nesta histórica sala de Lisboa, requer aos mesmos uma notável capacidade de integração, garantindo aos ouvintes uma noite de grande diversão, tal é a boa disposição que consegue transmitir através das elaboradas polifonias que, sobretudo pelos metais (mas sem esquecer o clarinete), propala pelas salas de espectáculos para gáudio dos melómanos presentes.
Neste caso particular dos Desbundixie, a criatividade do grupo vive sobretudo da fantasia de Flávio Cardoso no clarinete, um músico de excelente qualidade, que rubricou solos que não deixaram ninguém indiferente, em face da inegável capacidade técnica e criativa demonstrada. Também Manuel Sousa no trompete se destacou pela técnica superior exibida, embora num registo mais contido e menos fantasista. Importante mostrou-se ainda o trabalho de Daniel Marques na tuba. Seguríssimo e com inegável swing, é um dos principais responsáveis pela coesão e rigor do som produzido pelo grupo, capaz igualmente, a espaços, de brindar o público com demonstrações de criatividade e capacidade técnica, num instrumento em que nem sempre é fácil obter protagonismo.
Em suma, foi uma noite muito bem passada no Hot, com um grupo de músicos jovens de grande qualidade e excelente disposição, que deram provas de aspirarem, justificadamente, a um lugar de destaque no jazz nacional.
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