Lena d'Água

Lena d’Água, Filipe Melo & João Moreira
30 de Novembro de 2007 – 23.30h
Maxime – Lisboa
***,5

Não foi um concerto fácil este de Lena d’Água no Maxime. Desde logo porque o reportório que a cantora está presentemente a apresentar, baseado no último disco gravado ao vivo no Hot Club, com arranjos de Bernardo Moreira, foi concebido para um quarteto de jazz, com guitarra e sem piano. Esta apresentação foi adaptada apenas para piano e trompete, o que obrigou a um esforço adicional dos músicos e cantora para tornarem os temas apelativos, apesar do carácter mais minimalista dos arranjos. Mas também o público não ajudou… Estes arranjos mais intimistas resultariam num clube mais pequeno e com um público sequioso de uma late night jazz …. como o Hot Club. Mas o público do Maxime, para além de se mostrar sempre perturbadoramente barulhento, pareceu mais vocacionado para a paródia revivalista de temas como Olha o Robô ou Dou-te um Doce (que apesar de muito pedidos não foram interpretados pela cantora…) ou ainda de clássicos lusos como De Quem Eu Gosto Nem Às Paredes Confesso ou Vocês Sabem Lá (estes sim cantados, às vezes com comprometedores esquecimentos de letra, num pára-arranca “interactivo” com o público), que os músicos, um pouco a contra gosto, se viram forçados a acompanhar… O resultado foi um concerto incaracterístico onde momentos de grande beleza alternaram com outros de pura tertúlia amadora, pouco consentâneos com o calibre dos profissionais envolvidos.
Filipe Melo esteve entregue à inglória missão de acompanhar os solistas, com muito poucas ocasiões para mostrar os seus inegáveis dotes de improvisação. Já João Moreira foi o principal toque de classe da noite. Entregue à mais protagonista missão de realizar solos ou duos com a voz da cantora, rubricou os melhores momentos musicais do espectáculo, afirmando a sua inegável classe, ainda crescente.
Enfim, uma noite bem disposta mas, sob o prisma musical, muito aquém das capacidades e creio mesmo, das intenções, dos músicos envolvidos.