quarta-feira, 9 de abril de 2008

Pasolini


Stefano Battaglia
Re: Pasolini
ECM
Maio 2007
12/20

Gravado em Abril e Julho de 2005, este segundo e duplo álbum do pianista italiano Stefano Battaglia para a ECM é uma homenagem ao criativo e polémico cineasta Pier Paolo Pasolini. Baseado na sua obra e vida tumultuosa, Battaglia compôs todos os temas deste duplo álbum à excepção de um: “Cosa sono le nuvole”, da autoria do próprio Pasolini e de Domenico Modugno.
A música faz referência às várias atmosferas vividas pelo autor e pelas suas personagens ao longo da sua vida e obra, derrubando assim a barreira entre a realidade e a ficção.
No primeiro disco assistimos à actuação de Battaglia acompanhado pelo trompete do suíço Michael Gassmann, pelo clarinete de Mirco Mariottini e pelo violoncelo do japonês Aya Shimura, para além do contrabaixo de Salvatore Maiore e da bateria de Roberto Dani. Este conjunto corresponde basicamente à formação que actua igualmente sob a designação Pietra Lata Sestetto.
Já no segundo disco o pianista aparece acompanhado pelos franceses Dominique Pifarély, no violino, Bruno Chevillon, no contrabaixo e Vincent Courtois, no violoncelo, músicos conhecidos dos trabalhos de Louis Sclavis, para além do percussionista Michele Rabbia.
Estas diferentes formações marcam profundamente a obra, a qual aparece totalmente diferente nos dois registos, como se de dois álbuns diversos se tratasse.
O primeiro disco é muito mais melódico, de fusão entre a música contemporânea e o jazz, belo e envolvente nos seus melhores temas, nostálgico até, mediterrânico na alma…
O segundo disco é frio e conceptual, fortemente dramático, onde ambientes fantásticos se conjugam com ritmos sérios e lentos, ora salmódicos ora evocando litanias quase sepulcrais (como em Ostia)…
O primeiro disco é muito conseguido, com momentos lindíssimos como os temas Canzone di Laura Betti, Totó e Ninetto, Canto Popolare ou Callas.
Já o segundo não me diz nada… Contemporâneo, complexo e ouso até dizer pretensioso, salvam-se os temas Meditazione Orale, Lyra VII e sobretudo Pasolini (este último parece ter sobrado do primeiro disco, de tão deslocado…).
Este álbum duplo vale sobretudo pelo primeiro disco… O segundo parece estar a mais!

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