quarta-feira, 9 de abril de 2008
Nightmoves
Kurt Elling
Nightmoves
Concord Records
Abril 2007
14/20
Kurt Elling é um dos mais proeminentes vocalistas de jazz masculinos da actualidade, um mundo ainda dominado pelas vozes femininas… Ao contrário de vários nomes que hoje vão fazendo sucesso com interpretações revivalistas de standards popularizados por Frank Sinatra ou Tony Bennett, Elling canta muitos originais e usa a sua voz como um verdadeiro instrumento, assinando interpretações perfeitamente integradas no espírito criativo e inovador do jazz actual, se bem que por vezes marcadas, ainda assim, por um algum revivalismo.
Ainda jovem nos seus 38 anos, Elling conseguiu já, em 12 anos de carreira discográfica, afirmar-se como um dos mais criativos e originais vocalistas masculinos de jazz da actualidade, ainda que sejam notórias algumas influências como de Mark Murphy ou de Joe Hendricks.
Este álbum marca a sua estreia com a Concord, depois de vários anos de colaboração com a Blue Note, mas não terá sido a estreia mais feliz na nova editora…
Na verdade é um trabalho sério, original e com arranjos elaborados, mas excessivamente marcado por um tom intimista e quase monocórdico da sua voz, em sucessivas baladas que oscilam entre um blues soft e pouco cativante, influências do smooth jazz da costa oeste e do soul jazz de artistas como Al Jarreau ou Luther Vandross.
Com raras excepções, como The Waiting, o tema mais interessante do álbum, acompanhado exclusivamente a contrabaixo e bateria, numa cadência que faz lembrar os melhores trabalhos de Cassandra Wilson, ou ainda os temas Change Partners-If You Never Come To Me, A New Body And Soul, ou Tight em que alguma energia consegue ser canalizada para a interpretação, resultando em belos momentos de jazz, o resto do álbum é um pouco sonolento, alternando entre temas com alguma beleza retro, como I Like Sunrise e outros em que melodias pouco sedutoras nunca conseguem verdadeiramente cativar a atenção do ouvinte, apesar de bem cantadas e interpretadas.
O ponto mais baixo é para mim a interpretação revivalista do clássico Luiza de Tom Jobim, num português de sotaque incompreensível…
Um trabalho menos conseguido de um vocalista de inegável qualidade e que já deu provas de poder fazer bastante mais e melhor do que o legado neste disco.
Ficamos à espera dos próximos…
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