quarta-feira, 9 de abril de 2008

O Samba Dela


Maria Rita
Samba Meu
Warner
Setembro 2007
17/20

Terceiro disco da nova musa da MPB, desta vez dedicado ao samba, com produção dela própria e de Leandro Sapucahy, conta com a participação da Velha Guarda da Mangueira.
Apesar de jovem, Maria Rita nasceu na música e conta com a colaboração incansável dos melhores compositores e intérpretes da riquíssima música brasileira. Assim não é de estranhar quer a qualidade consistente dos seus três trabalhos, quer mesmo o enorme sucesso que a cantora tem feito por todo o mundo, com os seus discos a venderem-se aos milhões.
Este “Samba Meu” não vai seguramente cortar com essa tradição. É um trabalho de grande consistência e homogeneidade, recheado de originais e contando com alguns dos melhores intérpretes e compositores do Brasil. Um luxo! Se a isso juntarmos a inegável qualidade vocal e interpretativa de Maria Rita, com a sua voz melosa e suave, carregada de swing e com aqueles jeitos que fazem lembrar a sua saudosa mãe, Elis Regina, temos uma receita de sucesso garantido.
Apesar do samba ser rei neste disco, tal não significa que seja um trabalho mais simples e popular. Muito pelo contrário. É um disco elaborado, na produção e arranjos, com influências diversas, desde a bossanova (Num corpo só, Tá perdoado ou Pra declarar minha saudade) ao choro (Novo Amor, Mente ao Meu Coração), passando pelo tropicalismo (de Caetano e Gil) em Casa da Noca e até um toque africano em Cria. Um projecto que, tendo o samba nas veias, percorre a música brasileira das últimas décadas de forma abrangente, nas diversas influências que expressa. Alguém lhe chamou samba cult…
Na lembrança ficam os temas Maltratar, Não é Direito, Cria e o meu preferido Novo Amor, um choro à moda antiga, com clarinete e tudo, e com uma melodia deliciosa com reminiscências barrocas.
O seu principal defeito é, no entanto, uma das suas principais virtudes também: é de tal modo coerente e homogéneo que os temas, apesar da sua inegável qualidade, acabam por morrer um pouco quando tocados sucessivamente, um após o outro. É por isso mesmo um álbum a descobrir aos poucos… Como o vinho do Porto, só vai melhorar com a idade!

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