quinta-feira, 10 de abril de 2008

EST


E.S.T. Esbjorn Svensson Trio
22 de Julho de 2007 – 21.00h
Grande Auditório CCB - Lisboa
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Mais um grande concerto de Jazz. Este trio sueco liderado pelo pianista Esbjorn Svensson e do qual fazem igualmente parte Dan Berglund, no contrabaixo e Magnus Ostrom, na bateria, sem esquecer Ake Linton no som e Eric Berglund nas luzes (membros de pleno direito do grupo, face ao papel importante que representam nas respectivas apresentações), presenteou-nos com um espectáculo deslumbrante de som e luz em que o seu universo musical, original mas extremamente cativante, intimista mas virtuoso e envolvente, conquistou facilmente a assistência, deixando-a rendida ao fim de poucos minutos. O público exigente do CCB não se mostrou rogado em aplausos a este trio de excelentes músicos, aplaudindo entusiasticamente cada tema e finalizando o concerto em apoteose, com dois encores emotivos e de total entrega pelos músicos e assistência.
Esta apresentação ao vivo permitiu descodificar os discos, já sobejamente conhecidos e admirados por mim, quanto ao modo elaborado e experimental como o grupo tira partido dos instrumentos, mas sempre com um conteúdo bem definido e musicalmente rico. Alguns chamam-lhes músicos pop, mas a cada solo, pela técnica que introduzem na sua interpretação e pelo virtuosismo e entrega que exibem, estes suecos desmentem frontalmente essa afirmação. Trata-se de jazz, sem dúvida original, ousado, integrando elementos oriundos de géneros tão dispares como a pop electrónica ou a música clássica, mas toda a criatividade, improvisação e fusão que caracterizam o jazz moderno estão lá bem presentes, num estilo muito característico da escola escandinava de que este grupo faz parte, não renegando em nada (antes pelo contrário) as suas raízes culturais e musicais. Impressiona a gestão judiciosa dos silêncios que o grupo protagoniza (até nos solos, nomeadamente de Magnus Ostrom na bateria), residindo aí uma das suas maiores virtudes e originalidade. Seja pela intensidade que essa característica introduz no som do grupo, seja pela manipulação que permite no desenvolvimento dos temas, reforçando a expressividade da música de cada vez que é interrompido pela introdução de um novo instrumento ou pelo aumento da sua intensidade interpretativa. Não admira que sejam presentemente um dos agrupamentos de maior sucesso do jazz europeu. Atrevo-me a dizer que tal é inteiramente merecido, fruto de um inquestionável trabalho de apuro técnico e de experiência musical, e que tais atributos foram inteiramente confirmados nesta noite no CCB, para deleite dos presentes onde, afortunado, me inclui.

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