quarta-feira, 9 de abril de 2008

Carlos do Carmo & Sinfonietta de Lisboa


Carlos do Carmo & Sinfonietta de Lisboa (dirigida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo)
Auditório dos Oceanos – Casino de Lisboa 04/11/2006
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Carlos do Carmo é, desde há muitos anos a esta parte, um dos mais respeitados e amados fadistas portugueses. E neste espectáculo mostrou-nos a todos os que tivemos o privilégio de assistir o porquê dessa condição. Teimando em cantar os bons (e também os jovens…) poetas portugueses, incentivando a colaboração dos melhores compositores do momento, independentemente do género musical que perfilham, e chamando a acompanhá-lo excelentes músicos, independentemente da idade e do género musical em que se destacaram, o fadista mostra-se jovem de espírito (apesar dos 67 anos idade) e um extraordinário embaixador do fado e da música portuguesa em geral. Isto sem enjeitar a oportunidade de cantar os seus temas mais amados pelo público nem de relembrar nomes grandes do passado (Armandinho, Alfredo Marceneiro, Lucília do Carmo, entre outros). Todas estas suas características estiveram bem presentes neste belíssimo espectáculo, onde tivemos ainda o prazer de o ver acompanhado pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo e pelo jovem pianista de jazz Filipe de Melo (que teve contudo presença algo discreta). Uma das expectativas da noite era precisamente a de saber como iria integrar-se no fado tradicional de Carlos do Carmo a orquestra Sinfonietta de Lisboa, a qual já teve no passado colaborações muito interessantes com o fadista lisboeta (lembro-me de um tema de Pedro Abrunhosa…), claramente experimentais no universo fadista. Quem esperava alguma ousadia nos arranjos e ouvir um fado diferente e original, desiludiu-se um pouco, porque apesar do fadista ter chamado à elaboração dos arranjos dois grandes músicos de jazz, Pedro Moreira e Bernando Sassetti, o resultado foi essencialmente tradicional, perfeitamente imbuído no espírito do fado-canção popularizado por Amália Rodrigues nos anos sessenta. Contudo para quem ama o fado no seu estilo popular e tradicional foi uma noite inexcedível, com Carlos do Carmo igual a si mesmo, na entrega e na paixão pelo fado, com direito a quatro encores e com momentos de brilhantismo a que se juntou a simpática Sinfonietta de Lisboa.

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