quinta-feira, 10 de abril de 2008

Arquitectura Líquida


Mário Laginha Trio
17 de Julho de 2007 – 23.30h
Cabaret Maxime - Lisboa
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Em boa hora aceitei o convite para assistir a este concerto que se revelou como um dos momentos musicais do ano. Esta formação composta por Mário Laginha no piano, Bernardo Moreira no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria revelou-se um trio verdadeiramente fantástico, do melhor que se vai fazendo no jazz nacional e de nível mesmo internacional. Os temas tocados incidiram sobretudo no último trabalho do pianista, onde a música e a arquitectura foram fundidas numa só arte (a música enquanto arquitectura líquida como alguém disse) gravado precisamente com estes dois músicos que o acompanharam e que mostraram qualidades que em tudo rivalizam com o reconhecido virtuosismo de Mário Laginha. Este esteve à altura dos seus pergaminhos, com momentos sublimes e de entrega total à sua arte. No que foi acompanhado com rigor e não menos virtuosismo por Bernardo Moreira no contrabaixo (o tema baixo contínuo foi um teste cerrado às suas inegáveis capacidades, passado com distinção) e por um sempre exuberante Alexandre Frazão, que maravilhou na bateria, até pela ousadia da busca de novas sonoridades no instrumento (que passou pelo uso de um tubo pelo qual insuflava ar no tambor, alterando assim, de forma original, a sonoridade do mesmo ao sabor da sua inspiração nos solos). Três grandes músicos num extraordinário concerto no Maxime (que se mostrou uma sala agradável e adequada ao momento), até pelo facto de ter sido presenciado quase “em cima” do palco, o que melhor permitiu a percepção das suas qualidades e entrega.

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