segunda-feira, 1 de junho de 2009

Jazz ao Centro 2009



Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, 2009

Numa linha de continuidade com o modelo iniciado na passada edição, os Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra 2009 concentrarão a sua programação em dois fins-de-semana, o último de Maio e o primeiro de Junho.
Desta forma, de 25 de Maio a 6 de Junho, vários espaços da cidade de Coimbra acolherão concertos, espectáculos educativos, um pequeno ciclo de cinema, exposições de fotografia e design gráfico e uma masterclass de design gráfico.
São múltiplas as razões para visitar Coimbra, ao longo destas duas semanas em que a cidade se move ao ritmo imprevisível da música jazz.

4 JUN | JOE McPHEE



Data e hora
Quinta, 4 de Junho de 2009, 22:00

Local
Museu Nacional Machado de Castro

Bilhetes
€5 (preço único)

Sinopse
Ouvir Joe McPhee a solo, e ao vivo, é um prazer raro neste lado do Atlântico. Destacada figura da explosão do free jazz nas décadas de 1960 e 70, continua, aos 70 anos de idade, na linha da frente da música criativa. Não só mantendo presença nas práticas mais inovadoras da esfera de influência da “new thing”, como procurando outras vias de expressão em inesperados encontros como aqueles em que o encontrámos com a electroacústica da compositora Pauline Oliveros, o noise sustentado nos blues da Nihilist Spasm Band e o projecto de free rock Two Bands and a Legend, com o qual esteve já envolvido em estranhas interpretações da música dos Led Zeppelin.

Um longo caminho percorreu McPhee desde “Nation Time”, disco comprometido com o Black Power que tinha o funk, o rhythm ‘n’ blues e a soul como fermento. A leitura do psicólogo Edward de Bono, autor do conceito de Pensamento Lateral, influenciou a elaboração da fórmula a que chamou de Po Music, ou “música do possível”. Consiste esta na noção de que, para chegar a um determinado destino, a decisão de fazer desvios, em vez de nos afastar dos objectivos firmados permite-nos, isso sim, acrescentar novas possibilidades à viagem, tornando esta mais interessante. Aplicada à improvisação musical, a perspectiva permitiu ao multi-instrumentista americano o desenvolvimento de curiosas estratégias.

A solo, essas estratégias tomadas por Joe McPhee estão bem evidenciadas. Fica tudo concentrado no trabalho que faz ora no saxofone soprano, ora no tenor, ora no trompete, convidando a uma ligação intimista do ouvinte com a música. A experiência resulta particularmente gratificante.

5 JUN | PETER BRÖTZMANN QUARTET



Peter Brötzmann - palhetas
Joe McPhee - saxofone tenor, trompete
Kent Kessler - contrabaixo
Michael Zerang - bateria e percussão

Data e hora
Sexta, 5 de Junho, 21:30

Local
Teatro Académico de Gil Vicente

Bilhetes
€7 / €5 (estudante)

Ver Nota Jazz nos Capuchos

6 JUN | DAG



Sophia Domancich - piano
Jean Jacques Avenel - contrabaixo
Simon Goubert - bateria

Apoio
Instituto Franco-Português

Data e hora
Sábado, 6 de Junho de 2009, 21:30

Local
Teatro Academico de Gil Vicente

Bilhetes
€7 / €5 (estudante)

Ver Nota Jazz nos Capuchos

6 JUN | DANIEL LEVIN QUARTET



Nate Wooley - trompete
Daniel Levin – violoncelo
Mat Moran – vibrafone
Peter Bitenc – contrabaixo

Data e hora
Sábado, 6 de Junho de 2009, 23:45

Local
Salão Brazil

Bilhetes
€7 (preço único; bilhete válido para os dois after-hours desta noite)

Ver Nota Jazz nos Capuchos

28, 29 e 30 MAI | ANGLES



Martin Küchen - saxofone alto
Magnus Broo - trompete
Johan Berthling - contrabaixo
Mats Äleklint - trombone
Mattias Ståhl - vibrafone
Kjell Nordeson - bateria

Apoio
Embaixada da Suécia

Nota
Concerto gravado para posterior edição discográfica na JACC Series.

Data e hora
Quinta, Sexta e Sábado, 28, 29 e 30 de Maio pelas 23h00

Local
Salão Brazil

Bilhetes
Pontual: €5 (preço único)
Fim-de-semana: €10 (preço único; bilhete válido para os três after-hours do primeiro fim-de-semana)

Sinopse
Um dos mais interessantes cultores do saxofone alto na Europa, o sueco Martin Kuchen nunca se preocupou com as divisões artificiais que alguns definiram para separar a “nova” e a “velha” escolas da improvisação. Por isso mesmo, se lhe conhecemos o desenvolvimento de técnicas surpreendentes e invulgares que lhe permitem um trabalho baseado na articulação abstracta de texturas, assim alinhando com a tendência a que se convencionou designar por “reducionismo”, o certo é que, acima de tudo, é um músico de free jazz. E, note-se que de free jazz com uma abordagem referenciada no hard bop, tal como ouvimos no recente álbum destes Angles, “Every Woman is a Tree”, editado pela portuguesa Clean Feed.

Com Kuchen estão alguns dos mais entusiasmantes instrumentistas da frente escandinava, cada um deles líder dos seus próprios projectos e envolvido numa grande variedade de formações cuja projecção internacional é bem um indicativo da importância conquistada pela cena nórdica do jazz: o trompetista de expressão bop Magnus Broo com os Atomic ou os 4 Corners, grupo com quem já esteve em Coimbra, o trombonista Mats Aleklint ao lado de Alberto Pinton, Torbjorn Zetterberg ou Fredrik Nordstrom, Mattias Stahl tornado numa das referências obrigatórias do vibrafone a nível mundial, o contrabaixista Johan Berthling com um trajecto que vai do avant-pop dos Tape a parcerias com Sten Sandell e Fredrik Ljungqvist, e Kjell Nordeson impondo-se como um baterista incontornável tanto na Suécia como em San Francisco, cidade americana onde tem a sua segunda casa.

A música dos Angles é orgânica e por vezes até visceral, se bem que mais estruturada (com base em temas formais de jazz) do que qualquer coisa que Martin Kuchen e os seus companheiros façam nos domínios da improvisação livre. E tem mensagem: Kuchen é um dos músicos mais “políticos” da actualidade, com fortes convicções sobre a invasão do Iraque, Israel, o racismo, a emigração e outros temas quentes, e esse é um factor que reforça ainda mais a urgência e o carácter afirmativo das propostas deste quinteto.

4, 5 e 6 JUN | CHRISTIAN LILINGER/MATTHIAS SCHRIEFL QUARTET



Matthias Schriefl – trompete
Gerhard Gschößl - trombone
Robert Landfermann - contrabaixo
Chrstian Lillinger - bateria

Nota
Este concerto será gravado para posterior edição discográfica JACC Series.

Data e hora
Quinta, sexta e sábado, 4, 5 e 6 de Junho de 2009, 23:45

Local
Salão Brazil

Bilhetes
Pontual (4 e 5 de Junho): €5 (preço único)
Pontual (6 de Junho): €7 (preço único; bilhete válido para os dois after-hours desta noite)
Fim-de-semana: €25 / €20 (estudante) (bilhete válido para os três concertos e três after-hours do segundo fim-de-semana)

Sinopse
Se Matthias Schriefl ganhou fama como um jovem prodígio do trompete, Christian Lilinger tem-se destacado por “pensar” a bateria e as suas funções de modo composicional. Nesta colaboração entre ambos como co-líderes, representam da melhor maneira o vigor e a frescura de ideias do novo jazz praticado na Alemanha. Novo, de facto, pela atitude e pela abordagem, mas nunca fazendo tábua-rasa da tradição desta música. É, de resto, muito evidente em Schriefl o quanto preza as raízes em New Orleans das suas concepções trompetísticas, sendo Louis Armstrong uma das suas referências. Outra é Chet Baker, e no que respeita à escrita ouvimos nos seus temas um Stravinsky jazzificado. No caso de Lilinger, evidentes se tornam os estudos deste com Gunter “Baby” Sommer, o baterista que melhor terá definido o papel das baquetas no free europeu.

Uma característica deste quarteto e das personalidades musicais dos seus dois protagonistas é o choque de estilos e vocabulários convocados, não só retirados à história do jazz como a outras músicas. Quando menos esperamos, uma construção bop pode dar lugar a uma súbita explosão punk ou metal, como nos Shreefpunk de Schriefl, ou a agitações rítmicas conotáveis com o hip-hop ou o drum ‘n’ bass, a exemplo dos Hyperactive Kid de Lilinger. Mas não se ficam por aí as surpresas: com um domínio instrumental assombroso, só igualável pelo virtuosismo da música erudita, podem associar na mesma peça, e com o maior à-vontade, métricas totalmente distintas e elementos contrastantes e fraccionais.

Nesse particular, também o trombonista Gerhard Gschossl e o barbudo Robert Landfermann no contrabaixo constituem motivo de surpresa, conseguindo ser tão assertivos nas contribuições como ágeis nas mudanças de rumo. Só músicos como estes encaixariam com as inquietudes pulsativas de Lilinger e as excentricidades improvisacionais de Schriefl, cujo modo de utilizar a voz em simultâneo com a articulação das notas no trompete chega a ser desconcertante, senão mesmo espectacular.

Mais informações em http://www.jazzaocentro.pt/2009/?language=pt

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