sábado, 6 de junho de 2009

Kind Steps, em antevisão



Abe Rábade Trio
4 de Junho de 2009, 21.45h
Convento dos Capuchos (Almada)
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Abe Rábade nasceu em Santiago de Compostela, no ano de 1977. Após uma formação inicial na sua terra natal, ruma aos Estados Unidos, onde obtém a licenciatura em composição e piano pelo Berklee College of Music de Boston. De regresso à Galiza desenvolve extensa actividade como músico e docente, fundando o seu trio de jazz (com Paco Charlín no contrabaixo e Ramón Ángel na bateria) logo em 1996. O primeiro disco surge contudo apenas em 2001, Babel de Sons, gravado ao vivo no Concurso Internacional de Grupos de Jazz de Getxo, no País Basco. Apresentação que lhe valeu o segundo lugar no concurso. No ano seguinte grava um novo disco em trio, Simetrías, e vence o Premio Tete Montoliú destinado ao melhor pianista Revelação de Espanha. Este álbum foi estreado ao vivo no Festival de Jazz Plaza de La Habana, em Cuba.
Em 2005 funda o grupo Nordestin@s, com Guadi Galego e Uxía Pedreira, dedicado à música tradicional galega, outra das suas grandes paixões, bem patente aliás no jazz que tem produzido.
Em 2008 integra o projecto, dirigido pelo poeta Anxo Angueira de homenagem à poetisa galega Rosalía de Castro, produzindo o álbum Rosalía 21 (Falcatruada).
Nesse mesmo ano sai ainda Open Doors, um álbum editado pela Karonte em que Rábade lidera, pela segunda vez, uma formação em septeto (o primeiro volume do GHU! Project, assim se chama o septeto, foi editado em 2004), com Chris Kase (trompete e fliscórnio), Perico Sambeat (sax alto), Jesús Santandreu (sax tenor), Alan Ferber (trombone), Abe Rábade (piano), Nelson Cascais (contrabaixo) e Bruno Pedroso (batería). Já este ano foi editado o seu primeiro DVD, com a apresentação ao vivo deste trabalho no Teatro Principal de Compostela.
Editou já em 2009 o seu primeiro disco a solo a que se seguirá , depois do Verão, um trabalho em trio com os portugueses Carlos Barretto e Mário Barreiros, denominado Kind Steps, com gravação marcada para o mês que vem, nos estúdios Boom, em Vila Nova de Gaia.
Paralelamente produziu e arranjou discos para outros músicos (Jesús Santandreu, René González, Ten Jazz Men), concebeu espectáculos de magia (com Kiko Pastur no espectáculo Jazzia) e colaborou com inúmeros músicos de que se destacam os nomes de Miguel Zenón, Claudia Acuña, Perico Sambeat, Jorge Pardo, Antonio Serrano, Raynald Colom, Marc Miralta ou os portugueses Nuno Ferreira, Nelson Cascais e Bruno Pedroso, que integraram o seu segundo trio e mais recentemente os já citados Carlos Barretto e Mário Barreiros.
Abe Rábade é um pianista de amplos recursos, apesar da juventude, e um exímio compositor, capaz de fundir, com enorme a propósito, o jazz e o blues com a música céltica da sua Galiza natal e, ocasionalmente, com o flamenco jazz.
Nesta apresentação esteve acompanhado pelo baterista português Bruno Pedroso, com ampla rodagem no trio do pianista, e ainda pelo contrabaixista basco Pablo Martín Caminero, que surpreendeu com o seu fraseado rendilhado, claramente devedor da tradição mudéjar, bem presente no flamenco.
Abe Rábade teve oportunidade de rodar o seu novo repertório (a incluir no disco em trio a gravar no próximo mês de Julho), no qual repete as suas referências musicais preferidas: o hard bop, o folclore nordestino e a música clássica espanhola (ficou na memória uma belíssima adaptação livre de um tema do compositor impressionista catalão Frederic Mompou).
O público primou pela ausência, mas ainda assim foi suficiente para exigir do galego um encore, que premiou uma apresentação plenamente conseguida, de um dos mais promissores pianistas do jazz ibérico.

Abe Rábade a solo no Orejazz Club de Carcaixent (14/09/2008)

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