domingo, 14 de junho de 2009

Maria Anadom no Braço de Prata



Maria Anadom
Sábado, 13 de Junho, 22.30h
Fábrica Braço de Prata, Sala Nietzsche (Lisboa)
****

Maria Anadom é um caso raro de coerência, de persistência e de amor ao jazz.
Começou quando o jazz ainda era, entre nós, quase uma excentricidade. Maior ainda quando exclusivamente tocado no feminino, como sucedeu já por duas ocasiões com Maria Anadom, primeiro em 1994, quando gravou o seu primeiro CD “Why Jazz“ com o quarteto Unpredictable Nature, na sequência do projecto “A Mulher no Jazz” nascido no Guimarães Jazz daquele ano. Depois em 2006 quando reuniu uma all stars band no feminino para gravar “A Jazzy Way”, com Sherrie Maricle, a fenomenal Anat Cohen e as japonesas Tomoko Ohno e Noriko Ueda.
Pelo meio gravou "Cem Anos", um trabalho Lusitano que recolhe influências várias: o Fado de Lisboa, o cheiro a Café de África, os sons da América Latina e o ambiente dos clubes de jazz de New Orleans. Grava ainda “Terra de Zeca”, numa homenagem ao cancioneiro popular de José Afonso e Viagem de um Som com o grupo Terra d’Água, com músicas inéditas e textos da sua autoria.
Mas a sua paixão óbvia é o Jazz tradicional, os standards são uma constante na sua vida musical. Tentando sempre inovar o que todos conhecem, seja com um novo arranjo musical ou com a introdução de instrumentos novos, seja ainda com o scat singing, exercício que Anadom pratica com enorme competência e sensibilidade.
Nesta apresentação na Fábrica Braço de Prata, Maria Anadom surgiu acompanhada só por homens: Júlio Resende no piano, Carlos Barretto no contrabaixo e Jorge Moniz na bateria. Num único tema, “A Morte Saiu à Rua” de Zeca Afonso, foi ainda acompanhada pelo marido Davide Zaccaria, no violoncelo.
Além de uma série de releituras de clássicos do Great American Songbook, Maria Anadon interpretou temas do seu novo álbum, “Smile” e surpreendeu com adaptações jazz de temas de Sting ou de Gilberto Gil.
Com uma voz expressiva e seguríssima, Anadom é hoje uma das mais reputadas vozes do jazz nacional, personalizada, experiente e com uma invejável capacidade de improvisação.
Foi por tudo isto, um espectáculo memorável este que tivemos o privilégio de assistir na Fábrica Braço de Prata em dia de Santo António, com aroma de sardinha assada e pimentos de fundo, como não podia deixar de ser…



Sem comentários: