segunda-feira, 29 de junho de 2009

Chapeau!



Orquestra Jazz de Matosinhos
28 de Junho de 2009, 19.00h
Teatro São Luiz (Lisboa)
VII Festa do Jazz no São Luiz
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Confesso desde já que não sou um fan incondicional das big bands.
Isso não significa que não lhes reconheça a importância central que ocupam na história do jazz nem tão pouco o trabalho extraordinário realizado no seu seio, e que muito contribuiu para o desenvolvimento e aprofundamento do género, legado por verdadeiras instituições como as Orquestras de Duke Ellington, de Count Basie ou mais recentemente de Maria Schneider, só para citar alguns dos nomes mais sonantes.
Há contudo algo na minha forma pessoal de viver o jazz que remete invariavelmente para ensembles mais pequenos, de trio ou mesmo de duo, e que vibra menos com a complexidade e acerto de uma big band. Prefiro claramente o caos individualista à excessiva organização do colectivo (isto nem parece de um jurista…).
Mas esclarecido este ponto, não posso ficar indiferente ao extraordinário trabalho desenvolvido por Pedro Guedes e Carlos Azevedo à frente desta instituição do jazz nacional que é já a OJM.
Em poucos anos conseguiram pegar num conjunto de talentosos músicos e transformá-lo numa verdadeira orquestra de jazz que se afirma não só como a mais importante formação do género no nosso país, mas também como uma orquestra de prestígio internacional com quem alguns dos melhores solistas de todo o mundo se disponibilizam a tocar.
É obra que merece destaque e uma inequívoca chapelada!
Além do mais estas formações sempre serviram, ao longo do tempo, como viveiro de grandes solistas, que aqui ganham o necessário “calo” antes de encontrarem o seu próprio caminho, liderando as suas formações.
Isto é também uma realidade com a OJM, em que vários dos seus músicos já assumiram funções de destaque como líderes ou sideman de relevantes projectos do jazz nacional. Pelo que a instituição só merece elogios.
Desta feita a apresentação da OJM procurou homenagear compositores portugueses, de Bernardo Sassetti ao director Carlos Azevedo, passando por Zé Eduardo, Telmo Marques, Paulo Perfeito, Pedro Guedes e vários outros.
Coube a André Fernandes e à sua guitarra o papel de solista principal, excepto em dois temas em que o protagonismo foi para Telmo Marques no piano e para Chris Cheek no saxofone.
À primeira vista parecia um desafio associar a distorção característica da guitarra de Fernandes com os elaborados arranjos acústicos da orquestra, mas o talento de Carlos Azevedo nos arranjos e direcção de orquestra e bem assim a experiência da banda, que ainda recentemente se apresentou por diversas ocasiões com Kurt Rosenwinkel como solista, tudo resolveram a contento, resultando um projecto plenamente conseguido e amplamente agraciado pelo público.
Um caso sério, esta OJM…

OJM & Chris Cheek - Does It Matter

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