sexta-feira, 23 de maio de 2008
O Eclipse de Cascais
Nelson Cascais Quinteto
22 de Maio de 2008, 23.00h
Hot Club de Portugal
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Nelson Cascais tem um novo projecto denominado Eclipse. A anteceder a gravação do disco, que deverá ocorrer este sábado, 24 de Maio, tem apresentado os novos temas numa série de concertos por Lisboa, dias 21 e 22 de Maio no Hot Club, dia 23 no Ondajazz e dia 24 na Fábrica Braço de Prata, sempre acompanhado por Pedro Moreira no sax tenor e flautas, João Paulo Esteves da Silva no piano e rhodes, André Fernandes na guitarra e o jovem baterista espanhol Iago Fernández.
Este trabalho é antes de mais revelador de uma enorme coerência na obra musical de Nelson Cascais. É um esforço de continuidade face ao disco anterior, Nines Stories, lançado em 2005 pela TOAP e as duas alterações efectuadas na equipa (João Paulo rendeu Jesse Chandler e Iago Fernandes, Bruno Pedroso) não são de molde a alterar a estética do som produzido pelo grupo.
Cascais mostra-se seguro e competente nos arranjos e direcção musical, sem enveredar por grandes individualismos (apesar do belíssimo solo no tema Iulia, apresentado em trio de piano), bem acompanhado por Pedro Moreira no sax tenor e André Fernandes na guitarra, a quem acaba por pertencer o maior protagonismo dos temas em sucessivos solos e duos que ambos desenvolvem com o rigor e competência que se lhes reconhece.
As maiores novidades deste trabalho acabam por ser a inclusão do reputado pianista português João Paulo que, sobretudo no rhodes, consegue igualmente cativar pela invulgar capacidade de improvisação e superior técnica demonstradas. A maior surpresa contudo consistiu na inclusão do jovem baterista espanhol Iago Fernández. E posso dizer que foi uma aquisição de vulto para este quinteto! Senhor de uma potente e variada batida, este baterista deu nova alma ao som do grupo exibindo uma inesgotável energia que distribuiu parcimoniosamente ao longo da apresentação, imprimindo uma indelével marca pessoal na mesma, fruto do seu enorme talento e capacidade para colorir ritmicamente a música do quinteto. Iago Fernandez pertence àquela classe de bateristas que não consegue passar despercebido, de tal forma é incapaz de produzir o trivial no seu instrumento. Cada compasso é preenchido de forma diferente e sempre com uma invejável capacidade para inovar e “complicar” o que parecia óbvio. Um nome a reter…
Ficamos à espera do disco que, a avaliar pela apresentação desta noite, será seguramente um dos trabalhos jazzisticos do ano em Portugal.
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