sexta-feira, 30 de maio de 2008

Maratona Electrofunkyfriky


Carlos López Quarteto
Hot Club de Portugal
30 de Maio de 2008, 23.00h
***,5

O baterista galego Carlos López nasceu na Coruña em 1979, frequentou a escola de músicos da Coruña, o Taller de Músics da Universitat Politècnica de Catalunya, em Barcelona, e o Real Conservatorio del Liceo de Barcelona, foi bolseiro do Drummers Collective em Nova Iorque, e durante dois anos, do Berklee College of Music em Bóston, frequentou workshops com Horacio “El Negro”, David Xirgú, Peter Erskine, Alex Acuña, Billy Martin, Shawn Pelton, Bob Tamaggi, Stanton Moore, Salvador Niebla, Don Famularo e Akira Jimbo, Marc Miralta e Aldo Cabiglia, Juan Flores (cajón flamenco), Tapán Bhattacharya (tablas indianas), Frank Padilla e Álvaro Garcia. Pelo que, apesar dos seus jovens 29 anos de idade, não admira o enorme virtuosismo que exibiu nesta actuação no HCP.
Ele foi aliás, e sem menosprezar os excelentes músicos que o acompanharam, a estrela da noite, liderando com mestria a formação, mostrando um invejável vigor na abordagem do seu instrumento o qual, sem surpreender, comandou a apresentação através de um conjunto de temas manifestamente compostos (o reportório consistiu exclusivamente em originais do grupo ao qual juntaram um tema dos Radiohead) a partir da bateria e com esta no evidente comando das operações.
Vigoroso, entusiástico mesmo, criativo e contagiante é assim o comportamento de López na bateria. Perante estes predicados resta aos outros membros da banda segui-lo, dificilmente conseguindo rivalizar na entrega e superior capacidade técnica…
Voro Garcia no trompete esteve, no entanto, bem. Embora excessivamente entregue aos efeitos especiais (tentação a que poucos trompetistas, sobretudo os mais jovens, vão escapando) mostrou talento e expressividade, embora num contexto algo “eléctrico” e moderadamente funky que não privilegiaram, nitidamente, a sua actuação. Deixou excelentes referências mas também claras indicações que tem capacidades para mais.
O português Óscar da Graça ocupou-se dos teclados. Com formação pelo Conservatório de Aveiro à qual juntou uma passagem pela escola do Hot e uma bolsa para o Berklee (onde conheceu López) é, indiscutivelmente, um músico de amplos recursos. No entanto revelou uma predilecção pela síntese que, na minha opinião, não abonam a música que produz. Síntese instrumental pois a maioria dos seus contributos foram construídos a partir do sintetizador e do laptop. Mas também síntese frásica evidenciada nos poucos solos acústicos que produziu: Óscar da Graça foi um pianista conciso. Talvez fruto do ambiente groove que povoa este trabalho do quarteto, no entanto, essa concisão não lhe permitiu brilhar como pianista, senão, eventualmente, como produtor… Outro músico que deixou a convicção de que poderia ter rendido mais.
Carlos Sánchez (que substituiu o anteriormente programado Kin Garcia, em contrabaixo) veio tornar o som do quarteto mais funky pela adição do baixo eléctrico em substituição do contrabaixo. Teve presença mais discreta, se bem que competente. Entendeu-se bem com Carlos Lopéz numa secção rítmica que foi claramente comandada pela bateria, ainda por cima com ajudas frequentes do sampler de Óscar da Graça, pelo que não teve uma noite muito complicada. Ainda assim nota positiva para a sua participação.
Numa noite com pouco público, o Hot teve uma apresentação a puxar para o pézinho de dança, com este quarteto galaico-luso-espanhol. Este novo trabalho vai ser objecto de gravação do segundo disco de originais do quarteto já no dia 3 de Junho, em Barcelona.

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