quinta-feira, 16 de julho de 2009
Subsequências
Afonso Pais Trio
9 de Julho de 2009, 23.00h
Hot Club de Portugal (Lisboa)
***,5
Afonso Pais é já, apesar da juventude, um dos mais reputados guitarristas nacionais. Aluno da Escola de Jazz do Hot Club de Portugal e, mais tarde, bolsista no Berklee College of Music de Boston, acabou por se licenciar no Mannes College de Nova Iorque, onde foi aluno de Peter Bernstein, Kurt Rosenwinkel e Vic Juris.
Regressado a Portugal iniciou os projectos Experimentália, com Joana Machado, e Terranova, no qual colaborou com Peter Bernstein, Peter Zak, Perico Sambeat, Marc Miralta, Chris Higgins, Albert Sanz, Alexis Cuadrado, Carlos Barretto e Alexandre Frazão.
Foi com o projecto Terranova, em trio com Carlos Barretto e Alexandre Frazão, que gravou o seu primeiro disco, em 2004 pela editora Clean Feed. Foi igualmente o responsável pela direcção musical dos dois álbuns já editados pela cantora madeirense Joana Machado, Crude e Na Casa do Óscar.
Exerce funções docentes na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto, no Conservatório do Funchal e ainda na Escola de Jazz Luís Villas-Boas do Hot Club de Portugal.
Subsequências é o seu segundo disco como líder, repetindo a secção rítmica de luxo, Carlos Barretto no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria (que partilha com o trio de Bernardo Sassetti), mas mudando a editora, que passou a ser a alemã Enja, que lhe permitirá seguramente uma maior visibilidade internacional.
A complementar a maior ambição do projecto surge o nome do brasileiro Edu Lobo, que empresta a voz a dois temas originais do guitarrista: Considerando e Roda Dentada, este último já gravado pela cantora Joana Machado.
Desde logo é de realçar a opção do guitarrista pela formação em trio, reveladora de uma confiança pouco usual em primeiros trabalhos. A mesma obriga à assumpção exclusiva (ou quase, já que em qualquer dos discos há músicos convidados para alguns temas) das tarefas melódicas, que Afonso Pais assegura de forma personalizada. Mas também é digna de destaque a aposta quase exclusiva em originais para ambas as gravações, reveladora de uma faceta plenamente conseguida de compositor, por parte do guitarrista.
Gravado em 2006, no Estúdio de Mário Barreiros em Vila Nova de Gaia, Subsequências teve de esperar dois anos para chegar aos escaparates das discotecas, mas fê-lo através de uma prestigiada editora internacional. Nele Afonso Pais revela ainda inesperados dotes como pianista, porquanto um dos temas, precisamente o que dá nome ao álbum, é um blues interpretado por si ao piano e no qual pretende homenagear três pianistas que se revelaram importantes influências na sua formação musical: Hank Jones, Thelonious Monk e António Carlos Jobim.
Destacam-se também o arranjo para jazz do tema Inside, da autoria dos britânicos Nooday Underground e bem assim Considerando, uma balada sofisticada da autoria do guitarrista e arranjada em parceria com Edu Lobo, que lhe dá voz.
Um disco que confirma o talento de Afonso Pais, já conhecido de trabalhos anteriores, mas que lhes acrescenta uma maior maturidade, na composição, nos arranjos e no alargamento da sua paleta musical e instrumental.
Afonso Pais Trio
Subsequências
Enja, 2008
Na sua apresentação ao vivo no Hot, Carlos Barretto foi substituído por Nelson Cascais, sem que o som do trio sofresse significativamente com a troca. Faltaram os arrojos de virtuosismo de Barretto, mas a solidez do contrabaixo de Cascais permitiu ao guitarrista assumir, como se esperava, a liderança clara do projecto, temperada pela exuberância criativa de Alexandre Frazão na bateria.
A ilustrar este trabalho, fiquem com o tema Inside acompanhado da irreverência do olhar do alemão Guenter Eh, expresso nas suas fotos de Paris.
Afonso Pais Trio - Inside
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