quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ondajazz está encerrado...



"Carta Aberta

Devemos uma explicação a todos os que nos apoiaram até hoje, a todos os que acreditam em nós e queremos denunciar a injustiça de que estamos a ser vítimas...

Os estabelecimentos de Restauração e Bebidas em Lisboa só podem funcionar, segundo a lei, com uma Licença de Utilização emitida pela Câmara Municipal de Lisboa.
Todos os estabelecimentos fazem esse pedido. E todos ficam a espera “ad eternae”...
A Câmara Municipal de Lisboa sabe.
Por isso, também fecha os olhos quando os estabelecimentos estão em funcionamento apenas com o pedido de licenciamento...

Ondajazz fez o seu em Agosto de 2004. Hoje, continua a espera...
Há UMA ÚNICA pessoa que, vivendo na proximidade do Ondajazz e por razões que desconhecemos, resolveu fazer guerra contra tudo e todos que estão a sua volta.
Passámos a ser alvo do seu ódio sem nunca percebermos a razão. Resolveu multiplicar as queixas contra nós até chegar à Provedoria da Justiça que fez toda a pressão junto dos organismos competentes para fechar o nosso estabelecimento. Por causa das queixas... De UMA pessoa. Mas o que nos obriga a fechar, é a falta de Licença de Utilização!

De salientar que, pelo facto de não termos Licença, também não temos o direito de provar que as queixas não têm fundamento.
Consideramos o sistema responsável de um crime contra um espaço que vive no centro de Lisboa e que deu, até hoje, mais de 750 concertos.
Contamos com a extrema simpatia de todos os que vivem e trabalham junto do Ondajazz e que já testemunharam que o nosso espaço não incomoda ninguém. Contamos também com os esforços da Câmara Municipal de Lisboa para acelerar o mais possível o processo para remediar uma situação causada por ela.
Tentaremos provar junto da Provedoria da Justiça que a queixa não tem fundamento.
O Ondajazz abriu, acreditando na partilha das emoções, das diferenças e da criatividade.
A administração fechou o Ondajazz com indiferença e inactividade.

O Ondajazz tem sido um espaço com uma programação musical de qualidade, tendo-se tornado uma referência incontornável do Jazz e da Música do Mundo da nossa cidade, sempre com um excelente ambiente criado pelas pessoas que aqui vêm, pela música, pela onda que passa...

Pedimos a todos os que apoiam o nosso projecto, a todos os que acreditam em nós e que entendem que um espaço como o Ondajazz faz falta à Cidade de Lisboa, que nos enviem um email onde, à sua maneira, dêem o seu testemunho, de forma a juntar a um manifesto que queremos entregar a todos os organismos susceptíveis de intervir por nós.

Agradecemos a todos o apoio que nos têm dado nestes dias difíceis."



Quero aqui deixar o meu apoio ao Ondajazz, neste momento dificil da sua existência (que estou em crer se prolongará ainda por muitos anos).
Na verdade, não estivesse eu habituado a viver com as incoerências da nossa administração pública, e não hesitaria em classificar de surrealista a situação que, aparentemente, este clube referencial lisboeta está presentemente a viver.
Num bairro como Alfama, destinado por definição ao Turismo e a funcionar como mostruário da noite e cultura lisboetas, esperar quatro anos por uma licença de utilização é manifestamente inadmissível (já o seria em qualquer outro espaço, mas em Alfama a demora torna-se por demais gritante).
Durante estes anos de funcionamento do Ondajazz visitei-o apenas uma mão cheia de ocasiões, ainda assim as suficientes para me aperceber da seriedade e mais-valia do projecto. Um espaço exemplar, onde com simpatia e profissionalismo se serve a música, aqueles que dela vivem ou gostam e os muitos visitantes que, atraídos pela magia do mais típico bairro lisboeta, se surpreendem pelo bom gosto desse espaço, que une o tradicional ao vanguardista, o típico ao experimental.
Sempre constatei o civismo e a urbanidade dos que nele trabalham e o frequentam, pautando-se como um espaço exemplar de convívio para os muitos para quem a música é um modo de vida.
Sentir-se incomodado pela presença do Ondajazz em Alfama, convivendo paredes meias com casas de fado (muitas delas com espectáculos quase diários nas esplanadas, sem qualquer controle acústico), bares e tabernas, santos populares e despedidas de solteiro, só pode constituir uma manifestação inequívoca de má fé. Ou então da defesa de inconfessáveis interesses.
Da parte que me toca, deixo aqui o meu apoio inequívoco para os efeitos que julgarem pertinentes, apelando aos muitos outros como eu, que o exprimam de igual forma.

Deixo o contacto para o efeito:


corinne@ondajazz.com

Um Abraço solidário

Ricardo Ramalho

1 comentário:

Ricardo Ramalho disse...

Felizmente parece que o problema está ultrapassado e que o Ondajazz já reabriu as suas portas, retomando a programação de qualidade a que nos vinha habituando.
Fica aqui o abraço solidário e os votos de que a situação não se repita.

Ricardo Ramalho