terça-feira, 16 de setembro de 2008
Di Meola Plays Piazzolla
Al di Meola
Di Meola Plays Piazzolla
Atlantic 1990
Ainda no rescaldo do magnífico concerto de Al di Meola na Aula Magna, o qual versou sobretudo sobre a obra do compositor argentino Astor Piazzolla, não resisti a uma audição renovada da primeira abordagem discográfica da obra de Piazzolla pelo guitarrista norte-americano, a qual sucedeu em 1990 no disco Di Meola Plays Piazzolla, editado pela Atlantic.
Nesta obra notável, di Meola propõe uma abordagem diferente do "tango nuevo" de Piazzolla. Não circunscrito a um ambiente totalmente acústico, as duas guitarras (a segunda entregue a Chris Carrington) aparecem acompanhadas pelo bandaneon de Dino Saluzzi, pela percussão de Gumbi Ortiz e do arménio Arto Tuncboyaciyan, mas também pelos teclados de Hernan Romero e por um ensemble de cordas, com arranjos de Vince Mendoza.
O ambiente é menos intimista do que o obtido no projecto New World Sinfonia, convidando igualmente menos aos virtuosos arranques de Meola na guitarra. Não obstante é uma abordagem plenamente conseguida, carregada de nostalgia e onde a transposição das complexas partituras de Piazzolla para a guitarra surge impecável, sobrando mesmo espaço para a improvisação dos solistas, sobretudo obviamente para a guitarra de Meola.
A presença sintetizada das teclas pode hoje soar um pouco datada, afinal de contas já passaram 18 anos desde esta gravação, não obstante contribui para a consolidação do ambiente característico de Piazzolla, com um notável trabalho de Hernan Romero que inclui igualmente a presença do piano e do charango, pequeno instrumento de cordas sul-americano, da família do alaúde, e construído tradicionalmente a partir da carapaça de um tatu.
Esta obra serve igualmente para constatar a antiga paixão de Meola por Piazzolla (afinal parece que o guitarrista norte-americano começou por tocar acordeão… E qual é o acordeonista que não ama a obra de Piazzolla?) que tem alimentado diversos projectos da sua carreira, ao mais recente dos quais me rendi ontem na Aula Magna, em Lisboa. Mas também serve de consagração para o seu incontornável talento como arranjador e compositor, usando em sucessivas ocasiões e de modo perfeitamente pertinente, a obra do genial compositor argentino como mote para as suas notáveis composições, designadamente para os trabalhos que desenvolveu para ensembles de maior envergadura e para orquestra de câmara.
Aliás é a partir deste trabalho que surge, um ano depois, o projecto World Sinfonia (na sua primeira versão de 1991), protagonizado exactamente pelos mesmos músicos atrás referidos, subtraída a presença das teclas de Romero e do ensemble de cordas. O repertório incide uma vez mais em Piazzolla, mas desta feita complementado por obras originais de Meola e bem assim de outros compositores como Steve Swallow, Chick Corea, Dino Saluzzi e Augustin Barrios.
Um disco importante, por isso, na carreira de Meola e que se ouve, 18 anos volvidos, com o mesmo prazer de sempre.
A ilustrá-lo deixo o tema “Oblivion”, um dos mais famosos do mestre bandaneonista argentino, hoje convertido num verdadeiro hino à sua genialidade, acompanhado de fotos da autoria de Lorin Niculae, extraídas do seu trabalho “Italy – emotions” e que, a meu ver, se integram muito bem no espírito nostálgico do tema.
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