terça-feira, 12 de agosto de 2008

O Misticismo Sufi de Dhafer Youssef



Dhafer Youssef
Malak
Enja, 1999

Dhafer Youssef é um cantor, compositor e tocador de oud, nascido em 1967 em Teboulb, uma cidade portuária da Tunísia. Desde 1990 que está radicado na Europa (primeiro em Viena e mais recentemente em Paris) onde tem desenvolvido colaborações memoráveis com grandes músicos, das mais variadas proveniências, como o guitarrista vietnamita Nguyên Lê, o trompetista alemão Markus Stockhausen, o contrabaixista francês Rénaud Garcia-Fons ou ainda o saxofonista israelita Gilad Atzmon, o trompetista sardo Paolo Fresu, o pianista norueguês Bugge Wasseltoft, o guitarrista austríaco Wolfgang Muthspiel ou o baterista francês Patrice Héral, entre muitos outros.
Começou a cantar, na tradição islâmica, aos 5 anos de idade, mas a maturidade levou-o à tradição mística Sufi. Com uma rara abordagem poética ao Oud, demonstrou ainda uma notável capacidade de fusão, aproximando-se quer dos universos musicais de outras paragens (designadamente da Índia), ao sabor das inúmeras colaborações desenvolvidas, quer ainda ao jazz. É possuidor de uma das mais notáveis vozes surgidas nos últimos anos.


Malak foi o seu primeiro disco como líder, gravado em 1999 pela editora Enja e é uma notável afirmação de lirismo árabe, ritmo, misticismo, influências multiculturais e improvisação jazzística. Uma verdadeira ponte entre os universos musicais ocidental e oriental.
Conta com um elenco de luxo: ele próprio na voz, oud e composição, Markus Stockhausen no trompete e fliscórnio, Nguyên Lê na guitarra, Renaud Garcia-Fons no contrabaixo, Deepak Ram no bansuri, Zoltan Lantos no violino, Achim Tang no baixo, Jatinder Thakur na tabla e dolak, Patrice Héral na bateria e Carlo Rizzo no tamborim.
Nos últimos anos, mercê da sua ligação privilegiada ao ocidente e às inúmeras colaborações desenvolvidas, nomeadamente com artistas israelitas e palestinianos, Dhafer Youssef converteu-se num símbolo da tolerância cultural e de uma visão alternativa da cultura árabe e islâmica.
Deixo-vos com o maravilhoso tema L’Ange Aveugle (O Anjo Cego) inserido no seu trabalho Malak. As referências indianas do tema (decorrentes do uso da tabla por Jatinder Thakur, o fantástico instrumento de percussão indiano com uma rara capacidade melódica, e do misticismo que brota dos sopros, designadamente do bansuri, a flauta indiana entregue a Deepak Ram) levaram-me a escolher, para complemento, as espectaculares fotos indianas de Claude Renault. Espero que gostem.

Sem comentários: