sexta-feira, 10 de abril de 2009

Dose Dupla de Vibrafones



Dose Dupla - Jeffery Davis & Pascal Schumacher
9 de Abril de 2009, 22.00h
Átrio do Módulo 1 do Centro Cultural de Belém (Lisboa)
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Se as ocasiões para assistir a um concerto de vibrafone não abundam, o que dizer das oportunidades para ouvir um dueto de vibrafones? Acontece uma vez na vida?
Nem que fosse por isso teria valido a pena deslocar-se ao átrio do módulo 1 do Centro Cultural de Belém para assistir à Dose Dupla desta semana, em que João Moreira dos Santos teve a feliz ideia de juntar dois jovens, mas muito talentosos, vibrafonistas para uma apresentação em duo e em estreia absoluta: o luso-canadiano Jeffery Davis e o luxemburguês Pascal Schumacher.
Ambos têm coleccionado prémios internacionais no seu peculiar instrumento, mas nunca tinham tocado juntos. Até hoje, e julgo que, face ao sucesso do evento, a ocasião não tardará a repetir-se.
Jeffery Davis nasceu no Canadá em 1981, mas vive em Portugal desde 1985. Estudou no Conservatório Calouste Gulbenkian, em Aveiro, depois passou pela Escola Profissional de Música de Espinho e trabalhou em 1998 com Gary Burton, Ed Saindon, Dave Samuels e Vitor Mendoza num curso de Verão do Berklee College of Music de Boston. Frequentou depois a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), no Porto, que concluiu em 2002 com 20 valores. Nesse mesmo ano obtém o primeiro prémio no Concours International de Jazz, em Paris, e conquista uma bolsa de estudo para frequentar o curso no Berklee College of Music, onde regressa em 2003, desta feita para ficar até 2006, concluindo o curso com o estatuto de Summa Cum Laude. Ganha inúmeros prémios atribuídos pela Berklee, nomeadamente, o prémio de Most Active Mallet Player, o Gary Burton Scholarship e o prémio por excelência académica Dean of Curriculum. Recebe também do IAJE (International Association for Jazz Education) o prémio de Outstanding Musicianship.
Pascal Schumacher nasceu em 1979 no Luxemburgo. Começa os seus estudos no Conservatório local e, em 1996, ingressa no Conservatoire National de Région de Strasbourg, em França. Prossegue os seus estudos com Guy Cabay, primeiro no Conservatório do Luxemburgo e depois no Conservatoire Royal de Bruxelles, na Bélgica, terminando o bacharelato em 2003. Em 2005 muda-se para a Holanda e licencia-se no Koninklijk Conservatorium de Haia. Antes disso, em 2002, tinha já obtido a licenciatura em Musicologia pela Université Marc Bloch de Strasbourg. Frequentou ainda masterclasses com mestres como Gary Burton, Mike Manieri, David Friedman, Stefon Harris, Franck Tortiller, Wolfgang Lackerschmid, Jean Geoffroy, Charles Loos e Scott Prebys.
Com estes currículos não admira pois que estes dois músicos brilhantes, com apenas dois dias de ensaios, tenham presenteado os espectadores desta noite no CCB com uma admirável apresentação. Baseada apenas em originais dos dois percussionistas, foi notável o grau de entendimento atingido e o brilhantismo individual dos músicos. Para tal ajudou também a acústica do recinto o qual, não tendo sido concebido de raiz para o efeito, não deixou de proporcionar uma sonoridade quase “clerical”, que serviu às mil maravilhas a apresentação. Dir-se-ia que estávamos a presenciar uma abordagem criativa e alternativa da música de Bach, numa antecipação dos Dias da Música programados para breve, por todo aquele recinto!
Por todos os motivos apresentados foi um concerto memorável. À enorme criatividade e exuberância interpretativa de Davis respondeu Schumacher com um rigor invejável e uma notável capacidade melódica e de composição. Os dois músicos complementaram-se exemplarmente e quem ficou a ganhar foi indiscutivelmente o público, brindado com um momento musical tão alto quanto inusitado.
Como já referi, esta dose dupla foi tão bem servida que não faltarão “clientes” para a sua repetição.
Fiquem atentos!

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