sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Simetrias Luso-Galaicas



Abe Rábade Trio
Simetrias
Xingra, 2002

Abe Rábade é um pianista e compositor galego, nascido em 1977 em Santiago de Compostela.
Iniciado na música aos 4 anos idade, mudou-se aos 17 para os Estados Unidos e para o Berklee College of Music, onde completou a sua formação “cum laude” em composição jazz e piano.
Lidera o seu próprio trio de jazz desde 1996, com Paco Charlín no contrabaixo e Ramón Ángel na bateria e mais recentemente, com os portugueses Nelson Cascais no contrabaixo e Bruno Pedroso na bateria.
Os seus dois primeiros discos foram editados em 2001 e 2002 pela editora galega Xingra. Foram Babel de Sons gravado ao vivo e que lhe valeu o International Contest of Jazz Groups of Getxo (Euskadi) e mais tarde o Prize Tete Montoliú, prémio destinado ao melhor pianista revelação de Espanha; e este Simetrias, editado em 2002 e apresentado no festival de jazz Plaza de la Habana em Cuba.
Depois de 2004 passou a gravar para a editora Karonte. O seu mais recente trabalho foi gravado em septeto e editado este ano também em Cuba. Chama-se Open Doors.
Abe Rábade é desde 2000 o director artístico do Seminário Permanente de Jazz de Pontevedra, juntamente com o contrabaixista Paco Charlín e co-director do Canjazz, o Festival Internacional de Jazz de Cangas, juntamente com Luís Carballo.
Dedica-se igualmente à música popular, fazendo parte do grupo Nordestin@s e dos projectos Rosália 21, dedicado à poesia de Rosalia de Castro, e Aloumiños de Seda comissionado pela Dirección Xeral de Política Linguística da Galiza.
Faz parte de alguns dos mais prestigiados conjuntos de jazz espanhóis como o Jesús Santandreu Quartet, o Raynald Colom Quartet, o Quinteto Jazz Experience e da formação Ten Jazz Men. Teve também colaborações relevantes com importantes músicos de jazz como Miguel Zénon, Claudia Acuña, Perico Sambeat, Jorge Pardo, Antonio Serrano e bem assim com os portugueses Carlos Barretto, Mário Barreiros e Nuno Ferreira além dos já citados Nelson Cascais e Bruno Pedroso.
Este disco Simetrias é uma excelente amostra do jazz poderoso e virtuoso de Abe Rábade, onde as influências norte-americanas oriundas do Berklee College se cruzam magistralmente com referências espanholas e latino americanas. Em Simetria há ecos do flamenco jazz de Chano Dominguez mas brilhantemente decompostos numa estética mais abstracta e fortemente influenciada pelo blues. Em Hotel Minerva homenageia-se Scott Joplin e os pioneiros do jazz, num tema tecnicamente soberbo, iniciado em Ragtime e concluído em Blues. Já em Bágoas de Prata é o lirismo galaico-português que vem ao de cima, num tema melancólico, belo e profundo, brilhantemente interpretado pelo pianista. Mas há igualmente referências à música latino americana, como em Matria de Sombra onde surgem leves influências da bossa jazz e claro está em Tres Palabras, uma homenagem a fechar o disco à música cubana e ao compositor Oswaldo Farrés. Pelo meio fica um belo solo de Paco Charlín em Outono e incursões pertinentes e poderosas do trio no universo do blues.
Um disco que confirmou Rábade como um dos mais importantes pianistas de jazz espanhóis da sua geração e que urge descobrir em Portugal.
Deixo-vos com o tema Hotel Minerva, um ragtime/blues da autoria de Rábade que surge acompanhado de belas fotos de arte urbana da autoria do fotógrafo alemão Guenter Eh. Podem ver o seu trabalho em http://www.pbase.com/guenter123/urban_murals.

Abe Rábade Trio – Hotel Minerva

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