quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Explorações
Carlos “Zíngaro”, Miguel Leiria Pereira e Rodrigo Pinheiro
30 Outubro - 22h30
LX Factory, Lisboa
Carlos “Zíngaro”, Violino
Miguel Leiria Pereira, Contrabaixo
Rodrigo Pinheiro, Piano
Em estreia absoluta, um trio que desafia não só catalogações como a tradicional divisão entre a música dita “erudita”, de herança clássica, e a chamada música “popular”, designadamente aquela de alguma maneira conotada com o jazz. Em formato assumidamente acústico, sem qualquer tipo de amplificação, as coordenadas seguidas por Carlos “Zíngaro”, Rodrigo Pinheiro e Miguel Leiria Pereira são as da livre- improvisação. Nenhumas estruturas estão pré-definidas, não há cifras, âncoras melódicas, motivos rítmicos de base ou texturas previamente combinadas. Tudo o que acontecer nascerá no momento, fruto da interacção dos três músicos, todos eles destacando-se na cena nacional pela sua vocação exploratória e de pesquisa de possibilidades.
E pelo seu virtuosismo instrumental, gerido sem exibicionismos ou histrionismos.
Novembro e Dezembro no Hot
Novembro no Hot Club de Portugal iniciar-se-á com um novo Quinteto "Abarat" do guitarrista André Fernandes, grupo que integra, para além dos habituais Demian Cabaud e Marcos Cavaleiro, o pianista Bernardo Sassetti e o saxofonista e clarinetista norte-americano Matt Renzi (5,6 e 7).
O Art Jazz Trio é uma formação criada há já vários anos que renasce agora por iniciativa dos seus dois mentores, Sérgio Pelágio e Mário Franco (12,13 e 14). O guitarrista Nuno Costa com um excelente CD lançado há poucos meses, apresenta o seu Quinteto no Hot Clube (19,20 e 21). O flautista Carlos Bechegas e o Open SPEECH trio darão um concerto de música improvisada contemporânea (25). Novembro terminará com 3 concertos do trio Lokomotiv do contrabaixista Carlos Barretto (26,27 e 28).
Em Dezembro teremos logo no inicio o Quarteto do baterista belga Teun Verbruggen, com excelentes músicos representantes da nova geração jazz deste país, a estreia em Trio no Hot Clube do trompetista Gonçalo Marques... e em concerto único, o Duo Sofia Ribeiro / Florian Weber, pianista companheiro de alguns dos projectos, do saxofonista Lee Konitz.
Mais um período preenchido com boa musica, estilisticamente tão variada quanto o jazz o permite.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
As Variações Mandé
Toumani Diabaté
30 de Outubro, 21.30h
Cinema São Jorge (Lisboa)
Toumani Diabaté é um dos músicos africanos mais importantes da actualidade. Toca kora, uma espécie de harpa com 21 cordas exclusiva da África Ocidental, levando-a a públicos de todo o mundo. Com o seu virtuosismo e creatividade excepcionais, mostra que a kora pode rivalizar com qualquer dos instrumentos mais importantes do mundo.
Toumani Diabaté nasceu em Bamako, a capital do Mali, em 1965 numa família de Griots (casta de músicos / historiadores), que conta com 71 gerações de executantes de kora. O mais notável foi o seu pai, Sidiki Diabaté (c.1922-96), eleito Rei da Kora no prestigiado Black Arts Festival Festac em 1977 e ainda hoje uma inspiração para todos os tocadores de kora. Toumani Diabaté cresceu num ambiente preenchido por música, mas foi na verdade um autodidacta na aprendizagem da kora, sem receber ensinamentos directos do seu pai que não fossem ouvir a sua música. Nas décadas de 1960 e 1970, o meio musical de Bamako era influenciado pelos sons de fora, especialmente pela música negra americana: a música soul era particularmente popular, tal como Jimi Hendrix, Jimmy Smith e grupos de rock britânico como Led Zeppelin. Tanto a exposição a estas sonoridades como os grupos modernos de Bamako seriam importantes para o desenvolvimento musical de Toumani.
No Reino Unido trabalhou formalmente com músicos de várias tendências e contactou com diferentes tradições, como a música clássica indiana, de onde proveio a ideia jugalbandi (diálogo musical entre dois instrumentos) que se tornou uma característica marcante da sua música.
Em 2004 Toumani Diabaté começou a trabalhar com o World Circuit para uma trilogia de álbuns gravados no Hotel Mandé em Bamako, participando em dois títulos: In the Heart of the Moon em dueto com Ali Farka Touré, álbum vencedor de um Grammy, e Boulevard de l'Indépendance pela Symmetric Orchestra.
Em 2008 foi editado The Mandé Variations, o primeiro álbum de kora solo desde Kaira, há cerca de 20 anos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Toumani_Diabate
Toumani Diabaté - The Mandé Variations
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Brad Mehldau Trio
Brad Mehldau Trio
29 de Outubro, 21.00h – CCB (Lisboa)
30 de Outubro, 21.30h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada)
31 de Outubro, 22.00h – Cine Teatro de Estarreja
1 de Novembro, 21.30h – Cine Teatro de Alcobaça
Brad Mehldau regressa a Portugal com o trio habitual para promover o seu último trabalho Brad Mehldau Trio Live, que lhe valeu a nomeação para o Grammy de “Best Jazz Instrumental Album, Individual or Group”.
Músico aclamado mundialmente, Brad Mehldau é considerado unanimemente pela crítica um dos mais importantes pianistas do panorama musical actual, gozando de um enorme estatuto e reconhecimento também no nosso país, onde esgota habitualmente as salas por onde passa. Brad Mehldau traz consigo a Lisboa dois velhos companheiros de estrada com quem partilha gostos, sonoridades e performances há vários anos. São eles o contrabaixista Larry Grenadier e o baterista/percussionista Jeff Ballard. É em formato trio que Mehldau explora mais profundamente a sua paixão pelo jazz, trabalhando a sua vertente mais pura, de que são prova os vários volumes da série de álbuns Art of the Trio.
BRAD MEHLDAU piano
JEFF BALLARD percussão/bateria
LARRY GRENADIER contrabaixo
Brad Mehldau Trio – Exit Music (for a Film)
Jon Hassell
Jon Hassell & Maarifa Street
28 de Outubro, 22.00h
Teatro Maria Matos (Lisboa)
O trompetista Jon Hassell nasceu no Tennessee, na cidade de Memphis, mas foi em Nova Iorque, mais precisamente na Eastman School of Music em Rochester e mais tarde em Buffalo, que efectuou a sua formação musical. Nos anos 60 viveu e estudou na Alemanha com Karlheinz Stockhausen. Nos anos 70 viveu na Índia e estudou a música indiana com Pandit Pran Nath, desenvolvendo uma paixão pela world music que ainda hoje é uma marca fundamental dos seus trabalhos. Nos anos 80 colaborou com Brian Eno e Peter Gabriel, designadamente na banda sonora de A Última Tentação de Cristo, um filme de Martin Scorsese.
Hassel descreve a sua música como o Quarto Mundo, reunindo as filosofias e técnicas do minimalismo com a música tradicional africana e asiática, num conjunto fortemente marcado pelo uso da electrónica.
Jon Hassel & Maarifa Street no Festival de Amiens
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Mike Stern
Mike Stern Band + Randy Brecker
27 de Outubro, 21.30h
Cinema São Jorge (Lisboa)
Nascido em 1953, em Boston, o guitarrista Mike Stern ficou famoso ao integrar a banda de Miles Davis no início dos anos 80. Trabalhou ainda ao lado de grandes nomes do jazz como George Coleman, Joe Henderson, Jaco Pastorius, Jim Hall, Arturo Sandoval ou Michael Brecker, entre muitos outros.
Com cinco nomeações para Grammys e 14 álbuns gravados como líder ao longo da sua carreira, Stern é reconhecidamente um dos principais nomes do jazz de fusão da sua geração.
Começou pelo rock integrando a banda Blood, Sweat and Tears em 1976, mas passou pelo Berklee College, na sua cidade natal, e mudou para o jazz e o blues. Integrou ainda a banda de fusão Powerhouse, de Billy Cobham, antes de se juntar à equipa de Miles Davis em 1981. Dois anos depois integrou também a banda Word of Mouth, de Jaco Pastorius. A sua estreia como líder dá-se em 1986 com o álbum Upside Downside (Atlantic), ao lado de Pastorius, David Sanborn, e Bob Berg. Integrou ainda entre 1986 e 1988 o quinteto de Michael Brecker, com quem voltaria a trabalhar entre 1992 e 1996.
O seu mais recente trabalho discográfico chama-se Big Neighborhood e foi editado já este ano pela Telarc e conta com uma parada de estrelas: Richard Bona, Esperanza Spalding, Eric Johnson, Steve Vai, Bob Franceschini, Bob Malach, Randy Brecker, Jim Beard, John Medeski, Chris Wood, Chris Minh Doky, Lincoln Goines, Cindy Blackman, Dave Weckl, Terri Lyne Carrington, Billy Martin e Lionel Cordew.
Mike Stern Group – Vitoria 2005
Com Bill Evans, Mike Mainieri, Richard Bona e Steve Smith
domingo, 25 de outubro de 2009
Drexler
Jorge Drexler
28 de Outubro, 21.30h
Cinema S. Jorge (Lisboa)
O cantor uruguaio Jorge Drexler tornou-se famoso ao ver a sua canção “Al otro lado del río”, incluída na banda sonora do filme Diários de Che Guevara, alcançar o Óscar para a melhor canção original em 2005.
O álbum "Sea" foi ainda nomeado para os Latin Grammy Awards e os MTV Latin Awards no ano de 2001 e votado entre os 10 melhores álbuns daquele ano pela revista Rolling Stone Argentina. Tanto "Sea" como "Frontera" foram nomeados para os Prémios Gardel de la Música Argentina em 2001 e 2000, respectivamente, e receberam disco de ouro por suas vendas no Uruguai.
Um cantautor latino-americano a descobrir em Portugal.
Jorge Drexler & Jarabe de Palo – Qué Bueno, Qué Bueno
Bebel
Bebel Gilberto
Aula Magna da Universidade de Lisboa, 22.00h
A cantora Bebel Gilberto, filha de João Gilberto e Miúcha, vai estar uma vez mais entre nós para a apresentação do seu mais recente trabalho discográfico, All in One, lançado este mês em Portugal.
Começou a cantar cedo, participando em coros infantis, discos e musicais como "Os Saltimbancos" e "Pirlimpimpim".
Estreou ao lado do pai, cantando Chega de Saudade, no especial João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira, em 1980. Trabalhou no filme "A cor do seu destino", de Jorge Durán. Era grande amiga de Cazuza e fez um dueto com o cantor na música "Preciso Dizer Que Te Amo" da qual era co-autora. Participou do projecto "Peeping Tom" de Mike Patton (ex-vocalista dos Faith No More), cantando "Caipirinha".
Bebel Gilberto – So Nice
Agenda Semanal, 26 de Outubro a 1 de Novembro
2ª feira, 26 de Outubro
21.30h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada) – Cube Bars
22.00h – Aula Magna (Lisboa) – Bebel Gilberto
23.30h – Catacumbas (Lisboa) – Quarteto de Pedro Teixeira
3ª feira, 27 de Outubro
16.00h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada) - Big Group In Ponta Delgada
21.30h – Cinema S. Jorge (Lisboa) – Mike Stern Band + Randy Brecker
21.30h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada) - Mostly Other People Do the Killing
21.30h – Fundação Cupertino Miranda (Famalicão) - Óscar Graça + Nuno Costa
23.00h – Hot Club (Lisboa) – Luis Lopes Humanization Quartet
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Messias & Hot Tone Blues
4ª feira, 28 de Outubro
21.30h – Cinema S. Jorge (Lisboa) – Jorge Drexler
21.30h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada) - Milford Graves e William Parker
22.00h – Teatro Maria Matos (Lisboa) – Jon Hassel & Maarifa Street
23.00h – Hot Club (Lisboa) – Luis Lopes Humanization Quartet
5ª feira, 29 de Outubro
21.00h – CCB (Lisboa) – Brad Mehldau Trio
21.30h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada) - The James Spaulding Swing Expressions
22.00h – Auditório da ES Santo André - UncleKing
23.00h – Ondajazz (Lisboa) – Júlio Resende & Sofia Vitória
23.00h – Mundet (Seixal) – Paula Sousa Quarteto
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Sexteto de Laurent Filipe “ Mingus e Mais”
23.30h – Catacumbas (Lisboa) – Green Tea
00.00h – Centro Cultural de Chaves – Mu
6ª feira, 30 de Outubro
21.30h – Cinema S. Jorge (Lisboa) – Toumani Diabaté
21.30h – Coliseu (Lisboa) – Rodrigo Leão & Cinema Ensemble
21.30h – Teatro Micaelense (Ponta Delgada) – Brad Mehldau Trio
21.30h – Teatro Municipal (Guarda) – (Des)concertante Trio
21.30h – CCC Caldas da Rainha – Madredeus e a Banda Cósmica
21.30h – Cine Teatro de Torres Vedras - La Camorra Tango Quintet
22.00h – Chapitô (Lisboa) – João Lencastre New Trio
22.00h – LX Factory (Lisboa) - Miguel Leiria & Rodrigo Pinheiro & Carlos Zingaro
22.00h – Auditório Ruy de Carvalho (Carnaxide) – Rosario Giuliani Quartet
22.00h - Auditório da ES Santo André - Luis Lopes Humanization Quartet
23.00h – Mundet (Seixal) – Motif
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Sexteto de Laurent Filipe “ Mingus e Mais”
23.15h - Auditório da ES Santo André – Adriana Miki
23.30h – Ondajazz (Lisboa) – Ficções
23.30h – Bar do Fim (Lagoa Santo André) – Quarteto de Rui Caetano
Sábado, 31 de Outubro
18.00h – Sala de Exposições Augusto Cabrita (Seixal) - Carlos Barretto & António Eustáquio
21.00h – Teatro Aveirense (Aveiro) – Sax Ensemble - Quarteto de Saxofones de Coimbra
21.30h – Culturgest (Lisboa) – António Pinho Vargas
21.30h – Coliseu (Porto) - José Mário Branco & Sérgio Godinho & Fausto
21.30h – Teatro de Vila do Conde – Maria João & Mário Laginha
21.30h – Teatro Bernardim Ribeiro (Estremoz) – Cristina Branco
21.30h – Casa das Artes (Famalicão) – Sara Tavares
21.30h – Centro Cultural do Cartaxo – Joana Machado
22.00h – Cine Teatro de Estarreja – Brad Mehldau Trio
22.00h – Auditório Ruy de Carvalho (Carnaxide) – Enrico Rava Quintet
22.00h – Auditório António Chainho (Santiago do Cacém) - Michael Kotzian Quarteto
22.00h – Casa das Mudas (Madeira) – João Paulo White Works / Happening
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Sexteto de Laurent Filipe “ Mingus e Mais”
23.00h – Mundet (Seixal) - Motif
23.15h – Auditório António Chainho (Santiago do Cacém) – Marta Hugon
23.30h – Ondajazz (Lisboa) – Múcio Sá Trio
23.30h – Bar a Fragateira (Lagoa Santo André) – Quarteto de Rui Caetano
Domingo, 1 de Novembro
21.30h – Coliseu (Porto) - José Mário Branco & Sérgio Godinho & Fausto
21.30h – Cine Teatro de Alcobaça – Brad Mehldau Trio
Revelador
George Colligan Trio
23 de Outubro de 2009, 23.30h
Auditório Municipal do Seixal
Confesso que sou um apaixonado pelo trio de piano. Desde que Bill Evans revolucionou o modelo, já lá vai meio século, que o trio de piano se impôs como um dos mais criativos e elegantes modos de tocar jazz.
Desde o trio clássico norte-americano, onde o swing impera, até aos experimentalismos de câmara norte-europeus, há sempre algo que me atrai especialmente nesta combinação totalmente acústica, em que não só os dotes técnicos e artísticos do pianista vêm com maior evidência à tona, como a elegância do piano abre oportunidades únicas de protagonismo à secção rítmica, numa rara simbiose de puro deleite para o ouvinte atento.
George Colling é um ilustre desconhecido entre nós. Não obstante já gravou nada menos do que 19 discos com o seu nome e mais de 70 como sideman!
Temos andado muito distraídos…
A sua técnica é notável. Revelou-se um exímio conhecedor do piano e um compositor inspirado, intercalando vários temas da sua autoria por entre standards mais ou menos conhecidos do american jazz songbook.
Com uma sensibilidade apurada, soube reinterpretar, com uma fortíssima nota pessoal, a noção do trio de piano, abrindo frequentes pontes para o protagonismo dos seus acompanhantes, no caso o alemão Johannes Weidenmuller no contrabaixo e o norte-americano Rudy Royston na bateria.
Se Weidenmuller se mostrou um pouco menos integrado no repertório, produzindo um quanto baste de protagonismo, sobretudo se atendermos ao seu invejável currículo, já Royston esteve totalmente à altura do chamamento com solos de grande qualidade e demonstrando uma técnica soberba.
Se George Colligan era um dos segredos mais bem guardados do jazz norte-americano, deixou de o ser entre nós, após esta notável exibição de talento e criatividade.
Nascido em 1969, em Maryland, mudou-se nos anos 90 para a cidade de Nova Iorque, onde as suas qualidades como pianista não passaram despercebidas a músicos de relevo como Gary Bartz, Benny Golson, Steve Coleman, Ravi Coltrane, Michael Brecker, Nicholas Payton, Christian McBride, Mark Turner, Lee Konitz, Don Byron ou Stefon Harris, que com ele colaboraram. Acompanhou ainda cantoras como Sheila Jordan, Cassandra Wilson, Vanessa Rubin ou Jane Monheit.
Foi só nos últimos anos que Colligan desenvolveu uma profunda experiência como solista e compositor trabalhando os temas de forma quase exaustiva, num fraseado intenso e completo, imaginativo e revelador de técnica soberba.
A sua estreia aconteceu em 1996, com o disco “Activism”, editado pela Steeplechase Records, e o mais recente trabalho discográfico, “Come Together”, foi editado pela Sunnyside já este ano. Gravado em trio, ao lado de Boris Kozlov no contrabaixo e de Donald Edwards, na bateria, toma o velho tema de Lennon & McCartney como mote para revelar oito temas originais de Colligan e um cover do clássico “The Shadow of Your Smile” de Johnny Mandel. Foi este precisamente o repertório que esteve na base desta apresentação no Seixal Jazz.
Um grande pianista a descobrir com urgência.
George Colligan Trio – Seixal Jazz 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Ciclo Internacional de Jazz 2009
30 e 31 de Outubro, 22.00h
5 e 6 de Novembro, 22.00h
Auditório Municipal Ruy de Carvalho, Carnaxide (Oeiras)
A 6ª edição do Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras vai apresentar neste Outono algum do melhor e mais criativo jazz contemporâneo.
Serão dois fins-de-semana de música em contraste, mas que se complementam através do jazz italiano de Rosario Giuliani e Enrico Rava, do jazz latino-americano do porto-riquenho Miguel Zenon e também dos portugueses Mário Laginha e Bernardo Sassetti.
Rosario Giuliani Quartet
30 de Outubro, 22.00h
Rosario Giuliani, saxofone alto
Pietro Lussu, piano
Darryl Hall, contrabaixo
Benjamin Henocq, bateria
Natural de Roma, onde nasceu em 1970, é hoje em dia um dos mais considerados saxofonistas de jazz de Itália, com uma linguagem contemporânea acessível, no respeito pela tradição bopista de Charlie Parker. A sua extensa discografia tem recebido as mais elogiosas críticas quer na Europa, quer nos EUA.
Joe Locke Sticks & Strings with Rosario Giuliani - Saturn's Child (2008)
Enrico Rava New Quintet
31 de Outubro, 22.00h
Enrico Rava, trompete
Gianluca Petrella, trombone
Giovanni Guidi, piano
Pietro Leveratto, contrabaixo
Fabrizio Sferra, bateria
Enrico Rava é o mais importante trompetista do jazz italiano e um dos mais cotados da Europa, sendo igualmente um excelente compositor. Nasceu em Trieste, em 1939. Nos anos 60 e 70 viveu na Argentina, onde colaborou com o saxofonista Garo Barbieri, e nos EUA, onde se tornou particularmente conhecido pelo seu estilo e improvisação. A sua sonoridade e domínio técnico do instrumento tornam-no inconfundível.
Enrico Rava - New York Days (2009)
Miguel Zenon Quartet
5 de Novembro, 22.00h
Miguel Zenon, saxofone alto
Luis Perdomo, piano
Hans Glawischnig, contrabaixo
Henry Cole, bateria
Natural de Porto Rico, Miguel Zenon vive nos EUA onde é considerado, pela crítica, um dos mais inspirados e tecnicamente completos saxofonistas de jazz norte-americanos. Foi premiado em 2008 com um "prémio especial", uma bolsa no valor de meio milhão de dólares para desenvolvimento da sua actividade de compositor e solista de jazz.
Miguel Zenon
Mário Laginha & Bernardo Sassetti
6 de Novembro, 22.00h
Mário Laginha, piano
Bernardo Sassetti, piano
Trata-se de um duo particularmente famoso entre nós, e no estrangeiro. Este excelente duo de pianos reune dois dos melhores pianistas de jazz portugueses, interpretando fundamentalmente música original e de alguns compositores norte-americanos.
Mário Laginha & Bernardo Sassetti - Madeira 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Autumn Leaves
Uma bela maneira de entrar no Outono. Lembrando o génio de Miles Davis. Com Cannonball Adderley, Hank Jones (não percam o concerto na Culturgest já no próximo mês de Novembro), Sam Jones e Art Blakey. Extraído do álbum Somethin' Else (1958). Um video de MaryaFM.
Venham Mais Cinco
Joe Lovano Us Five
21 de Outubro de 2009, 23.30h
Auditório Municipal do Seixal
Joe Lovano trouxe ao Seixal Jazz o seu mais recente projecto, denominado Us Five, com o qual gravou, em 2007, o álbum Folk Art, o seu 22º registo discográfico, como líder, para a Blue Note. Curiosamente o primeiro composto unicamente por originais seus.
Um trabalho em que recorre apenas a um veterano destas andanças do jazz, o pianista James Weidman, completando o quinteto com a jovem e talentosa contrabaixista Esperanza Spalding e com dois jovens bateristas (uma originalidade importante), o cubano Francisco Mela e o norte-americano Otis Brown III.
Esta extravagância de incluir dois bateristas na formação acaba por constituir uma pedra basilar de todo o processo criativo do quinteto. Se por um lado fornece-lhe uma energia invejável, injectada pela juventude da alargada secção rítmica do grupo, que não se cansa de puxar pela criatividade dos dois solistas mais experientes e maduros, por outro condiciona fortemente, e eu acrescento de forma muito positiva, a maioria das composições de Lovano.
Dir-se-ia que o saxofonista se deixou contagiar pela alegria e complexidade rítmica do projecto, construído as melodias e harmonias a partir dos múltiplos padrões e pulsações que brotam da imaginação latina de Mela e companhia.
Este processo criativo "invertido" será porventura responsável pela opção exclusiva do saxofonista por originais e justificará igualmente o título do disco, Folk Art, porquanto Lovano pinta efectivamente a sua tela de sons partindo de uma paleta rítmica rica e de índole francamente popular, quase étnica, que busca inspiração maior (mas não exclusiva, oiça-se a homenagem ao saxofonista camaronês Manu Dibango)nos ritmos latino-americanos (a que não será alheio o facto de Mela ser cubano e Spalding de ascendência brasileira).
O resto é a extraordinária capacidade improvisadora de Lovano e Weidman que fazem, sem esquecer alguns arrojos solísticos de Spalding que, apesar da juventude, se mostra já possuidora de uma técnica notável, própria da mais jovem professora da história do Berklee College of Music.
Um quinteto de excepção, pela qualidade técnica e artística dos seus membros, mas também e sobretudo, pela capacidade de inovação demonstrada. Se levarmos em conta que Us Five inova sem nunca colocar em causa a essência da estética jazzística norte-americana, é forçoso concluir que é alcançado algo francamente invulgar nos tempos que correm…
Joe Lovano Us Five – Seixal 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Solo Pictórico
Solo Pictórico
Pintura e Pequenos Concertos por Carlos Barretto
17 de Outubro a 29 de Novembro
Galeria de Exposições Augusto Cabrita
Integrada na programação do Seixal Jazz deste ano decorre, até 29 de Novembro, uma exposição de pinturas do contrabaixista Carlos Barretto na Galeria de Exposições Augusto Cabrita, situada no Fórum Cultural do Seixal.
Carlos Barretto interpreta sonoramente cada quadro pintado por si, em solo absoluto de contrabaixo, explorando ao máximo as possibilidades tímbricas do instrumento quer no arco, quer pizzicato ou recorrendo a efeitos electrónicos, criando sonoridades que nunca se esperariam que o contrabaixo pudesse reproduzir.
A não perder.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Jazz Além Tejo, 5ª Edição
Este ano o Jazz Além Tejo - 5º Encontro Internacional do Litoral Alentejano, volta a levar a vários espaços de Vila Nova de Santo André, exposições, jam sessions, um ciclo de cinema documental, workshops, concertos e sessões de jazz after hours. Sempre com o jazz como temática comum?
Aqui fica o programa completo:
31 de Outubro - Auditório Municipal António Chainho
22:00 - Quarteto de Michael Kotzian
23:15 - Marta Hugon
24 de Outubro - Biblioteca Municipal Manuel José do Tojal
21:00 - Inauguração da Exposição Cartazes do Portugal Jazz 2008
21:30 - Debate Capas e Narrativas: A História do Jazz Através dos tempos
23:00 - Jazz Sessions Quarteto de Jazz
25 de Outubro - Auditório Municipal António Chainho
15:00 - Inauguração da Exposição Eric Dolphy
16:30 - Filme: Bird, Clint Eastwood
26 de Outubro - Biblioteca Municipal Manuel José do Tojal
18:30 - Filme: De regresso a casa, Martin Scorcese
27 de Outubro - Biblioteca Municipal Manuel José do Tojal
18:30 - Filme: Piano Blues, Clint Eastwood
28 de Outubro - Biblioteca Municipal Manuel José do Tojal
18:30 - Filme: Padrinhos e Filhos, Marc Levin
26 de Outubro - Biblioteca Manuel Manuel da Fonseca
18:30 - Filme: A Alma de um Homem, Wim Wenders
27 de Outubro - Biblioteca Manuel Manuel da Fonseca
18:30 - A Caminho de Menphis, Robert Kenner
28 de Outubro - Biblioteca Manuel Manuel da Fonseca
18:30 - Filme: Red White & Blues, Mike Figgis
29 de Outubro - Escola Secundária Padre António Macedo
21:00 - Inauguração da exposição de Instrumentos de Percussão e de baquetas Mission
22:00 - Uncleking-Blues
29 de Outubro - Escola Básica do 2º e 3º Ciclo de Vila Nova de Santo André
Workshop de instrumento de percussão
30 de Outubro - Escola Básica Frei André da Veiga de Santiago do Cacém
Workshop de instrumento de percussão
30 de Outubro - Escola Secubndária Padre António Macedo
22:00 - Humanization 4Tet
23:15 - Adriana Miki - Sashimiki
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
George Colligan Substitui Ray Anderson
George Colligan Trio
24 de Outubro, 22.00h
Teatro Miguel Franco (Leiria)
George Colligan (piano)
Johannes Weidenmuller (contrabaixo)
Rudy Royston (bateria)
Por motivos alheios à organização e relacionados com doença súbita do músico Ray Anderson, o trio BassDrumBone foi obrigado a cancelar a digressão europeia, onde estava incluído o concerto de Leiria, integrado no Festival de Jazz da Alta Estremadura 09. Como concerto alternativo, apresentar-se-á no mesmo local e hora, o excelente Trio do pianista George Colligan
George Colligan, nasceu em Columbia, Maryland em 1969 e a partir dos anos 90 foi residir para New York onde as suas qualidades como pianista, ganharam relevo a
acompanhar músicos, como Gary Bartz, Benny Golson, Steve Coleman, Ravi Coltrane, Michael Brecker,Nicholas Payton, Christian McBride, Mark Turner, Lee Konitz, Don Byron,Stefon Harris..., para além de várias cantoras como são o caso de Sheila Jordan, Cassandra Wilson, Vanessa Rubin ou Jane Monheit. Ao longo dos últimos anos Colligan desenvolveu uma profunda experiência como solista.
Para as etiquetas discográficas Steeplechase, Fresh Sound, Sunnyside e outras, gravou 19 discos em seu nome e mais de 70 como “sideman”.
Músico particularmente imaginativo e possuidor de enorme técnica, interpreta as composições trabalhando-as de forma quase exaustiva num fraseado intenso e completo. Sobre a formação que vamos ter oportunidade de escutar, disse a critica: “George Colligan é um dos segredos mais bem guardados da tradição do piano trio.” Vamos poder
confirmar!
Rudy Royston, baterista deste trio, nasceu em Forth Worth, Texas e estudou percussão clássica na Universidade de Denver. Rudy cresceu a tocar bateria na igreja e encontrou a sua “própria voz” ao lado do trompetista Ron Miles, o qual considera como a sua grande influência.
Desde que se mudou para New Jersey em 2006, Royston tem integrado grupos de músicos de primeiro plano como são o caso de Bill Frisell, Les McCann, David Gilmore, JD Allen, Dr. Lonnie Smith, Ed Simon, Bruce Barth, George Colligan, Don Byron, Stanley Cowell e Craig Handy, para mencionar apenas alguns.
Nascido na Alemanha, em Heidelberg e residente em New York desde 1991, Johannes Weidenmuller é hoje um dos mais activos e requisitados contrabaixistas. Para além de ter sido membro regular dos trios de músicos de excepção como o pianista Hank Jones , ou o saxofonista Joe Lovano, Johannes integrou também o Carl Allen-Vicent Herring Quintet, o John Abercrombie Quartet, e participa regularmente ao lado de
músicos como Eddie Henderson, Dewey Redman, Randy Brecker, Kenny Wheeler, Toots Thielemans, George Benson, Wynton Marsalis, Joshua Redman, Gary Bartz, Clifford Jordan, Joe Chambers,... Johannes recebeu ao logo da sua carreira vários prémios, tanto na Europa como nos EUA.
Desde 1997 lecciona na New School of Music em NY e na faculdade de Mannes.
Agenda Semanal, 19 a 25 de Outubro
2ª feira, 19 de Outubro
21.30h – Centro Cultural de Lagos - Trio Samadhi
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Quarteto de Paulo Lopes
3ª feira, 20 de Outubro
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Jon Irabagon Two Trios
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Messias & The Hot Tone Blues
4ª feira, 21 de Outubro
21.30h – Auditório Municipal (Seixal) – Joe Lovano Us Five
23.00h – Seixal Jazz Clube (Mundet) – Zé Eduardo Unit
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Jon Irabagon Two Trios
23.30h – Auditório Municipal (Seixal) – Joe Lovano Us Five
5ª feira, 22 de Outubro
21.00h – Clube Setubalense (Setúbal) - Jason Kahn & Manuel Mota
21.30h – Campo Pequeno (Lisboa) - José Mário Branco & Sérgio Godinho & Fausto
21.30h – Auditório Municipal (Seixal) – Kenny Werner Quartet
21.30h - Torre sineira do Convento do Salvador (Évora) – Mário Delgado
23.00h – Ondajazz (Lisboa) – Júlio Resende
23.00h – Seixal Jazz Clube (Mundet) – Zé Eduardo Unit
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Nuno Ferreira Trio
23.30h – Auditório Municipal (Seixal) – Kenny Werner Quartet
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Les Gitanes
6ª feira, 23 de Outubro
19.00h – Espaço APAV & Cultura (Lisboa) - Quarteto André Murraças
21.30h – Campo Pequeno (Lisboa) - José Mário Branco & Sérgio Godinho & Fausto
21.30h – Auditório Municipal (Seixal) - George Colligan Trio
21.30h – Teatro Faialense (Horta) - Mostly Other People Do the Killing
21.30h – Teatro José Lúcio da Silva (Leiria) - Mingus Big Band
21.30h – Auditório de Espinho – Drumming
21.30h - Convento do Espinheiro (Évora) - Amílcar Vasques Dias + Joana Machado
21.30h – Clube Setubalense (Setúbal) - Mikado Lab + Coclea
22.00h – Chapitô (Lisboa) - Selma Uamusse Jazz Ensemble
22.00h – Cinema São Jorge (Lisboa) - Kumpania Algazarra
22.00h – Cantaloupe Bar (Olhão) - Sávio Araújo Trio
22.00h - Teatro Municipal de Portimão – Melech Mechaya
23.00h – Centro Cultural Vila Flor (Guimarães) – PPTAJazz
23.00h – LX Factory (Lisboa) - João Paulo Esteves da Silva & Mário Franco & Alexandre Frazão
23.00h – Seixal Jazz Club (Mundet) - Blake Tartare
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Nuno Ferreira Trio
23.00h – Plano B (Porto) - The Dixie Boys + Rui Vargas
23.30h – Ondajazz (Lisboa) - Manglis Compas Machine
23.30h – Auditório Municipal (Seixal) - George Colligan Trio
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Cat's Cradle
Sábado, 24 de Outubro
21.30h – Auditório Municipal (Seixal) – Mingus Big Band
21.30h – Teatro Faialense (Horta) - The James Spaulding Swing Expressions
21.30h - Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha – Dazkarieh
21.30h – Clube Setubalense (Setúbal) - Benoît Delbecq + Sei Miguel
21.45h - Casa Municipal da Cultura de Seia – Janita Salomé
22.00h – Capricho Setubalense (Setúbal) - Nicotine’s Orchestra + Fast Eddie Nelson
22.00h – Casa do Povo de Santo Estevão (Tavira) - Beatriz Portugal Jazz Quintet
22.00h – Teatro Miguel Franco (Leiria) - George Colligan Trio
23.00h – Seixal Jazz Club (Mundet) - Blake Tartare
23.00h – Biblioteca Municipal de Santo André - Sax&3
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Nuno Ferreira Trio
23.30h – Ondajazz (Lisboa) - Manglis Compas Machine
23.30h – Auditório Municipal (Seixal) – Mingus Big Band
Domingo, 25 de Outubro
22.00h – Teatro Miguel Franco (Leiria) - Liebman / Eskelin Quartet - “Different But The Same”
22.30h – Ondajazz (Lisboa) - Miguel Braga & Nana Sousa Dias
22.30h - Centro Cultural do Cartaxo – Kumpania Algazarra
George Colligan Trio em Portugal
George Colligan Trio
23 de Outubro, 21.30h e 23.30h
Auditório Municipal do Seixal
24 de Outubro, 22.00h
Teatro Miguel Franco (Leiria)
O George Colligan Trio é o agrupamento escolhido para actuar nos dias 23 e 24 de Outubro, no Auditório Municipal do Seixal e no Teatro Miguel Franco em Leiria, preenchendo assim a vaga deixada por Robert Glasper, que se viu impossibilitado de se deslocar a Portugal, por motivos de saúde, e pelo trio BrassDrumBone, de Ray Anderson.
O trio é composto por George Colligan (piano), Johannes Weidennmuller (contrabaixo) e Rudy Royston (bateria).
Considerado "um dos segredos mais bem guardados do Jazz" (All About Jazz), Colligan já tocou e gravou com Gary Bartz, Benny Golson, Gary Thomas, Steve Coleman, Eddie Henderson, Ralph Peterson, Vanessa Rubin, Steve Wilson, Jane Monheit, Ravi Coltrane, Lenny White, Michael Brecker, Mike Clark, Nicholas Payton, Sheila Jordan, Janis Siegel, Christian McBride, Billy Hart, Charles Fambrough, Mingus Big Band, Mark Turner, Lee Konitz, Jamie Baum, Michal Urbaniak e Stefon Harris, entre outros.
Al Foster 5tet - Aloyslus (com George Colligan no piano)
Paulo Gil Apresenta o Seixal Jazz 2009
Paulo Gil, da produtora Som da Surpresa, trabalha a programação internacional do SeixalJazz desde 1996, exactamente o ano da primeira edição do Festival. São 14 anos de parceria com o município do Seixal na construção de um festival de jazz de referência, que este ano chega à 10.ª edição. Em entrevista ao site do SeixalJazz, explica que para assinalar esta data marcante foi preparado um cartaz de artistas "particularmente forte", onde "não há músicos menores".
Numa conversa descontraída, confidencia como vai tentar convencer Joe Lovano a deixar Esperanza Spalding cantar. Paulo Gil é um admirador confesso da contrabaixista do autor de Folk Art e não se cansa de a elogiar. De Kenny Werner diz que é um compositor "cinco estrelas" e um pedagogo de eleição. A Mingus Big Band é a "chave de ouro que encerra o Festival" e Paulo Gil não dúvida que a magia da música vai passar rapidamente do palco para a plateia.
A realização de dois concertos por noite no Auditório Municipal é hoje uma das imagens de marca do SeixalJazz, no entanto, poucos saberão como surgiu esta ideia. Paulo Gil explica como o teatro de revista teve um papel fundamental nessa opção. Uma entrevista a não perder, onde também ficamos a saber como até nos Estados Unidos se ouve falar do SeixalJazz.
Nota: esta entrevista foi gravada antes da substituição do trio de Robert Glasper pelo de George Colligan.
Paulo Gil apresenta o Seixal Jazz 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
Desafios
Bodurov Trio
Stamps From Bulgaria 2008
Challenge, 2009
O que é o jazz, presentemente?
Esta é uma questão essencial no jazz globalizado e massificado dos dias de hoje à qual não ouso responder. Mas de cada vez que oiço uma obra que consegue abanar os fundamentos da estética jazzística e alargar as suas fronteiras a territórios novos e inexplorados de fusão, não posso deixar de reflectir sobre ela e partilhar convosco as ideias que me são suscitadas.
Cada vez mais o jazz abandona a ideia objectiva de um género musical norte-americano, derivado do blues, e assume-se sobretudo como uma linguagem musical, uma visão deconstrutiva da música enquanto forma de expressão individual e colectiva.
Ao chegar à Europa e, depois ao resto do mundo, o jazz, enquanto linguagem musical, proporcionou aos músicos de culturas muito diversas da sua origem, uma apropriação formal que sucessivamente foi sendo aplicada às tradições culturais de cada país. O resultado é o world jazz, que mais não é do que a reconstrução da música popular de cada povo à luz criativa da linguagem jazzística, um pouco à semelhança do que o movimento nacionalista já tinha feito através da música erudita.
Stamps From Bulgaria é o resultado de um trabalho de investigação do pianista búlgaro Dimitar Bodurov sobre o património musical popular do seu país.
Evitando o mero arranjo jazzístico dos temas, Bodurov procurou antes tratá-los como elementos autónomos do processo de composição, explorando ritmos, melodias, tempos, intervalos. Os temas assim decompostos revelaram o necessário potencial dramático para um ulterior desenvolvimento, que se pretendeu novo e exploratório mas simultaneamente revelador de uma identidade multicultural das sociedades búlgara e europeia.
O exercício é tanto mais interessante quanto a música búlgara é, por natureza, uma difusa confluência de elementos ocidentais e orientais, populares e eruditos. Se as misteriosas melodias eslavas e balcânicas anunciam um oriente próximo, capaz de despertar sentimentos de exotismo nos ouvidos ocidentais, há na rigorosa harmonização dos coros femininos uma decadente exaltação nacionalista, legado do defunto regime comunista mas que, ainda hoje, constitui a mais expressiva manifestação musical búlgara no exterior, que é distintamente de génese erudita.
O resultado é uma obra diferente e fascinante. Uma aventura num universo musical estranho, exótico e sedutor.
Dimitar Bodurov nasceu em 1979 na Bulgária, estudou no Conservatório de Varna e mais tarde em Sófia. Desde 2000 que se mudou para a Holanda onde prosseguiu os seus estudos musicais no Conservatório de Roterdão, formando-se com distinção em piano jazz e composição.
Foi ainda estudante que fundou o seu trio, em 2001, estreando-se em disco com o álbum Melatonic (ACR, 2003) que mereceu rasgados elogios ao pianista John Taylor. Seguiu-se The Resumption Suite (2004), Stamps From Bulgaria (2006) a solo, e este Stamps From Bulgaria 2008, editado já este ano pela holandesa Challenge Records. Pelo meio gravou ainda dois discos com a cantora Margriet Sjoerdsma: With The Whisper Of a Morning (2006) e Bloom (2008).
O trio é composto pelo seu compatriota Mihail Ivanov no contrabaixo e pelo alemão Jens Dueppe (ou Düppe) que já ouvimos a acompanhar músicos como o luxemburguês Pascal Schumacher ou o belga Jef Neve (esteve em 2008 no Hot integrado no quarteto do vibrafonista).
Um disco diferente para aqueles que gostam de um belo desafio musical.
Bodurov Trio - Kircho
Bodurov Trio - Butch
Bodurov Trio - Dobro
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
A Tensão Jazz
Este pequeno vídeo é uma "promo" daquilo que quer ser um programa de televisão da autoria de Rui Neves e com realização de Paulo Seabra. Estão aqui incluídas entrevistas com o crítico e divulgador Manuel Jorge Veloso e com o pianista Júlio Resende.
Já é tempo de jazz voltar à televisão!
A Tensão Jazz
Já é tempo de jazz voltar à televisão!
A Tensão Jazz
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
O Piano Convida
Samuel Quinto & Marcos Buzana
15 de Outubro, 23.30h
B-Flat Jazz Club (Leça da Palmeira)
Nesta 5.ª feira, 15 de Outubro, às 23h 30 m, Samuel Quinto convida Marcos Buzana, para uma apresentação em dueto, no B-Flat Jazz Club (Porto de Leixões - Leça da Palmeira), em mais uma edição de O Piano Convida.
Maisinformação sobre a agenda de concertos disponível em http://www.myspace.com/samuelquinto
Não Percam! Segunda 19/10 - Jazz com Brancas na Antena 2 - Salsa´n Jazz às 20h
Apresentação do CD Salsa'n Jazz Ouvir
Samuel Quinto Trio - Ficou no Meio
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Sashimiki em Paio Pires
ADRIANA MIKI - SASHIMIKI
16 Outubro 2009 (6ª feira), às 21:30.
Cinema São Vicente (Aldeia de Paio Pires)
Adriana Miki é natural do Brasil, e lançou recentemente o seu 1º CD "Sashimiki", com selo da editora americana Apria Records.
O lançamento do CD foi feito com uma mini-digressão por alguns conceituados clubes de Jazz em Nova Iorque e New Jersey.
A artista assinou recentemente um contrato com a editora holandesa CRS, para distribuição do CD "Adriana Miki - Sashimiki" na Europa.
É o espectáculo de abertura da edição de 2009 do SEIXAL JAZZ, estando agendado para o dia 16 de Outubro (6ª feira) às 21:30.
Adriana Miki - Cai em Mim
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Assim Falava Jazzatustra
Júlio Resende Quarteto
Lx- Factory | Lisboa
15 de Outubro de 2009, 22.30h
Preço: €5,00
É já na próxima quinta-feira dia 15 de Outubro que Júlio Resende apresenta o seu último trabalho em disco " Assim Falava Jazzatustra".
Editado pela Clean Feed, este seu novo disco conta com a participação especial de Manuela Azevedo do Clã, Perico Sambeat e Ole Vagan. No entanto, Júlio Resende irá apresentar na LX Factory o disco acompanhado pelos seus companheiros de sempre: João Custódio, Desidério Lázaro e Joel Silva.
Nascido em Faro, Júlio Resende começa a tocar piano aos quatro anos de idade. Mais tarde, inicia os seus estudos clássicos no Conservatório Maria Campina, com a professora de piano Oxana Anikeeva (que actualmente é colaboradora externa do corpo docente da Universidade de Évora) e o professor de formação musical, Paulo Cunha. Não nasceu para intérprete clássico, pois é-lhe difícil tocar uma peça sem ter vontade de improvisar. Assim, inicia os seus estudos de Jazz em 2000 com o contrabaixista e pedagogo Zé Eduardo. Posteriormente muda-se para Lisboa, estudando com Rodrigo Gonçalves, Pedro Moreira e Mário Laginha.
Em 2003 foi seleccionado para a 1ª Big Band Nacional da Juventude, projecto conjunto do Hot Clube de Portugal e Ministério da Cultura que pretendeu seleccionar os melhores jovens músicos nacionais (até aos 30 anos) a fim de realizar uma Tournée pelo país. Posteriormente fez o curso da Escola do Hot Clube de Portugal e foi chamado a integrar o Ensemble do Hot Clube, formação que tem o intuito de representar a escola em eventos culturais. Pelo Hot Clube também ganhou o prémio para melhor Combo no âmbito do concurso inter-escolas realizado na Festa do Jazz do Teatro S.Luís em 2005.
Participou em vários workshops internacionais, nos quais trabalhou com professores de prestigiadas Universidades de Jazz dos EUA, como a New School for Jazz and Contemporary Music e a Berklee College of Music: Aaron Goldberg, Gary Versage, Greg Tardy, Matt Penman, Frank Tiberi, Mark Ferber, Jonathan Kreisberg, Omer Avital, entre outros.
Em 2004 desloca-se a Paris por uma temporada à Université de S.Denis, estudando com Yves Torchinsky, Phillipe Michel, Fréderic Saffar e Lillian Dericq (professor da Bill Evans Academy). Em Paris toca em várias formações.
Em 2006, licencia-se em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Ainda neste ano forma o Júlio Resende 4teto, o qual mantém com o intuito de trabalhar composições originais , e com o qual tem vindo a actuar em auditórios e casas de Jazz por todo o país. Gravou o seu primeiro disco em 2007, “Júlio Resende – Da Alma” para a prestigiada editora de Jazz – Clean Feed -, editora de nomes como Mário Laginha, Bernardo Sassetti, João Paulo Esteves da Silva, Gerry Hemmingway, e.o.), tornando-se no mais jovem músico nacional a editar um disco para esta editora enquanto líder. Disco, esse, que foi já considerado um dos melhores discos do ano pela revista “Jazz.pt”, e que tem recebido excelentes distinções, quer pela imprensa nacional, quer pela imprensa estrangeira.
Em paralelo com o seu 4teto tem outros projectos como os “Happennig”- do qual fazem parte Carlos Bica no contrabaixo, João Paulo Esteves da Silva (piano, fender rhodes, acordeão) João Lobo na bateria e Luis Cunha no trombone - e que se destina sobretudo à prática de concertos completamente improvisados; e o “Vânia Fernandes e Júlio Resende 4teto”.
Já tocou com músicos como Bernardo Moreira, Carlos Bica, Maria Viana, André Fernandes, Alexandre Frazão, Carlos Barretto, José Salgueiro, Bruno Pedroso, Pedro Moreira, João Paulo Esteves da Silva, Matt Lester, entre muitos outros.
Em relação à sua actividade docente : Leccionou o curso de Piano-Jazz na Escola JBJazz em Lisboa em 2006/2007. Leccionou também em vários Workshop de Jazz como o Workshop de Jazz do Barreiro e Vila Real de S.António.
Júlio Resende - Shine on You Crazy Diamond (photos by Andrew Prince)
domingo, 11 de outubro de 2009
Agenda Semanal, 12 a 18 de Outubro
2ª feira, 12 de Outubro
23.00h – Café Concerto (Vila Real) - Miguel Braga e Zé Lima
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Quarteto de Pedro Teixeira
3ª feira, 13 de Outubro
23.00h – Café Concerto (Vila Real) - M & M
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Messias & The Hot Tone Blues
4ª feira, 14 de Outubro
20.00h – Jardins do Palácio de Cristal (Porto) - Istanbul Sessions feat. Erik Truffaz + Electro Deluxe + Intersound
21.30h – Cine Teatro João Costa (São João da Pesqueira) - Groove 4tet
22.00h – Centro de Artes (Sines) – Vitorino
23.30h – Café Concerto (Vila Real) - Adriana Miki e Pedro Barros
5ª feira, 15 de Outubro
21.30h – Teatro Municipal de Bragança - Johannes Krieger Chibanga Groove
21.30h – Centro Cultural de Chaves - Groove 4tet
22.30h - Lx Factory (Lisboa) - Júlio Resende Quarteto
23.00h – Café Concerto (Vila Real) - Jazz Harbour
23.00h – Ondajazz (Lisboa) - Young Cats Collective
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Septeto do Hot Club
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - Double Standard
6ª feira, 16 de Outubro
21.00h – CCB (Lisboa) - Vitorino & La Boca Livre Tango Sextet
21.30h – Teatro Aveirense (Aveiro) – Júlio Pereira
21.30h – Cinema São Vicente (Seixal) - Adriana Miki
22.00h – Galeria Municipal da Marinha Grande - Nelson Cascais “Guruka”
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Septeto do Hot Club
23.30h – Ondajazz (Lisboa) - Manuel Rocheman Solo
23.30h – Teatro São Luiz (Lisboa) - Luísa Amaro
23.30h – Cinema Paraíso (Tomar) - Dixie Naza Jazz Band
23.30h – Catacumbas (Lisboa) - The Ramblers
Sábado, 17 de Outubro
18.00h - Galeria de Exposições Augusto Cabrita (Seixal) – Carlos Barretto
21.30h – Teatro Municipal de Bragança – Groove 4tet
21.30h – Centro de Artes e Espectáculo da Figueira da Foz - Rodrigo Leão & Cinema Ensemble
21.30h – Fórum Cultural do Seixal - Madredeus & A Banda Cósmica
22.00h – Galeria Municipal da Marinha Grande – Zé Eduardo Unit
22.00h – Teatro de Vila Real - Frank Gambale Natural High Trio
22.00h – Auditório Municipal de Pinhal Novo - Maria Anadon + Victor Zamora
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Septeto do Hot Club
23.30h – Ondajazz (Lisboa) - Manuel Rocheman Solo
23.30h – Teatro São Luiz (Lisboa) - Luísa Amaro
Pecados
The Bad Plus
10 de Outubro de 2009, 21.30h
Auditório do Museu do Oriente (Lisboa)
Não é seguramente todos os dias que podemos assistir a um concerto que começa em Stravinski e acaba em Nirvana, passando por Ornette Coleman, Aphex Twin e Rodgers & Hart!
O mínimo que se poderá afirmar da música dos Bad Plus é que é estranhamente ecléctica.
E no entanto o tratamento aplicado por este trio de Minneapolis garante um denominador comum a material tão diverso.
A uma estética de indie rock o grupo junta-lhe a criatividade do jazz e uma dose enorme de irreverência, tudo servido num ambiente exclusivamente acústico.
O resultado é um fenómeno de sucesso que levou a banda de Ethan Iverson, Reid Anderson e David King ao estrelato, atravessando transversalmente públicos e gerações.
Nas palavras felizes de um crítico do britânico The Guardian, se os irmãos Cohen tocassem jazz, fariam algo assim, em que o cómico anda de mãos dadas com o dramático.
Os três membros desta banda são do Midwest e conhecem-se desde a adolescência. Porém seguiram percursos formativos diversos. King integrou a banda de jazz independente Happy Apple. Iverson foi director musical do Mark Morris Dance Group. Anderson conseguiu singrar na cena jazzística novaiorquina. Juntaram-se em 2000 para um fim-de-semana de concertos num clube de Minneapolis. A química foi tão evidente que originou um disco na editora independente Fresh Sound Records.
Assim nasceram os Bad Plus.
Em 2003 mudam-se para a major Columbia e lançam “These Are the Vistas”, álbum responsável pela internacionalização do trio. Seguiu-se-lhe Give, em 2004, Suspicious Activity? e Blunt Object - Live in Tokyo, em 2005, Prog, em 2006 e For All I Care, em 2007, os dois últimos trabalhos editados com a chancela da Heads Up/Universal.
Ao longo destes discos os Bad Plus assumiram claramente uma postura de rotura com os rótulos e géneros musicais. O trio rejeita a separação entre a música erudita e popular, homenageando com os seus arranjos compositores de épocas e ambientes musicais diversos, unidos pelo reconhecimento e respeito da banda, pela relevância da sua obra.
No seu trabalho mais recente, For All I Care, surgem obras de compositores eruditos como Györgi Ligeti, Milton Babbitt e Igor Stravinsky, ao lado de canções oriundas do universo do pop/rock de grupos como os Pink Floyd ("Comfortably Numb"), Yes ("Long Distance Runaround"), Bee Gees ("How Deep is Your Love") e Heart ("Barracuda"). Nos trabalhos anteriores já se tinham cruzado sucessos dos Blondie, Nirvana, Vangelis, David Bowie ou Queen, com jazz standards e sobretudo, muitos originais do trio.
A fórmula é evidente. Uma aproximação ecléctica e irreverente à música que, pegando na linguagem acústica e criativa do jazz, seduza múltiplos gostos e gerações, num estilo directo e original, característico do indie rock norte-americano. Aliás é notável a adaptação de Wendy Lewis ao repertório da banda, uma cantora de indie rock conterrânea do trio, que empresta a sua voz rouca e incisiva aos temas de For All I Care, sem que nalgum momento se sinta a ausência das guitarras eléctricas…
Ainda assim há algo de novo no som dos Bad Plus. Algo que permite a discos essencialmente de jazz a presença assídua em tabelas de vendas. Que assegura a venda de T-shirts à porta dos concertos, como nos festivais de rock. Que leva às salas de espectáculo adolescentes e quarentões, unidos pela sedutora originalidade dos arranjos do grupo.
O sucesso não é seguramente pecado. Sobretudo se for alcançado com a criatividade e irreverência dos Bad Plus!
The Bad Plus - Variation d'Appollon
The Bad Plus – Semi Simple Variations
The Bad Plus - How Deep Is Your Love
The Bad Plus - The Making Of For All I Care
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Garotas de Lisboa
Quarteto Filipe Melo & Bruno Santos
+ Paulo Braga & Paula Oliveira
6 de Outubro de 2009, 23.00h
Hot Club de Portugal (Lisboa)
O quarteto Filipe Melo/Bruno Santos já nos habituou a apresentações periódicas com grandes nomes do jazz internacional. Um pequeno “puxar” pela memória recente traz à lembrança concertos com Donald Harrison, Herb Geller, Perico Sambeat, Sheila Jordan, Jesse Davis ou Martin Taylor, num espaço de dois anos apenas.
Coube agora a vez ao baterista brasileiro Paulo Braga, homem de vasto currículo no qual sobressaem espectáculos e gravações com nomes sonantes da música brasileira como Tom Jobim, Elis Regina, Milton Nascimento, Ivan Lins, Djavan ou Eliane Elias, entre muitos outros.
Esta experiência trouxe assim duas importantes novidades ao quarteto, face a todas as apresentações atrás mencionadas: o facto de o convidado não ser um solista (sem prejuízo de proporcionar belíssimos solos) e bem assim o de não ser, “strictu sensu”, um músico de jazz, mas antes de bossanova, samba, jazz latino, enfim aquilo que lhe quiserem chamar.
A primeira novidade impôs a saída temporária de Bruno Pedroso do grupo, substituído na bateria pelo brasileiro, e a chamada de uma cantora, no caso Paula Oliveira, que emprestou a sua bela voz aos eternos temas de Jobim e companhia.
Na verdade Paula Oliveira já gravou com Paulo Braga, em 1998 e para a editora Numérica, o disco epónimo que contou ainda com a participação de Cliff Korman e David Finck. Pelo que a sua inclusão no agora quinteto aparece com toda a naturalidade.
A segunda "obrigou" o quarteto a tocar exclusivamente o cancioneiro da “bossanova age” (porque esporadicamente sempre o tocaram).
Mas Filipe Melo, Bruno Santos e Paula Oliveira quiseram levar ainda mais longe esta viagem pelo universo musical de Jobim e, aproveitando o facto de o maestro ter deixado um grande número de arranjos para quinteto de vozes, convidaram mais cinco cantoras, Marta Hugon, Isabel e Margarida Campelo, Joana Machado e Mariana Norton, que abrilhantaram a segunda parte do espectáculo num coro memorável. De realçar que Joana Machado editou recentemente um disco dedicado precisamente a Jobim (A Casa do Óscar) pelo que o repertório não lhe era seguramente estranho…
A aposta foi plenamente conseguida.
As aptidões tropicais de Filipe Melo e Bruno Santos eram já conhecidas pois ambos participam no projecto “Casa do Óscar” de Joana Machado, à semelhança aliás do contrabaixista Bernardo Moreira. Este junta ainda a experiência recente de integrar a equipa de Flora Purim e Airto Moreira, dois dos mais reputados músicos do “jazz” verde e amarelo.
Também Marta Hugon tem visitado o repertório brasileiro nos seus discos, sendo evidente que Jobim é uma referência indelével na formação de todos estes músicos, e eu diria mesmo, de toda uma geração.
Surpreendentes para mim foram sobretudo os solos de Bruno Santos, perfeitamente integrados na lógica da bossa jazz. Criativos e enriquecedores, mostraram um enorme conhecimento da obra do mestre da Tijuca e simultaneamente uma alegria contagiante, faceta novel na música do excelente guitarrista madeirense.
Mas o maior desafio foi seguramente colocar dez pessoas no palco do Hot (adicionem ainda um piano, uma bateria, um contrabaixo e uma guitarra)!
Mas a exiguidade do espaço foi amplamente compensada pelo talento dos músicos e pelo entusiasmo do público.
Quanto a Paulo Braga esteve igual a si mesmo: insuperável na entrega, na simpatia e na enorme capacidade de enfeitiçar os ouvintes com os sedutores ritmos de Copacabana.
Uma noite memorável.
Não percam as próximas apresentações do quinteto em Bragança, Vila Real e em Braga, durante toda esta semana.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Over the Rainbow
Jane Monheit
4 de Outubro de 2009, 21.00h
Grande Auditório do CCB (Lisboa)
Com apenas 32 anos de idade, Jane Monheit leva já 12 anos de carreira, desde que, em 1998, irrompeu na cena jazzística norte-americana ao classificar-se em segundo lugar no prestigiado Thelonious Monk International Jazz Competition, perante ilustres juradas como Dee Dee Bridgewater, Diana Krall, Nnenna Freelom ou Dianne Reeves (a primeira classificada foi a veterana Teri Thornton, falecida dois anos depois, e a terceira a italiana Roberta Gambarini).
De então para cá gravou oito álbuns, um deles ao vivo, lançou uma colectânea de sucessos em 2005, diversos DVD e correu o mundo em espectáculos com as mais variadas formações.
Monheit nasceu numa família de músicos e iniciou a sua formação musical pelo clarinete. Foi apenas aos 17 anos de idade que se dedicou ao canto na New York's Manhattan School of Music, pela mão de Peter Eldridge, o fundador do grupo New York Voices. Ainda durante os estudos começou a cantar pelos clubes novaiorquinos em Greenwich Village, acompanhada pelo baterista Ricky Montalbano, seu colega de escola, namorado e actual marido, o pianista David Berkman, o saxofonista Paul Boothe e o contrabaixista Orlando Le Fleming.
Após ter sido descoberta por Carl Griffin, o patrão da N2K, gravou o primeiro disco em 1999, Never Never Land, ao lado de músicos como Kenny Barron, Ron Carter, Lewis Nash, Bucky Pizzarelli, Hank Crawford e David "Fathead" Newman, como “presente” de fim de curso. Ao mesmo tempo assina pela Jazz Tree, de Mary Ann Topper, a agente responsável pelo lançamento da carreira de artistas como Diana Krall ou Joshua Redman.
Monheit é dona de uma das mais doces, redondas e perfeitas vozes do jazz actual, que impressiona não apenas pela amplitude mas também pela subtil capacidade interpretativa. É contudo notória a evolução desde os primeiros tempos de Never Never Land. À doçura rigorosa e académica sucedeu uma notável capacidade de improvisação e um amadurecimento sensível, que lhe permite arriscar substancialmente mais e, dessa forma, aproximar-se mais resolutamente da estética jazzística.
Aliás Jane Monheit começou essencialmente pelo cabaret, pelo repertório dos musicais da Broadway. Foi a influência de Ricky Montalbano e mais tarde a oportunidade surgida no Thelonious Monk Competition que a adaptaram ao jazz. E em boa hora porquanto está uma cantora de enorme qualidade.
A acompanhá-la nesta terceira visita ao nosso país, no corrente ano, estiveram o baterista Ricky Montalbano, o pianista Michael Kamen e o contrabaixista Neal Miner.
E aqui reside talvez a principal crítica a este espectáculo. Se Kamen é um excelente pianista (mais famoso contudo pelas inúmeras bandas sonoras que compôs para o cinema e televisão e que incluem filmes como a Arma Mortífera, Die Hard e 007, Licence to Kill), Miner e Montalbano estão claramente abaixo do nível interpretativo da cantora.
Daqui resulta um trio manifestamente desequilibrado, com uma supremacia desmesurada da voz e do piano e uma presença discreta da secção rítmica. Ao invés de puxarem pelos solistas são frequentemente lançados às feras em oportunidades perdidas de solo e em que os aplausos pedidos pela cantora manifestam uma generosidade que o público nem sempre partilha.
Tal como Diana Krall, convertida nos últimos anos ao bossanova, também Jane Monheit mostra uma apetência particular pela música brasileira, especialmente pelas composições de Ivan Lins que não hesita em apelidar do seu compositor favorito, de todos os tempos. Esta paixão levou-a a interpretar dois temas em português, à semelhança aliás do que sucedeu nas respectivas versões gravadas.
Jane Monheit é ainda muito jovem e não faltarão seguramente oportunidades de a ouvir em contextos bem mais elaborados. Para já deixou uma simpatia quase tão grande quanto a sua belíssima voz e uma vontade enorme de a voltar a ouvir, agora acompanhada de músicos de jazz do outro gabarito, que saibam responder aos seus improvisos (até scat singing a cantora já arrisca em espectáculo), com igual destreza e criatividade.
Jane Monheit - Começar de Novo
Viva a Diversidade
Henri Texier Strada Quintet
1 de Outubro, 21.30h
Grande Auditório da Culturgest (Lisboa)
Nascido em Paris, em 1945, Henri Texier descobriu o jazz aos 12 anos de idade. A França foi, de entre todos os países europeus, aquele que mais apaixonadamente acolheu o jazz. Não apenas no entusiasmo que votou ao género negro norte-americano, mas também por ter sido aí (antes mesmo dos Estados Unidos) que primeiro se desenvolveu o seu estudo teórico e musicológico rigoroso.
Foi nesse ambiente de paixão pelo jazz que cresceu o jovem Texier. Aos 14 anos já estava integrado numa banda de Dixieland. Em 1962 ganhou um concurso de amadores e Jeff Gilson convidou-o a integrar a sua orquestra onde pontificavam nomes como Jean-Luc Ponty, Jean-Louis Chautemps, Michel Portal ou François Jeanneau. Aos 20 anos tocava em clubes parisienses ao lado de mitos como Bud Powell, Kenny Clarke, Lee Konitz, Dexter Gordon, Art Taylor ou Don Cherry. Foi quando fundou o seu primeiro quinteto de free jazz.
Na área do free jazz colaborou ainda com Phil Woods, integrando em 1968 o seu European Rythm Machine. A seguir dedicou-se ao progressive rock ao lado de Aldo Romano, com quem fundou o grupo Total Issue. Passou ainda pelo trio de Jean-Luc Ponty antes de iniciar a sua carreira a solo, em 1976.
Se há algo que ressalta desta longa carreira, que quase se confunde com a própria história do jazz europeu dos últimos 50 anos, é a enorme diversidade. A capacidade invulgar de Texier para se envolver em novos projectos e linguagens musicais, o incansável instinto de sobrevivência que lhe tem permitido acompanhar todos os movimentos musicais que atravessaram o jazz durante a sua já longa carreira, estando mesmo na vanguarda de alguns deles.
Apaixonado pela música tradicional africana, indiana, magrebina e céltica, Texier foi indiscutivelmente um precursor daquilo que hoje se costuma chamar world jazz. Compôs e interpretou música para cinema, televisão, teatro, dança, poesia, circo, artes plásticas, fotografia… Cruzou o jazz com tudo o que é fenómeno artístico, revelando um notável vanguardismo em muitas dessas experiências.
Este quinteto strada (na verdade é um sexteto, mas a ausência forçada do trombonista Gueorgui Kornazov ditou a redução do ensemble) é formado pelo filho do contrabaixista no saxofone alto e clarinete, Sébastien Texier, por François Corneloup no saxofone soprano e barítono, por Manu Codjia na guitarra e por Christophe Marguet na bateria. Um notável encontro de gerações, porquanto 30 anos separam o líder do mais jovem membro do quinteto, o guitarrista Manu Codjia.
A música de Texier bebe de toda a experiência acumulada do contrabaixista. É inovadora mas assente na tradição. É vanguardista sem esquecer a inspiração popular. É complexa sem nunca perder de vista a melodia.
Do sangue novo dos metais e da guitarra colhe a força e o arrojo interpretativo. Da maior experiência da secção rítmica recebe a inspiração e a cultural musical. Uma perfeita simbiose que se estende mesmo à composição e arranjo, partilhadas pelos vários membros do quinteto.
Continua a sentir-se uma forte inspiração étnica no repertório, perfeitamente ecléctico. Dos ragas indianos, às misteriosas melodias orientais, do Cambodja ou da China, da alegria contagiante dos Balcãs aos ritmos frenéticos célticos, tudo cabe na música de Texier, pois há sempre uma linguagem comum de fundo que une todos estes universos musicais geograficamente distantes: o jazz.
E esse é talvez o maior contributo de Texier à posteridade, a sua capacidade única de tocar jazz inspirado noutras linguagens musicais, de trilhar novos caminhos sem nunca se prender a um único universo. Sempre com enorme talento e paixão.
E viva a diversidade!
Henri Texier
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