Sexta 17 de Abril de 2009
21h30 · Pequeno Auditório
Alípio C. Neto Quartet
The Perfume Comes Before the Flower
Saxofones Alípio C. Neto
Trompete Herb Robertson
Contrabaixo Ken Filiano
Bateria Michael TA Thompson
Desde a sua chegada a Lisboa, o brasileiro naturalizado português Alípio C. Neto é uma das figuras da cena do jazz criativo em Portugal. Depois de liderar duas formações internacionais (Imi Kollektief e Wishful Thinking) com trabalhos editados desde 2006, Alípio fez uma incursão muito proveitosa a Nova Iorque onde tocou e gravou as suas composições, editadas no CD The Perfume Comes Before the Flower (Clean Feed, 2007), que está na base do concerto desta noite.
Este passo revelou-se decisivo para o seu reconhecimento internacional. Os magníficos músicos que o acompanham neste quarteto interpretam as composições de Neto absorvendo-as primeiro para depois lhe dar um cunho muito pessoal. O resultado musical da banda é tanto rítmico como textural, abstracto e concreto, numa combinação de personalidades com percursos musicais muito diversos.
Alípio Carvalho Neto nasceu em Floresta, Sertão de Pernanbuco, Brasil e veio para Portugal para fazer um doutoramento na Universidade de Évora sobre a poética literária e sua relação com a poética musical. E foi em Portugal que se decidiu definitivamente pela música. No Brasil estudara com Hermeto Pascoal, Roberto Sión, Carlos Eduardo Pimentel (Boogie), Dilson Florêncio, Guilherme Vaz e Ian Guest, entre outros. Ao longo da sua carreira tocou e gravou com diversos compositores, grupos e orquestras de música brasileira, africana e jazz, entre os quais Armando Lôbo, BRAPO – Brasília Popular Orquestra, Clarence Becton, Brian Groder, Torbjörn Zetterberg, Carlos Zíngaro, Scott Fields, Patrick Brennan, Jean-Marc Charmier, Carlos Barretto, Adam Lane, Michael Attias, Gregg Moore, Angelo Olivieri, Fabrizio Spera, Alex Maguire. Lidera vários projectos como IMI Kollektief (Snug As A Gun, Clean Feed), Wishful Thinking (Wishful Thinking, Clean Feed), Alípio C. Neto Trio (com Masa Kamaguchi e Federico Ughi) e Alípio C. Neto DIGGIN’. Editou recentemente pela Creative Sources PAURA The Construction of Fear (com Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Dennis González e Mark Sanders). Alípio acredita que a música deve expressar para além da cosa mentale, a cosa trascendentale, uma poética dinâmica do artifício humano.
Terça 19 de Maio de 2009
21h30 · Grande Auditório
Paul Bley
Solo
Paul Bley nasceu em Montreal, Canadá, em 1932. Muito novo estudou música clássica com vários professores. Aos 5 anos dava recitais de violino, aos 7 começou a estudar piano. Durante a juventude tocou na sua cidade natal em vários grupos de jazz, alguns dos quais dirigiu. Em 1950, com 18 anos, foi para Nova Iorque – passando desde então a viver nos Estados Unidos – estudar na Julliard School e começou a apresentar-‑se com músicos como Charlie Parker, Sonny Rollins, Ben Webster e outros. Durante a sua longa carreira Paul Bley terá sido, a seguir a Miles Davis, o músico de jazz que trabalhou com mais artistas de primeiro plano com opções musicais muito variadas. A sua discografia, com cerca de 100 títulos, é disso testemunho. Para além dos já citados, nomes como Charles Mingus, Lester Young, Chet Baker, Steve Swallow, Gary Peacock, John Scofield, Gary Burton, Pat Metheney, Paul Motion, Billy Hart, John Surman, Lee Konitz, Bill Evans, Cecil Taylor, Ornette Coleman, Charlie Haden, fazem parte da extensa lista de jazzmen com quem tocou e gravou.
Bley esteve ligado à vanguarda do jazz dos anos de 1960, sendo um dos seus elementos mais activos. Foi igualmente precursor na utilização do sintetizador, tendo dado o primeiro concerto da história com esse instrumento em 1969 no Philarmonic Hall de Nova Iorque. Em meados da década de 1970, com a artista de vídeo Carol Goss, iniciou uma colaboração pioneira entre músicos de jazz e artistas de vídeo.
O seu primeiro disco de piano solo foi gravado em 1972 para a editora ECM.
Paul Bley apresenta-se, desde há muitos anos, em concertos por todo o mundo, a solo ou com formações muito diversas, tocando composições suas, standards, ou lançando-se em solos espontâneos, improvisados no momento.
Quarta 3 de Junho de 2009
22h00 · Culturgest Porto
Joe McPhee
Nascido em Miami em 1939, aos 8 anos tocava trompete. A partir de finais dos anos 1960 iniciou-se numa grande variedade de instrumentos (todo o tipo de saxofones, clarinete, trombone, piano), explorando tanto a música acústica como a electrónica.
Neste concerto apresenta-se a solo, registo em que tem trabalhado e editado desde meados dos anos 1970, tendo iniciado carreira em nome próprio no ano de 1969, com o clássico do free jazz Underground Railroad.
Influenciado por John Coltrane, Albert Ayler e Ornette Coleman (figura essencial no arranque do seu percurso), Joe McPhee é um dos mais relevantes espíritos livres e transgressores da forma e do vocabulário do jazz e de áreas que ele mesmo ajudou a tornar adjacentes. Colaborando desde cedo com músicos com preocupações estéticas e espirituais semelhantes, em direcção ao desconhecido e ao vibrante, trabalhou com a vanguarda da música electrónica dos anos de 1970, caso da Deep Listening Band de Pauline Oliveros, pioneira da música contínua.
O currículo de McPhee conta com mais de meia centena de álbuns, entre os quais muita obra em seu nome próprio na editora de jazz HatHut, fundada precisamente para lançar a sua música. Trabalhou com uma lista interminável de artistas seminais da música das últimas quatro décadas, sendo hoje, tanto ou mais do que no passado, um barómetro dos novos terrenos por onde o jazz caminha.
Quinta 4 de Junho de 2009
21h30 · Grande Auditório
João Paulo
toca Carlos Bica
João Paulo nasceu em Lisboa em 1961. Começou muito cedo os seus estudos musicais, na Academia de Santa Cecília, iniciando-se rapidamente no piano. Posteriormente, ingressou no Conservatório Nacional, onde, em 1984, obteve o diploma do Curso Superior de Piano com a classificação máxima.
Entretanto, tinha uma intensa actividade nas áreas do jazz e da música popular, participando em grupos de jazz, ensinando na escola do Hot Clube, apresentando-se no Cascais Jazz, acompanhando artistas como Fausto, José Mário Branco e Sérgio Godinho em espectáculos e gravações.
Foi para Paris aprofundar os seus estudos no Conservatório de Rueil-Malmaison onde obtém as mais altas distinções. E ficou por mais quatro anos, dando vários recitais em França e Estados Unidos, dos quais se destacam os de Nova Iorque (Carni Hall em 1986 e Carnegie Hall em 1989).
De volta a Portugal em 1992 continuou a colaboração com artistas como Sérgio Godinho, Vitorino, Filipa Pais, entre outros.
Na área do jazz tem trabalhado, por exemplo, com Tomás Pimentel, Mário Laginha, Maria João, Carlos Martins, André Fernandes, Carlos Barretto, Carlos Bica, Jorge Reis, Mário Franco, José Salgueiro, Bruno Pedroso e numerosos músicos estrangeiros, apresentando-se frequentemente em concerto, nacional e internacionalmente. A sua discografia enquanto líder conta com 9 álbuns.
Sexta 19 de junho de 2009
21h30 · Pequeno Auditório
Rafael Toral, John Edwards e Tatsuya Nakatani
Amplificador MT-10 modificado, sintetizador modular e circuito de ressonância modulada Rafael Toral
Contrabaixo John Edwards
Percussão Tatsuya Nakatani
O Trio formado por Rafael Toral, John Edwards e Tatsuya Nakatani aparece no ciclo “Isto é Jazz?” em estreia mundial, desafiando os limites do jazz, da música improvisada e electrónica. É um ensemble em que todos estão em pé de igualdade, com resultados tão imprevísiveis como a riqueza dos músicos que o compõem deixa supor.
Este tipo de formação (electrónica com contrabaixo e percussão) pode induzir em erro quem pensar que se trata de uma internacionalização do Space Trio de Toral, um grupo de inspiração free. Aqui apenas existe a junção de três músicos e três mundos muito pessoais. Não há dúvidas sobre a capacidade de qualquer um dos três em se relacionar com o jazz, cada um à sua maneira, mas este é um concerto que leva bem longe a resposta à pergunta que dá nome ao título deste ciclo.
Rafael Toral é um músico e artista que se notabilizou pelo trabalho com guitarra e electrónica, tendo sido considerado nos anos 1990 pelo Chicago Reader “um dos guitarristas mais dotados e inovadores da década”. Colaborou com John Zorn, Jim O’Rourke, Alvin Lucier, Roger Turner e Evan Parker, mantendo uma importante e duradoura parceria musical com Sei Miguel. Em 2004 lança o Space Program, uma pesquisa de longo curso sobre performance, silêncio, disciplina e estruturação do discurso musical com instrumentos electrónicos experimentais, numa abordagem marcada pelo valor da expressão física do corpo. Traçando uma orientação sem precedentes conhecidos, centra na “música electrónica pós-free jazz” o seu campo de trabalho.
John Edwards tem estado envolvido numa grande diversidade de projectos, seja na música escrita como na improvisada. É um dos mais solicitados baixistas da cena jazzística londrina. O seu nome figura em mais de 80 gravações e muito recentemente editou o seu primeiro CD a solo.
Tatsuya Nakatani é um dos mais originais percussionistas da actualidade, inventando muitos dos instrumentos que toca e desenvolvendo novas técnicas. A sua linguagem baseia-se na música experimental e improvisda, jazz, free jazz, rock, noise e também na música tradicional japonesa. Tem tocado por todo o mundo e em várias palcos de grande nome.
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