sexta-feira, 6 de março de 2009

Electro-Acústico



Trio Elf
746
Enja, 2008

Este simpático trio bávaro é formado por Walter Lang no piano, Sven Faller no contrabaixo e Gerwin Eisenhauer na bateria, a que se junta o engenheiro de som Mário Sütel, responsável pelo característico som de fusão do trio, que une o drum’n’bass com o jazz acústico e melódico.
Entre as suas influências contam-se, a fazer fé no trio, Johann Sebastian Bach, Thelonious Monk, Kaftwerk, Milton Nascimento e Paul Simon. Um cocktail aparentemente de difícil digestão!
Como noutros trios de sucesso recente (estou a lembrar-me do Esbjorn Svensson Trio ou dos Bad Plus), a receita proposta por estes alemães parte do pop e da electrónica e junta-lhes a subtileza e a criatividade de um trio de piano jazz acústico.
Para tal serve-se da criatividade de Gerwin Eisenhauer na bateria, um ex-aluno de Dave Weckl no Drummer’s Collective de Nova Iorque, cuja técnica procura reconstruir na bateria acústica a miríade de sons que nos acostumámos a ouvir em formato digital. Uma decomposição do jungle beat em versão acústica!
No piano pontifica o experiente Walter Lang, um músico de grande sensibilidade que sabe conjugar com mestria a criatividade exigida pelo projecto com um inegável romantismo e apelo melódico.
No contrabaixo encontramos Sven Faller, antigo colaborador de músicos como Jim Beard, Chico Freeman, Charlie Mariano, John Patitucci ou Bobby Watson, a quem incumbe estabelecer a ponte entre a irreverência rítmica de Eisenhauer e a melódica de Walter Lang.
O trio estreou-se em disco no ano de 2006 e também pela Enja, com o disco ELF, no qual teve ocasião de apresentar ao público a sua concepção electro-acústica do trio de jazz. A reacção da crítica e do público foi extremamente positiva, com uma recepção entusiástica mesmo na Alemanha. Um disco que fundiu o techno e o jazz num único estilo musical, nas palavras da revista Stereo.
A esta estreia auspiciosa seguiu-se, em 2008, este 746. Um disco onde o trio começa a procurar novos rumos para a sua música, que surge mais criativa, mais rica rítmica e melodicamente e sobretudo mais personalizada, na procura daquilo que já se pode começar a chamar o som ELF. Sintomática é a escolha do tema “The Man-Machine” dos seus compatriotas Kraftwerk , uma homenagem sincera ao pioneirismo destes avós do techno, do tema Azzurro do italiano Adriano Celentano, uma ousada intromissão no universo do techno-jazz kitsch, tão do gosto dos alemães (basta ouvir Carlos Bica para nos apercebermos de como o kitsch é importante nas correntes mais criativas do jazz alemão) ou ainda do Intermezzo Op. 116 de Brahms, aqui comandado pelos solos e linhas groove de Sven Faller no contrabaixo, a que Lang responde com um irresistível toque clássico do piano.
Um projecto original, criativo e muito sedutor.
Nas palavras apaixonadas de um crítico alemão: um trio que o mundo precisa de conhecer!
Oiçam o tema que dá nome ao disco, 746, com magníficas fotos da modelo Catia Duarte da autoria do fotógrafo português de Leiria, Nuno Boavida. Podem ver a sua obra em http://www.pbase.com/nunoboavida/root

Trio Elf – 746

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