domingo, 21 de dezembro de 2008

Simplesmente Jazz



Aldo Romano
Just Jazz
Dreyfuss Jazz, 2008

Aldo Romano nasceu em Belluno, na Itália, mas reside desde criança em França. A sua carreira musical iniciou-se logo nos anos 50, quando tocava guitarra e bateria nos bares de Paris. Mas foi após deixar a guitarra e iniciar a sua colaboração com Don Cherry, a partir de 1963, que granjeou fama, a que se seguiram importantes colaborações com Steve Lacy e Dexter Gordon. Acompanhou ainda nomes como Jackie McLean, Bud Powell, Lucky Thompson, J.J. Johnson, Slide Hampton, Woody Shaw e Nathan Davis. Em 1969 associou-se mesmo a um jovem e talentoso pianista, em ascensão: Keith Jarrett. Nos anos 70 dedicou-se à fusão, gravando o seu primeiro disco com líder, com Claude Barthélémy (Il Piacere, 1978). Entre as principais colaborações deste período contam-se as desenvolvidas com François Jeanneau, Jean-François Jenny-Clark, Michel Graillier, Henri Texier, Charlie Mariano, Philip Catherine e Jasper Van't Hof. Mais tarde gravaria com Bob Malach, Didier Lockwood e Jasper Van't Hof (Night Diary, 1980) e com Philip Catherine, Benoît Wideman e Jean-Pierre Fouquey (Alma Latina, 1983). O seu nome ficou igualmente associado ao de Michel Petrucciani, um jovem pianista que Romano descobriu no sul de França e apresentou a Jean-Jacques Pussiau, o produtor da editora Owl Records, com quem gravaria dois discos nos anos 80. No final da década fundou o seu quarteto italiano, com Paolo Fresu, Franco d’Andrea e Furio di Castri com quem gravou (para a Owl, para a Verve e mais tarde para a Label Bleu) To Be Ornette To Be, Water Dreams, Non Dimenticar, Prosodie e finalmente Palatino com Glenn Ferris e Paolo Fresu. Pelo meio ficaram colaborações com Claude Nougaro, Chet Baker e René Urtreger. Mais recentemente integrou o projecto Intrevista com Palle Danielsson, Stefano Di Battista e o jovem guitarrista brasileiro Nelson Veras.
O seu mais recente trabalho denomina-se Just Jazz e foi lançado em 2008 pela Dreyfuss Jazz. Além de Romano na bateria conta com Henri Texier no contrabaixo, Geraldine Laurent no saxofone e Mauro Negri no clarinete.
Este disco representa um regresso às origens para Romano. Às suas origens como músico de free jazz e não apenas como baterista. Uma abordagem musical como compositor, fortemente influenciado pelo seu passado mas também pela personalidade dos músicos que o acompanham. Para Romano a música é sempre uma expressão de colaboração.
O regresso ao free jazz é antes de mais, para Romano, a assumpção do risco, da liberdade criativa, sem narcisismos nem subterfúgios. A busca incessante do genuíno. Mas este regresso abrange ainda a revisita das raízes mais profundas do jazz no blues, destacando-se neste particular a inspirada presença do clarinete de Mauro Negri. Um músico que consegue criar algo de novo no seu instrumento sem nunca perder de vista a forte tradição que o blues e o jazz lhe associam.
Em suma, uma obra notável capaz de satisfazer os mais puristas saudosismos da genialidade dos anos 60 ao mesmo tempo que se mostra apelativa aos jovens inventivos que, não desprovidos de memória, se mostram sedentos de inovação.
Fiquem com um blues extraído de Just Jazz: Black And Blue de Harry Brooks, Fats Waller e Andy Razaf, com Aldo Romano na bateria, Henri Texier no contrabaixo, Geraldine Laurent no saxofone e Mauro Negri em destaque no clarinete. As belas fotos da noite novaiorquina são da autoria de Shatterbug e fazem parte do seu trabalho After Dark, City Lights. Podem vê-las em http://www.pbase.com/shatterbug/after_dark_city_lights

Aldo Romano – Black And Blue

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