segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Have You Met Mr. Jones?
Hank Jones Trio
15 de Novembro de 2009, 21.30h
Grande Auditório da Culturgest (Lisboa)
Hank Jones é uma enciclopédia viva do jazz. Com quase 1000 discos gravados, como líder ou sideman dos mais importantes músicos que, desde a década de 30 do séc. XX, passaram pelo género. Gravou com Charlie Parker. Integrou a banda de Coleman Hawkins entre 1947 e 1951. Acompanhou Ella Fitzgerald entre 1948 e 1953. Integrou a orquestra de Benny Goodman. Foi ele quem acompanhou Marilyn Monroe no famoso “Happy Birthday Mr. President” cantado a John F. Kennedy.
Durante a sua carreira tocou e gravou com quase todos os grandes nomes da história do jazz. O seu único lamento é não o ter feito mais com os irmãos, Thad e Elvin Jones, cada um deles uma lenda do jazz de direito próprio.
É um dos poucos músicos vivos que integram a famosa fotografia de Art Kane, A Great Day in Harlem, tirada em 1958 e onde constam músicos como Count Basie, Art Blakey, Dizzy Gillespie, Coleman Hawkins, Gene Krupa, Charles Mingus, Thelonious Monk, Gerry Mulligan, Lester Young ou Sonny Rollins (outro sobrevivente).
Musicalmente Hank Jones sempre integrou a denominada corrente mainstream do jazz norte-americano. Outra coisa não seria de esperar de um músico que integrou a Benny Goodman Orchestra e ficou indelevelmente associado à voz de Ella Fitzgerald. Mas quando se tem 91 anos de idade e mais de 70 de carreira isso não é um defeito, mas sim uma enorme coerência.
Ainda hoje, e apesar das notórias limitações que a idade lhe impôs, Hank Jones é uma referência no swing. Ouvi-lo é viajar no tempo e ter o privilégio de ouvir o jazz como ele era tocado nos swing years.
Apoiado em dois extraordinários músicos, o checo George Mraz, um dos grandes contrabaixistas da actualidade, e o norte-americano Willie Jones III (um “jovem” de 41 anos, meio século mais novo do que Hank Jones), Hank Jones consegue recriar a magia dos swingin’ sixties. Ouvimos as lendas de George Shearing, Dave Brubeck ou Oscar Peterson na Culturgest, através de outra lenda, Hank Jones.
Desde a selecção dos temas (que percorreram alguns dos mais importantes compositores da história do jazz, de Charlie Parker a Sonny Rollins, passando por Thelonious Monk e tantos outros) até à opção estrutural e intencionalmente clássica da respectiva apresentação, tudo se conjugou para que o público assistisse a uma verdadeira lição da história do jazz.
Aos 91 anos de idade Hank Jones sabe que está tecnicamente longe do seu apogeu. Mas a sua cultura musical e bom gosto é de tal forma extraordinária que seria lamentável que não fosse aproveitada para transmitir aos mais jovens uma preciosa lição de jazz. Por isso Hank Jones é um Jazz Master, distinguido pelo National Endowment of Arts, e uma Living Legend do Jazz Hall of Fame da American Society of Composers, Authors and Publishers, por isso recebeu um Achievement Award pelo Congresso Norte-Americano e um doutoramento honoris causa pela Universidade de Hartford.
Mas a garra e exuberância que porventura lhe faltem no piano são amplamente compensadas pelo incomparável swing, e pelo enorme talento de George Mraz no contrabaixo, a verdadeira vedeta do trio, assumindo grande parte da despesa melódica da apresentação com uma personalidade e destreza só ao alcance dos grandes tecnicistas, mas também de Willie Jones III na bateria, perfeitamente integrado num repertório e estilo de um tempo que não é o seu, mas que sabe interpretar com talento e criatividade, revelando assim uma sensibilidade e cultura musical notáveis.
Uma lição de jazz. - Thank you, Mr Jones.
Hank Jones & Joe Lovano
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