sábado, 17 de janeiro de 2009

Visceral



Julian Argüelles Quarteto
Hot Club de Portugal
5ª feira, 15 de Janeiro, 23.00h
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Nascido em 1966, em Birmingham no Reino Unido, Julian Argüelles iniciou a sua carreira musical nos anos 80, actuando em Big Bands, incluindo a European Community Big Band com a qual correu a Europa em espectáculos. Após uma passagem pelo Trinity College of Music integrou a banda Loose Tubes fundada por Graham Collier (Big Band da qual faziam parte o seu irmão Steve Argüelles, Iain Ballamy, Chris Batchelor, Django Bates, Steve Berry, Steve Buckley, Steve Day, Dave DeFries, John Eacott, Nic France, John Harborne, Lance Kelly, Thebe Lipere, Mark Lockheart, John Parricelli, Eddie Parker, Dave Powell, Dai Pritchard, Richard Pywell, Ashley Slater e Tim Whitehead) com quem gravou dois discos de grande sucesso no Reino Unido. Esta banda é frequentemente referida como um ponto fulcral no processo de renascimento do jazz britânico.
Em 1986 recebeu o prestigiado prémio Pat Smythe para jovens músicos.
O seu primeiro disco como líder, Phaedrus, contou com a presença do pianista consagrado John Taylor (que vai estar em Março entre nós para um concerto no Grande Auditório da Culturgest, a não perder!) e o segundo, Home Truths foi gravado em quarteto com Steve Swallow.
Julian Argüelles tem trabalhado com alguns dos mais prestigiados músicos de jazz de todo o mundo, como Archie Shepp, Tim Berne, Hermeto Pascoal, Steve Swallow, John Abercrombie, Dave Holland, Peter Erskine, Chris McGregor, Evan Parker, Mike Gibbs, John Scofield, Carla Bley, Dudu Pukwana, Arturo Sandoval, e Giorgio Gaslini. Sem esquecer as suas importantes colaborações com o português Mário Laginha que incluíram um concerto com a Orquestra Sinfónica de Lisboa especialmente escrito para si pelo pianista em 1995. Participou na gravação do disco Hoje de Mário Laginha, editado em 1994 a que este último retribuiu com participações nos discos Skull View (1997) e Escapade (1999) do inglês. Argüelles acompanhou ainda o duo Maria João & Mário Laginha em várias ocasiões, como no seu mais recente trabalho Chocolate (2008) e nos seus concertos de apresentação em Lisboa, Porto e Coimbra.
Presentemente Argüelles faz parte de várias Big Bands, como a HR Big Band de Frankfurt, a Kenny Wheeler Big Band, a Django Bates' Delightful Precipice e ainda a Colin Towns' Mask Orchestra.. Foi ainda docente na Royal Academy of Music, Guildhall School of Music and Drama, Glamorgan Jazz School, Edinburgh and Manchester summer schools and the Royal Conservatory, Den Haag. Colabora ainda com a Royal Northern College of Music e a York University.
A sua estreita colaboração com Mário Laginha tem-no trazido por inúmeras ocasiões a Portugal. Este é já o terceiro concerto que apresenta no Hot no espaço de pouco mais de um ano. Mas desta feita não contou com a presença do piano de Mário Laginha (ou de Bernardo Sassetti). Este foi substituído pela guitarra de André Fernandes, com quem aliás Argüelles editou o seu mais recente trabalho em disco, lançado na próxima semana pela TOAP e de que brevemente conto publicar algumas notas.
A mudança tornou o jazz de Argüelles mais visceral, ganhando porventura em força expressiva o que perdeu em elegância e sofisticação. O seu estilo muito pessoal de combinar a tradição melódica e rítmica do jazz clássico (ou não fosse Argüelles um músico de Big Bands) com uma notável criatividade e arrojo nas composições permaneceram intocadas. Mas foi notória a menor adaptação de André Fernandes ao repertório do inglês. Demasiado preso à pauta, hesitante mesmo nalgumas ocasiões, compensou com as suas inegáveis capacidades técnicas quando a ocasião lhe correu de feição. Mas faltou entrosamento de André Fernandes neste improvisado quarteto de Julian Argüelles… O mesmo não se poderá dizer de Bernardo Moreira (o qual está bem mais habituado a acompanhar o inglês) que esteve igual a si mesmo, isto é seguro, confiante, uma referência constante até para os seus companheiros de palco, libertos pela sua experiência e confiança para pertinentes voos solitários.
Apesar de programado Alexandre Frazão faltou à chamada, sendo substituído pelo jovem João Lobo. Como é seu habitual esteve seguríssimo, criativo e cheio de classe na bateria. Falta-lhe apenas uma pequena dose de confiança (a juventude aqui não perdoa) para se libertar nos solos e brilhar ainda mais alto como a estrela crescente do jazz nacional que já é. Um jovem carregado de talento.
E assim se passou mais uma bela quinta feira de jazz no Hot.
Fiquem com um novo vídeo, extraído do novíssimo disco de Julian Argüelles (sai esta semana). O tema chama-se Brushes e consta do álbum "Inner Voices" (TOAP/OJM, 2009), um disco onde Julian Argüelles toca tudo: saxofones, flautas, clarinetes, percussão e piano preparado. As fotos são de Guenter Eh http://www.pbase.com/guenter123/root

Julian Argüelles - Brushes

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