domingo, 11 de janeiro de 2009

Planície Jazz



Carlos Martins
Água
Iplay, 2008

Carlos Martins nasceu em Grândola, a 23 de Dezembro de 1961. Estudou música e clarinete na Banda Filarmónica de Grândola com o maestro Jorge Picoito, a partir dos 14 anos. Mais tarde ingressou nos cursos de saxofone e composição do Conservatório Nacional. Foi também aluno e mais tarde professor da Escola de Jazz Luís Villas Boas, do Hot Club de Portugal.
Fazendo do jazz a sua actividade principal, manteve uma forte ligação à música erudita e desenvolveu uma carreira em vários domínios musicais, tendo trabalhado com Constança Capdeville (Grupo Colectiva), Álvaro Salazar (Oficina Musical), João Paulo Santos (Solistas da Orquestra TNSC) e colaborado com o escultor António Quina e os coreógrafos Rui Horta e Vera Mantero. Compôs para cinema, teatro e dança.
Como músico de jazz fundou o Quinteto de Maria João (1983-1985), foi membro fundador do Sexteto de Jazz de Lisboa (1984) e os seus grupos integraram e/ou integram músicos como Carlos Barretto, Bernardo Sassetti, Mário Delgado e Alexandre Frazão. Entre os músicos estrangeiros, tocou com Ralph Peterson, Don Pullen, Cindy Blackman e Bill Goodwin, entre outros.
Dirige os seus próprios quarteto e quinteto. Fundou e é presidente e director artístico da Associação Sons da Lusofonia (1996), um projecto em que colaboram artistas dos PALOP, do Brasil e de Portugal.
A sua abertura conceptual e musical nunca o afastaram de modo decisivo da matriz modal, conservando uma considerável curiosidade por músicas fora da esfera do Jazz, particularmente pela música popular portuguesa. O conhecimento de outras músicas levou-o ainda a leccionar no New Jersey Performing Arts Center. É desde 2002 o director artístico da “ Festa do Jazz do São Luiz”.
Fez também música para cinema, sendo suas as bandas sonoras dos filmes Filha da mãe, de João Canijo (1991), PAX de Eduardo Guedes (1994) e Sétima Colina (1994).
Editou ainda obra literária, designadamente "Fado e Jazz: ‘Alone Together’", O Papel do Jazz; 3. Lisboa: Edições Cotovia (1998) e “O Saxofone como Metáfora “ Jornal Público 2005.


Água é o seu sétimo disco como líder ou co-líder, depois de Lisboa em Jazz (1991), Passagem (1996), Outras Índias (1997, juntamente com Vasco Martins), Sempre (1999), Caminho Longe (1998, com a Orquestra Sons da Lusofonia) e Do Outro Lado (2006). Editado pela Iplay, Água foi produzido pelo próprio Carlos Martins e conta com Alexandre Frazão na bateria, André Fernandes na guitarra, Nelson Cascais no contrabaixo, Bernardo Sassetti e Júlio Resende no piano e a participação especial de Pacman (do grupo da Weasel), além do saxofone tenor de Carlos Martins, como é óbvio.
Exclusivamente composto por originais do saxofonista, à excepção de dois temas “O Princípio” de Bernardo Sassetti e “Underwater Light” de Júlio Resende, é um disco elaborado, nas palavras do seu autor, a partir de temas “guardados na gaveta” há vários anos, alguns há mais de 10 anos. Por vezes meras ideias que ganharam vida nas mãos de um grupo coeso e talentoso de músicos, cada qual imprimindo a sua voz ao longo da gravação e criando um sentimento recíproco de pertença.
Um disco onde se sente o Sul, o Alentejo natal de Carlos Martins, o espírito da planície revisto e revisitado pelos talentos destes músicos, todos eles vozes maiores do jazz nacional.
A título exemplificativo deixo-vos o tema “Azul Mediterrâneo”, original de Carlos Martins que surge acompanhado por Júlio Resende no piano, além de Alexandre Frazão na bateria, Nelson Cascais no contrabaixo e de André Fernandes na guitarra. Magnífico exemplo desse casamento tão especial que Carlos Martins consegue fazer entre o jazz e a música popular portuguesa. As fotos são das cidades de Lisboa e Barcelona e da autoria do fotógrafo alemão Guenter Eh. Podem vê-las em http://www.pbase.com/guenter123/street

Carlos Martins – Azul Mediterrâneo

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