sábado, 24 de julho de 2010
TGB no CCB
TGB
10 de Junho de 2010, 22.00h
Cafetaria Quadrante – CCB (Lisboa)
TGB (não confundir com o comboio que ligará, um dia, Madrid a Alcochete… ou será ao Poceirão?) significa simplesmente tuba, guitarra e bateria, e é o nome escolhido por uma das mais originais e conseguidas formações da música nacional.
Com dois álbuns brilhantes gravados, o mais novo lançado este ano com o título “Evil Things” (oh yeah, i’m evil too!), os TGB estão longe de constituir mais um trio de guitarra, com a tuba a desempenhar o papel de contrabaixo.
A enorme mais-valia desta formação reside precisamente no facto de prescindir de uma liderança individual clara e teimar em distribuir as tarefas criativas pelos três elementos que a compõem, mesmo sabendo-se das dificuldades de protagonismo geralmente associadas a instrumentos como a bateria e a intimidatória tuba!
Mas Alexandre Frazão e Sérgio Carolino não são músicos vulgares… São dois fantásticos virtuosos dos seus instrumentos que acolhem de braços abertos o desafio, e o levam por mares nunca dantes navegados, levado pelas correntes da sua enorme inspiração e técnica.
Neste trio todos compõem, todos solam, todos contribuem de corpo e alma para a enorme energia transmitida pela sua música, com momentos verdadeiramente sublimes de técnica assombrosa e de rara inspiração.
Poucos trios conseguem exprimir-se com tal veemência no jazz moderno.
À enorme e conhecida versatilidade de Mário Delgado e Alexandre Frazão junta-se a surpreendente irreverência de Sérgio Carolino. O tubista tem talentos notórios e reconhecidos, dentro e fora de portas, no que à música clássica concerne. Mas isto de tocar música improvisada numa tuba, ainda por cima com a fluência exibida neste TGB, não é seguramente para todos!
O trabalho de Delgado é quase uma extensão daquele que desenvolve no trio Lokomotiv, de Carlos Barretto. No entanto este trio é fortemente marcado pela personalidade musical do contrabaixista, o que não sucede aqui. Outro guitarrista tenderia a assumir a liderança desta formação, até pelas limitações melódicas e harmónicas dos outros dois instrumentos. Não foi esse contudo o caminho escolhido por Mário Delgado, um músico que além de uma técnica incontornável possui uma notável capacidade de adaptação aos mais díspares ambientes musicais. Aqui trabalha extraordinariamente, mas sempre para o grupo, nunca em busca de protagonismo fácil. A sua guitarra soa contudo mais dócil neste TGB, quando comparada com o trabalho desenvolvido no Lokomotiv. O som é geralmente mais limpo, numa opção estética que permite à tuba complementá-la frequentemente, partilhando as funções melódicas de um modo mais assumido. A música dos TGB ganha bastante com isso.
Alexandre Frazão é aquele fenómeno que todos conhecemos. A sua busca de padrões, sonoridades e texturas na bateria é incessante e obstinada. Fá-lo com uma riqueza e clareza raras. Tais qualidades são amplamente aproveitadas em projectos com piano, como o trio de Mário Laginha ou de Bernardo Sassetti. Mas aqui deram-lhe rédea solta e este simpático luso-brasileiro de Niterói, revela-se um verdadeiro Mustang, na força, elegância e nobreza com que abraça a tarefa. No TGB Alexandre Frazão vai buscar toda a sua enorme bagagem musical e junta a subtileza textural do trio de Bernardo Sassetti com a energia bruta de Black Dog dos Led Zeppelin! Um assombro de vigor e talento.
Um concerto inspirado por uma das mais talentosas formações do jazz actual, nacional e internacional. Nada menos que perfeito.
TGB - Lilli's Funk Theme
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