quarta-feira, 28 de julho de 2010
All That Jazz!
Rodrigo Gonçalves Quarteto
24 de Junho, 22.30h
Ondajazz (Lisboa)
Rodrigo Gonçalves é um dos melhores pianistas do jazz nacional, embora por vezes pareça um pouco esquecido, ao lado de outros projectos mais mediáticos, como é o caso dos protagonizados por Mário Laginha, Bernardo Sassetti ou Júlio Resende.
E bem que o trabalho de Rodrigo Gonçalves merecia uma maior mediatização, porquanto o seu projecto Tribology, com um repertório integralmente composto por originais do pianista e integrando alguns dos maiores valores da música portuguesa, seguramente o justificariam.
O único reparo que merece é a constante alternância de músicos que compõem o projecto, que origina alguma irregularidade nas apresentações. Não obstante, a liderança do pianista é inequívoca e qualidade das apresentações irrepreensível, apesar da pouca homogeneidade dos ensembles apresentados.
Para este concerto no Ondajazz Rodrigo Gonçalves apresentou-se em quarteto, acompanhado por Alexandre Frazão, na bateria, Bernardo Moreira, no contrabaixo, e Desidério Lázaro, no saxofone tenor. Uma combinação perfeita!
O pianista encontra-se num raro momento de forma, como aliás já tive ocasião de salientar aquando da sua apresentação em Fevereiro no Casino de Lisboa, integrado no quinteto de Laurent Filipe. Desta feita, liderando o seu próprio projecto e tocando as suas composições, demonstrou um talento de excepção, que o coloca, sem quaisquer reservas, em perfeita igualdade com o que de melhor o país apresenta, em matéria de pianistas de jazz.
Rodrigo Gonçalves excedeu-se e soube puxar pelo talento dos músicos que o acompanhavam. O grande Alexandre Frazão esteve fantástico, como sempre, uma força da natureza capaz de se integrar com pertinência em qualquer repertório. Neste caso esteve nas suas “sete quintas” com temas inspirados no universo hard bop, que serviram perfeitamente à sua enorme capacidade de improvisação e de composição.
Desidério Lázaro é já um caso sério no panorama jazzístico nacional. Muito jovem ainda, afirma-se contudo como um tecnicista brilhante com uma notável capacidade de improvisação. Mais do que uma esperança, Lázaro é já incontestavelmente um dos melhores saxofonistas portugueses e demonstrou-o inequivocamente nesta apresentação. Secundado por uma secção rítmica excelente e de enorme experiência, o saxofonista teve oportunidade para se superar e assinar alguns dos momentos de maior brilho deste concerto. Esteve verdadeiramente endiabrado!
Falta apenas falar de Bernardo Moreira, um dos mais experientes contrabaixistas nacionais que, com toda a segurança que transmite às suas apresentações, esteve à altura dos seus galões e soube contribuir decisivamente para o enorme brilho desde quarteto. Ao lado de Alexandre Frazão, a secção rítmica eleita por Mário Laginha para o seu trio e quarteto, Bernardo Moreira eleva-se a um patamar qualitativo superior e revela-se um músico de excepção, particularmente feliz neste repertório “mainstream” onde se formou como músico e que continua a cultivar com uma assinalável coerência.
Um concerto soberbo por um quarteto que merecia ser imortalizado em disco.
Uma grande noite de jazz!
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