sábado, 1 de maio de 2010

Simplex


Nuno Costa Quinteto
19 de Abril, 20.00h
Teatro-estúdio Mário Viegas (Lisboa)
Festa do Jazz

Relativamente à apresentação do início do mês, no Festival TOAP, a única novidade introduzida pelo quinteto de Nuno Costa passou pela utilização do piano por Óscar da Graça, ao invés do habitual Fender Rhodes.
Esta mudança revelou uma faceta acústica da formação, não apagada pela presença da guitarra eléctrica de Nuno Costa e dos múltiplos efeitos electrónicos aplicados ao trompete por João Moreira.
O quinteto surgiu mais eclético, com um som mais limpo e atraente. Uma alteração subtil mas que permitiu encontrar novas acepções dos temas do guitarrista.
Claro que a mudança retirou algum do protagonismo que o teclista exibiu em anteriores concertos. Não obstante a maior subtileza do piano não retirou mérito à performance de Graça abrindo em contrapartida novos espaços para as improvisações dos instrumentos acústicos da formação, particularmente para o contrabaixo entregue ao experiente Bernardo Moreira, sem esquecer o trompete do mais jovem Moreira, que surgiu mais rico nas harmonizações e mais vincado nos solos. Mesmo as iniciativas individuais do guitarrista ganharam protagonismo e alcançaram uma nova profundidade, nesta versão mais acústica do quinteto.
Nuno Costa demonstra assim mais uma vez, depois da notória evolução tímbrica do disco para o actual quinteto, motivada pela substituição do saxofone pelo trompete, uma notável versatilidade, capaz de reinventar os seus temas de modo subtil através de uma constante busca de novas sonoridades que, sem surpresa, o conduzem invariavelmente para ambiências cada vez mais cinemáticas e imagéticas.
O guitarrista vai assim apurando a sua música, numa estética que tende para uma cada vez maior limpeza e simplicidade.
Parece-me sem dúvida um caminho seguro.

Nuno Costa - El Dorado, Diários de Uma Viagem (Intro)

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