quarta-feira, 12 de maio de 2010
Com o Pé Direito!
Donny McCaslin Trio
7 de Maio de 2010, 22.00h
Auditório Municipal Eunice Muñoz (Oeiras)
Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras 2010, Som da Surpresa
Começou em grande a edição 2010 do Som da Surpresa, Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras, com a presença do trio do saxofonista californiano Donny McCaslin.
Aluno e mais tarde colaborador de Gary Burton, Donny McCaslin distinguiu-se sobretudo pela participação em projectos colectivos, como a Maria Schneider Jazz Orchestra (com quem ganhou um Grammy) ou a Mingus Big Band.
Nunca rejeitou contudo a colaboração em ensembles mais pequenos, como provam a sua presença no grupo Steps Ahead, liderado por Mike Mainieri (outro vibrafonista, como Burton e o pai de McCaslin, que o iniciou nas lides musicais aos 12 anos de idade) no álbum Vibe (1995) ou as suas colaborações mais recentes com músicos como Dave Douglas, David Binney, Danilo Perez, Luciana Souza, Tom Harrell, Brian Blade, Pat Metheny ou John Pattitucci.
Como líder McCaslin estreou-se em 1998 com Exile & Discovery (com Bruce Barth, Ugonna Okegwo e Billy Drummond), a que se seguiram Seen From Above em 2000 (com Scott Colley, Ben Monder e Jim Black), The Way Through em 2004 (com Dave Binney, Anders Bostrom, Scott Colley, Adam Cruz, Doug Yates e Luciana Souza) e mais recentemente Give n’Go (com John Swana, Scott Colley e Gene Jackson) e Soar (com Shane Endsley, Luis Bonilla, Orrin Evans, Ben Monder, Antonio Sanchez, Pernell Saturnino, Luciana Souza e Dave Binney) em 2006, In Porsuit (com Dave Binney, Scott Colley, Ben Monder, Antonio Sanchez e Pernell Saturnino) em 2007, Recommended Tools (com Hans Glawischnig e Jonathan Blake) em 2008 e Declaration em 2009 (ao lado de Ben Monder, Scott Colley, Ed Simon, Antonio Sanchez, Pernell Saturnino e ainda uma brass band composta por Alex Sipiagin, Tatum Greenblatt, Chris Komer, Marshall Gilkes e Marcus Rojas).
Desta extensa lista de projectos e colaborações surge um único em trio, Recommended Tools, gravado em 2007 com Hans Glawischnig e Jonathan Blake.
Foi contudo em trio que McCaslin se apresentou em Oeiras, ao lado de dois músicos magistrais com quem tem mantido colaboração regular ao longo da última década, Scott Colley no contrabaixo e Antonio Sanchez na bateria. Uma secção rítmica de luxo que muito contribuiu para a enorme qualidade e criatividade da apresentação.
Desprovida de instrumento harmónico, a apresentação em trio exige naturalmente do solista um esforço maior, preenchendo com criatividade e ousadia os “silêncios” harmónicos inerentes à formação. Algo apenas ao alcance de músicos de excepção.
Foi seguramente o que sucedeu com a prestação de Donny McCaslin mas também com a extraordinária orgia rítmica fornecida por Colley e Sanchez, que, em vários momentos, demonstraram ser perfeitamente capazes de aguentar sozinhos as despesas do concerto!
Virtuosos como poucos, demonstraram uma criatividade invulgar permitindo a McCaslin desenvolver os seus solos quase como se estivesse acompanhado por um quarteto ou quinteto.
O saxofonista tocou apenas originais seus, alguns ainda não gravados, revelando uma enorme liberdade criativa na composição e sobretudo na interpretação. Solto das amarras voluntariamente assumidas em formações de maior envergadura, este Donny McCaslin em trio (sobretudo impulsionado pela fenomenal secção rítmica) mostrou ter asas para outros voos.
Sem nunca renunciar as suas raízes musicais nem se abandonar por completo à abstracção, mostrou ser dono não apenas de um fraseado amplamente variado e tecnicamente irrepreensível, como também de uma enorme capacidade de livre improvisação. O resultado foi um jazz fresco e estimulante, capaz de percorrer transversalmente géneros e influências diversas, e um público rendido ao virtuosismo e criatividade dos músicos em palco.
Um grande trio de jazz!
Donny McCaslin Group & Dave Douglas - Festival In 3 Parts
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