sábado, 24 de abril de 2010

Septeto do HCP na Festa do Jazz


SEPTETO DO HOT CLUBE DE PORTUGAL
18 de Abril, 22.30h
Festa do Jazz 2010
Teatro São Luiz (Lisboa)

Liderado pelo guitarrista madeirense Bruno Santos, director pedagógico da escola de jazz Luís Villas-Boas do Hot Club de Portugal, acompanhado por mais seis docentes daquela escola, este septeto foi seguramente uma presença oportuna no dia em que foi assinado o protocolo entre aquela instituição e a Câmara Municipal de Lisboa que irá permitir ao pioneiro clube dispor de uma nova sala na Praça da Alegria, depois do incêndio que destruiu a histórica cave que lhe servia de sede há mais de sessenta anos.
Emoções à parte há que dar os parabéns ao guitarrista pelo trabalho desenvolvido e que teve recentemente direito a ser imortalizado em disco editado pela TOAP.
Quem conhece a obra do guitarrista em trio, ou mesmo no quarteto/quinteto que tem mantido com o pianista Filipe Melo, não deixa de ser surpreendente constatar a versatilidade das suas composições e arranjos, que se transformam ao sabor das formações, dos belos sussurros free-bossa do Trioangular, até ao swing voluptuoso da parceria com Filipe Melo, passando, claro está, pelas referências free-bop que, de modo esclarecido e perspicaz, desenvolve neste septeto. Há uma linha desconstrutiva nas composições que denuncia a personalidade criativa do compositor, mas tudo o resto é surpreendentemente diverso, se bem que igualmente eficaz.
O desafio é tanto mais conseguido quanto se dirige a uma formação alargada de sete músicos, multiplicando assim as dificuldades e também, felizmente, as recompensas.
É certo que Bruno Santos recorre frequentemente ao desdobramento desta formação em sucessivos trios, quartetos e quintetos, o que poderá facilitar um pouco a tarefa. Não obstante não acredito que os fanáticos da polifonia dêem o seu tempo por mal empregue ao ouvir esta formação, ganhando com isso os restantes a possibilidade de apreciarem, de modo sucessivo e mais particularizado, as inegáveis qualidades de solistas dos vários músicos envolvidos.
Com um repertório quase exclusivamente composto por originais, que fundem de modo personalizado a tradição com a contemporaneidade, este septeto afirma-se assim como uma formação de méritos próprios digna de figurar entre os mais conseguidos projectos actuais do jazz nacional, reunindo duas gerações de músicos saídos da escola do Hot para o mundo e agregando as suas múltiplas experiências e sensibilidades musicais.
Um projecto com pernas para andar e que merece ser ouvido com a máxima atenção.

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