domingo, 11 de abril de 2010
Festival TOAP, Dia 1
Festival TOAP
2 de Abril de 2010, 22.30h
LX Factory (Lisboa)
Fundada em 2001 e liderada pelos irmãos Fernandes (André e Alex), a Tone of a Pitch tornou-se, em pouco tempo, um símbolo do jazz contemporâneo nacional.
Apostando claramente na originalidade da nova geração de músicos de jazz, saídos das diversas escolas do país e do estrangeiro, a TOAP ganhou o respeito e admiração da comunidade jazzistica pelo modo como soube apostar na qualidade e honestidade dos trabalhos que lhe foram apresentados, independentemente do seu potencial comercial.
A colaboração iniciada com a Orquestra de Jazz de Matosinhos permitiu-lhe alargar os horizontes, acrescentando ao seu portfolio músicos de reputação internacional como Joshua Redman, Mark Turner ou Chris Cheek a acrescentar a outros que já gravaram para a editora portuguesa como Dan Weiss, Julian Arguelles ou Akiko Pavolka.
É pois com particular agrado que assistimos à primeira edição do Festival TOAP, em Lisboa, na qual desfilaram seis projectos musicais nacionais de reconhecida qualidade, apostas seguras da editora, liderados respectivamente por Bruno Santos, Nuno Costa, Nelson Cascais, André Fernandes, Demian Cabaud e Jeff Davis.
No primeiro dia do festival actuaram os três primeiros.
Bruno Santos é um dos mais originais guitarristas portugueses, com o seu estilo personalizado e intimista, um rendilhado de emoções que por vezes parece uma desconstrução da bossanova. Baseou a sua apresentação no disco Trioangular, mas houve tempo ainda para ouvir alguns temas novos, superiormente acompanhados pelo rigor de Bernardo Moreira e Bruno Pedroso.
Nuno Costa, outro dos excelentes guitarristas da nova geração do jazz português, apresentou o seu trabalho (…) reticências entre parênteses, na companhia da mesma equipa que levou ao Festival Jazz.pt no passado Verão nos jardins do Hot: sem os nortenhos João Guimarães e Marcos Cavaleiro que o acompanham no disco e com o trompetista João Moreira e o baterista André Machado a substituí-los. O resultado foi semelhante ao que aqui comentei a propósito do Festival da simpática revista coimbrã: um jazz mais intimista, mais cinemático, mais ambiental até, por oposição à vertente mais bopista introduzida no disco pelo saxofonista da Orquestra de Jazz de Matosinhos.
Finalmente o contrabaixista Nelson Cascais apresentou o seu novo projecto, Nelson Cascais e os Cossacos, ainda sem edição em disco, também ele desfalcado de uma peça importante, o pianista Bernardo Sassetti apesar de programado não esteve presente e foi substituído pelo teclista Óscar Graça, membro do quinteto de Nuno Costa. Sem ponto de comparação com o contributo de Sassetti (foi a primeira vez que ouvi este novo projecto de Nelson Cascais) abstenho-me de tecer grandes considerações sobre as alterações introduzidas. Apenas refiro que se trata de dois músicos de estilo particularmente diferente, abstracto e ambiental com um toque de romantismo Bernardo Sassetti em contraste com o puro groove e forte paixão pela electrónica de Óscar da Graça. Não admira pois que o quinteto tenha soado acentuadamente eléctrico, fruto não só do Rhodes entregue a Graça mas também do timbre característico da guitarra de André Fernandes, e ritmado, numa condução segura do compositor e do baterista Marcos Cavaleiro, numa partilha constante do protagonismo entre o saxofone de Pedro Moreira e as já citadas guitarra e Fender Rhodes. Um projecto de inegável qualidade a redescobrir no futuro.
Resta pois dar os parabéns à TOAP e aos irmãos Fernandes, pelos 9 anos de vida da sua editora e por este novel festival, e esperar que esta tenha sido a primeira de muitas edições do Festival TOAP, com um catálogo cada vez mais alargado de músicos e estilos musicais, dentro, claro está, do universo da música improvisada que lhe serve de mote.
Nelson Cascais Quinteto - Sexta-feira 13
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