sexta-feira, 2 de abril de 2010

At the Alfama Jazz Band Ball


Desbundixie + Filipe Melo
27 de Março de 2010, 22.30h
Ondajazz (Lisboa)

A simpática banda leiriense de dixieland veio até Lisboa para uma apresentação no clube de jazz de Alfama, trazendo consigo a alegria e a empatia que caracterizam o género e os jovens músicos que compõem o grupo. Acompanhados do pianista Filipe Melo apresentaram, perante uma casa cheia, o seu mais recente repertório incluído no disco Up to Nine, editado no final de 2009 e que conta também com a participação da cantora Maria João em dois temas (Baby, Won’t You Please Come Home? e What a Wonderful World) e também alguns temas do disco anterior, Kick’n Blow, editado em 2007.
À falta da cantora as despesas vocais da apresentação ficaram por conta do jovem Pedro Santos e do seu inconfundível timbre de voz, que acumulou com o bandolim.
Nem a falta do tubista Daniel Marques, substituído por Gil Gonçalves nesse estranho mas imprescindível instrumento que no dixieland faz as vezes do contrabaixo, diminuiu a apresentação. Pelo contrário a equipa mostrou-se coesa, bem oleada e capaz de enriquecer a sua música com interessantes improvisações a cargo de todos, mas particularmente notáveis nos irmãos Cardoso, responsáveis pelo saxofone e clarinete.
A Desbundixie propõe-se recuperar a tradição pioneira do jazz de New Orleans, tal como foi apresentada pela Original Dixieland Jazz Band de Dominick James La Rocca, quando em 1917, pela primeira vez, gravou um disco de jazz, Livery Stable Blues, que deu o nome ao género e o pôs nas bocas do mundo.
Aliás, vários temas de La Rocca integram o repertório da banda, como At the Jazz Band Ball, Fidgety Feet ou The Original Dixieland One Step.
Ouvir a Desbundixie é assim desfrutar de uma aula de história do jazz e, garanto-vos, pouca vezes uma aula foi tão agradável de ouvir.
O novo trabalho discográfico do grupo alterna algumas composições mais recentes, como What a Wonderful World ou Georgia on my Mind (esta na verdade é de 1930, mas foi a partir dos anos 60, com as versões de Ray Charles ou Willie Nelson, que entrou no imaginário colectivo), com o cancioneiro Dixieland, talvez como homenagem ao grande Louis Armstrong, o mais representativo músico do jazz de New Orleans em todo o séc. XX, que serve igualmente de desafio para os dotes vocais de Maria João melhor se integrarem na estética musical do grupo.
O resultado é amplamente positivo e recomenda-se.
Um projecto meritório que segue agora para concertos na região centro (Leiria, Monte Real, Fonte do Oleiro e Porto de Mós estão na agenda do mês de Abril).
Não percam.

At the Jazz Band Ball, ao vivo na FNAC


What a Wonderful World, com Maria João

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