domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sombras de Chet


Laurent Filipe & “The Song Band”
26 de Fevereiro, 22.00h
Auditório dos Oceanos do Casino de Lisboa

Numa aposta rara no jazz nacional, o Casino de Lisboa levou ao palco do Auditório dos Oceanos o trompetista e compositor Laurent Filipe e a sua “The Song Band”, formada pelo pianista Rodrigo Gonçalves, pelo contrabaixista italiano Massimo Cavalli e pelo jovem baterista João Cunha, a que se juntou como convidado o guitarrista madeirense Bruno Santos.
É de louvar a iniciativa pela inegável qualidade dos músicos, a começar pelo líder Laurent Filipe, a que não será todavia alheio o facto de Filipe ter recentemente integrado o júri do programa “Ídolos”, naquela mesma sala do Casino de Lisboa.
Enfim, nada de mal em aproveitar a popularidade televisiva para divulgar o jazz, sobretudo quando tal se traduza numa efectiva conquista de novos públicos, como foi manifestamente o caso desta apresentação no Auditório dos Oceanos.
Não posso contudo deixar de referir, em abono da verdade, que o concerto, apesar do enorme empenho e qualidade técnica e interpretativa dos músicos envolvidos, para os jazzómanos habituais, onde me incluo, soube a pouco.
Na verdade tenho o maior respeito e admiração por Laurent Filipe (e pelos seus companheiros de palco) e, por isso mesmo, considero que seria expectável de um músico da sua craveira algo mais, num concerto importante como este, do que “standards”, sobretudo sabendo-se a sua enorme valia como compositor, demonstrada por exemplo na última Festa do Jazz do São Luiz, numa mini apresentação de 35 minutos, apesar disso soberba.
Não posso também deixa de estranhar que, sendo Filipe um trompetista excepcional, insista em apresentar-se como um cantor meramente banal.
É certo que houve tempo para alguns instrumentais (a versão apresentada de “A Luz” foi fantástica) e bem assim para solos extensos, não apenas do trompetista mas também de Rodrigo Gonçalves no piano (num momento invejável de forma!) e de Bruno Santos na guitarra (sempre uma mais valia em qualquer concerto), que souberam dar à apresentação um cheirinho a verdadeiro jazz!
Ainda assim soube a pouco, face à enorme qualidade reconhecida aos músicos envolvidos.
Poderá justificar-se que o objectivo do concerto não era apresentar um repertório mais técnico e vocacionado para um público conhecedor do jazz, mas antes proporcionar uma jornada mais ligeira de divulgação do género junto de públicos neófitos à estética jazzística.
Se assim foi o objectivo foi totalmente conseguido, face à boa adesão de público que encheu quase por completo o Auditório dos Oceanos.
Da minha parte, porém, esperava mais. E ficarei à espera de novos concertos onde possa desfrutar do Laurent Filipe compositor e trompetista exímio que já vi e ouvi em ocasiões anteriores.

Tema de Viúva - Laurent Filipe

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