sábado, 12 de dezembro de 2009
Lendas no Estoril
Cascais Jazz Legends
6 de Dezembro de 2009, 18.00h
Auditório do Centro de Congressos do Estoril
O Cascais Jazz renasceu.
Muito se tem dito sobre a temerária iniciativa de Duarte Mendonça, de bem e de mal, mas o festival esse, aí esteve para satisfação dos jazzómanos.
Perdeu-se o espírito da iniciativa histórica de Luís Villas-Boas, perdeu-se ainda a riqueza do cartaz, quer do Cascais Jazz original, quer ainda do mais novel Estoril Jazz, igualmente produzido por Mendonça.
Mas ganhou-se jazz, bem como a oportunidade de ouvir algumas das suas velhas glórias que passaram pelo palco do Pavilhão do Dramático de Cascais ao longo das décadas de 70 e de 80.
Pelo que, entre aplausos e apupos, a iniciativa passou por mérito próprio.
O prato forte do festival foi o concerto de encerramento, denominado “Cascais Jazz Legends” e protagonizado por músicos de renome, todos eles presentes nas edições do Festival entre os anos de 1972 e 1978. Transformou-se assim numa justa homenagem, não apenas àquele que foi, sem dúvida, o período áureo do Festival, mas também a um elenco de enormes músicos, que por lá passaram e que hoje, mais de trinta anos volvidos e entrados nos setentas e oitentas, bem a merecem.
Este quinteto denominado “Cascais Jazz Legends” foi formado pelo saxofonista Phil Woods, que com a sua European Rhythm Machine, por lá passou em 1972 (voltou em quarteto em 1980), pelo trompetista Lew Soloff, o mais jovem da formação com 65 anos de idade, que integrou a banda de Gil Evans que actuou em Cascais em 1976, pelo pianista Cedar Walton, que actuou em 1973 ao lado de Freddie Hubbard, Joe Henderson e Gary Burton, entre outros, pelo contrabaixista Rufus Reid, que acompanhou Dexter Gordon em 1978, e pelo baterista Jimmy Cobb, o decano da formação com os seus 80 anos de idade, que tocou em Cascais em 1973, acompanhando Sarah Vaughn.
Trezentos e setenta e cinco anos de experiência chegaram e bastaram para deixar rendida a audiência, que enchia por completo o auditório do Centro de Congressos do Estoril, mesmo quando as forças pareciam faltar.
Phil Woods, principalmente, revelou algumas debilidades físicas que o impediram de comparecer no encore e lhe retiraram a energia e fulgor que foram a sua imagem de marca. Restou contudo a técnica soberba e a enorme experiência que lhe permitiram acompanhar com brio e sabedoria os seus pares.
Também Cedar Walton revelou limitações, que o som não ajudou, rubricando uma actuação qb, sem iniciativas temerárias nos solos e jogando claramente à defesa.
No plano oposto estiveram Rufus Reid, imperial no contrabaixo, com uma técnica notável e um swing único e, sobretudo, Lew Soloff no trompete. Aproveitando o facto de ser o mais jovem em palco deu realmente mostras de juventude e irreverência nos solos, com destaque para os agudos que o celebrizaram, mas sempre irrepreensível na técnica e na entrega. Partiram dele os solos mais aplaudidos e os momentos mais conseguidos do concerto. Demonstrou estar numa forma notável.
Jimmy Cobb defendeu-se como os seus 80 anos lhe permitiram, mas conseguiu ainda finalizar a actuação com um solo revelador de que quem sabe, nunca esquece.
Uma homenagem sentida a um grande Festival e a uma grande geração de músicos.
A repetir.
Lew Soloff e Bill Evans - Barcelona 1976
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