Aqui fica a programação da Culturgest para o primeiro trimestre de 2010.
Para irem anotando nas agendas...
9 de Janeiro de 2010
18.00h - Grande Auditório
Joanna MacGregor
Pianista, compositora, maestrina, directora do Festival de Bath, Joanna MacGregor é uma das mais inovadoras artistas contemporâneas. Ao longo da sua carreira tem persistentemente criado pontes entre vários géneros musicais que desafiam as categorias tradicionais. Apresentou-se em mais de 60 países, em recitais ou acompanhada pelas melhores orquestras. Trabalhou com maestros como Pierre Boulez, Simon Rattle, Colin Davis ou Michael Tilson Thomas. Estreou obras emblemáticas de compositores que vão de Birtwistle a Django Bates, de John Adams a James MacMillan. Tocou com músicos de jazz, gravou com Talvin Singh, tocador de tabla e artista pop, viajou pela China com a companhia de dança contemporânea Jin Xing, de Xangai, para quem escreveu uma partitura combinando a música tradicional chinesa com música electrónica e filme. Em 2007 abriu o Festival de Jazz de Londres com Dhaffer Youssef, cantor árabe e virtuoso do oud e a Britten Sinfonia, num concerto que The Times classificou como “o futuro da música”. Gravou mais de 30 álbuns a solo, com obras de Bach, Scarlatti, Ravel ou Debussy, mas também de compositores contemporâneos e de músicos de jazz.
Em 2003 esteve no Festival Internacional de Música de Mafra.
No início de 2010, os CDs Live in Buenos Aires e Goldberg Variations de Bach, gravados no Mozarteum em Salzburg, serão editados pela Warner Classical and Jazz e distribuídos a pela etiqueta SoundCircus, que pertence à pianista.
O programa do recital deste fim de tarde é particularmente estimulante. Na primeira parte interpreta Prelúdios e Fugas de J.S. Bach retirados do 1º volume de O Cravo Bem Temperado, intercalados com os Prelúdios e Fugas que Chostakovitch escreveu em homenagem ao genial compositor alemão. A segunda parte é preenchida por bem conhecidos ritmos de dança do Brasil e da Argentina
Joanna MacGregor - Bach - Prelude & Fugue No. 19 in A Major BWV 864
10 de Janeiro de 2010
21h30 · Grande Auditório
Stefano Bollani Trio
Stone in the Water
Piano - Stefano Bollani
Contrabaixo - Jesper Bodilsen
Bateria - Morten Lund
Constituído há cerca de seis anos, este “trio dinamarquês” é uma das muitas formações através das quais, como líder ou sideman qualificado, o pianista italiano Stefano Bollani se tem afirmado no panorama actual do jazz internacional, gravando em 2009, pela primeira vez para a ECM, o álbum Stone in the Water, considerado pela crítica especializada um dos mais importantes do ano.
Nascido em Milão em 1972, Bollani começou desde muito novo a tocar piano como autodidacta mas aos 11 anos de idade matriculou-se no Conservatório de Florença. Desenvolvendo ali a sua formação musical académica e tendo-se graduado em 1993, o pianista interessou-se desde logo pelo jazz mas também pela música pop e pelas variedades, acompanhando vários cantores nesta área.
E foi o convite de Enrico Rava para fazer parte do seu grupo durante uma digressão a França que colocou o pianista na ribalta do jazz, iniciando então uma carreira imparável neste domínio, que já o levou a tocar em vários contextos e liderando os seus próprios grupos.
Possuidor de uma técnica pianística apurada, capaz dos maiores arrebatamentos líricos e de um fraseado virtuosístico impressionante, Bollani já participou em numerosos festivais em Itália e no estrangeiro, sendo habitualmente músico convidado de personalidades como Lee Konitz, Pat Metheny, Paolo Fresu, Phil Woods ou Gato Barbieri.
Neste concerto da Culturgest, será de esperar que o repertório de Stone in the Water esteja em primeiro plano, na diversidade das suas atmosferas, tão bem construídas pela criativa interacção de três músicos de excepção.
Stefano Bollani - Maple Leaf Rag
15 de Janeiro de 2010
22h00 · Culturgest Porto
Dave Burrell
Dave Burrell é dono de um vocabulário que percorre a história do jazz desde as suas raízes, o gospel, o blues, até às suas manifestações mais vanguardistas. É habitual vê-lo articular com a maior fluidez a aparente simplicidade de um boogie ou do ragtime com um trabalho rítmico, abstracto, metafísico, tributário tanto de Jelly Roll Morton como de Coltrane ou Leonard Bernstein.
Desde os seus tempos de estudante na escola de música de Berklee, atravessando a revolução do free e do jazz de vanguarda de Nova Iorque dos anos de 1960, até ao seu cruzamento com os músicos de Chicago do AACM (Association for The Advancement of Creative Musicians, criada em 1965 em torno de um grupo de músicos liderado pelo pianista Muhal Richard Abrams) em Paris pós Maio de 1968, até ao tempo presente, Burrell tem-se mantido, com altos e baixos de notoriedade, como um dos grandes pianistas da história do jazz.
Depois de uma fase de cerca de dez anos de relativo afastamento público, volta aos palcos estimulado pelo saxofonista David Murray no final da década de 1980. Ao longo da sua extensa carreira, Burrell participou em mais de 115 gravações, 30 das quais como líder.
Neste concerto apresenta, além de algumas das suas composições mais importantes, um repertório de vários standards de Gershwin, Monk ou Ellington, que vem revisitando e desconstruindo há décadas. Um solo de piano que funciona como uma preciosa oportunidade para ver a história da música de um país reinventar-se perante nós pelas mãos de quem tem ajudado a defini-la.
Dave Burrell Trio - Hangin'
25 de Janeiro de 2010
21h30 · Pequeno Auditório
Joe Morris e Barre Phillips
Guitarra Joe Morris
Contrabaixo Barre Phillips
Depois de abrir um novo capítulo na sua brilhante carreira, gravando o emblemático CD quádruplo com Anthony Braxton, Four Improvisations (Duo) 2007 (Clean Feed, 2008), Joe Morris prossegue os seus encontros com os mais originais criadores da actualidade, agora com o contrabaixista Barre Phillips, um dos mais importantes nomes da música improvisada das últimas décadas. Em conjunto gravaram Elm City Duets 2006, também para a Clean Feed (2008).
Nessa gravação, a música foi criada espontaneamente, num clima de respeito mútuo, por estes excepcionais improvisadores. Joe Morris é uma das mais relevantes figuras da actual cena avant-garde mundial, Barre Phillips é um músico de culto e figura histórica que tocou com os maiores, de Jimmy Giuffre a Eric Dolphy e Archie Shepp.
A admiração de Joe Morris por Barre Phillips transparece muita claramente no texto que escreveu para o álbum Elm City Duets. Mas essa admiração não o coloca numa posição de reverência ou de passividde quando toca com Phillips. O que se ouve no disco, e certamente acontecerá neste concerto, é um diálogo vivo entre dois iguais com contribuições incisivas de cada um deles.
Joe Morris nasceu em 1955, começando a tocar guitarra aos 15 anos. Participou em mais de 70 gravações, muitas das quais têm sido nomeadas como Disco do Ano por diversas publicações como Village Voice, Chicago Tribune, Wire, Coda, e Jazziz.
De entre os muitos músicos com quem trabalhou podem citar-se Anthony Braxton, William Parker, Matthew Shipp. Barre Phillips, Dewey Redman, Andrew Cyrille, Kidd Jordan, Fred Hopkins ou Ken Vandermark.
Barre Phillips é conhecido como uma lenda do contrabaixo contemporâneo. Foi o primeiro contrabaixista a gravar um disco a solo neste instrumento (Journal Violone, Opus One, 1968) e com Dave Holland gravou o primeiro disco em duo de contrabaixos (Music For Two Basses, ECM 1971). É um dos mais importantes nomes do free jazz e da música improvisada dos últimos 40 anos. Participou em mais de 150 gravações, 40 das quais enquanto líder.
Joe Morris Trio
30 de Janeiro de 2010
21h30 · Grande Auditório
Corey Harris & The Rasta Blues Experience
Teclados Christopher Whitley
Voz, guitarra Corey Harris Bateria Kenneth Joseph
Baixo Donovan Marks
Saxofone Gordon Jones
Um disco ouvido aos 12 anos com a mãe traçou a vida de Corey Harris. Na casa de Denver onde nasceu a 21 Fevereiro de 1969, uma lenda do blues enchia o ar de sons: Lightnin’ Hopkins. Iniciou assim um percurso que o levou desde os blues mais tradicionais até às mais contemporâneas expressões do género.
Formado em Antropologia, Corey Harris esteve nos Camarões, África, para uma pós-graduação em linguística e aí estudou as poliritmias complexas da música local. De regresso aos EUA começou a tocar profissionalmente em clubes de Nova Orleães.
Em 1995 gravou o primeiro disco para a Alligator. Between Midnight and Day é um álbum a solo, em torno do seu virtuosismo nas inúmeras variantes dos Delta Blues, o suficiente para ser apontado como um valor importante da nova geração de músicos de blues de invulgar versatilidade e cultura.
Em 1997 grava Fish Ain’t Bitin, onde mistura nas suas composições uma secção de sopros ao estilo típico de Nova Orleães. No ano seguinte colabora com a dupla Billy Bragg/Wilco no projecto Mermald Avenue, em torno da música de Woody Guthrie. Em 1999 grava Greens from the Garden com o pianista Henry Butler, que muitos críticos consideram ser o seu trabalho mais importante e onde os blues se misturam com o funk, R&B e até com reggae e hip-hop. No ano seguinte volta a gravar com Butler o soberbo álbum de blues do Delta intitulado Vu-Du Menz.
Na nova editora, a Rounder, regista em 2002 Downhone Sophisticate, de sonoridade eléctrica e onde explora influências africanas e latinas; seguem-se o maravilhoso Mississippi to Mali em 2003 e Daily Bread em 2005.
Uma viagem à Jamaica acaba por ser decisiva para o som dos dois álbuns que se seguem, ambos para a Telarc: Zion Crossroads em 2007 e Blu, Black, já em 2009.
Corey Harris é o protagonista de um dos episódios da série televisiva Blues, produzida por Martin Scorsese.
Keb Mo & Corey Harris - Sweet Home Chicago
2 de Fevereiro de 2010
21h30 · Pequeno Auditório
Josh White Jr.
Guitarra Josh White Jr.
Contrabaixo João Custódio
Josh White Jr. é o herdeiro da arte do seu pai, Josh White, o principal responsável nos anos 30/40 do século passado pela divulgação da folk negra e dos blues à América branca e ao resto do mundo. Nascido em 1940, depois de uma longa carreira apresenta-se como cantor, compositor, actor e guitarrista, da folk/blues, da pop, do jazz, para adultos e para crianças. É ainda professor e activista social. A verdade é que, aos quatro anos, o pai pô-lo, em cima de um banco, a cantar no célebre Café Society de Nova Iorque, o primeiro clube nocturno sem segregação entre negros e brancos. Em 1949 chega a um musical da Broadway, sempre com o pai, uma parceria que durou 17 anos.
A solo grava pela primeira vez em 1956 See Saw, para a Decca. Ente 1949 e 1960 aparece em cinco peças da Broadway e numa “off-Broadway”. Ganha um Tony Award logo em 1949, como o melhor actor infantil. Em 1961 já tinha actuado em mais de 50 dramas de TV mas decide focar-se na música, pois as oportunidades de emprego para actores negros adultos eram escassas. Em 1984 o disco Jazz, Ballads & Blues, de homenagem ao pai, é nomeado para um Grammy.
Faz o seu primeiro grande espectáculo na TV como músico num especial em 1979, na PBS. Em 1983 actua num musical biográfico do seu pai, Josh: The Man & His Music. Todos os anos faz questão de repor o espectáculo, que esgota sempre. Actua em escolas a divulgar a música do seu pai e também de outros pioneiros de Leadbelly a Woody Guthrie.
Após o 11 de Setembro de 2001, Josh gravou duas canções de seu pai, ícones da canção anti-racista norte-americana, The House I Live In e Free and Equal Blues, para uma compilação da Gateway Records , na sequência da qual foi o primeiro artista convidado a dar um espectáculo no Ground Zero.
Em Lisboa comentará filmes sobre seu pai, dará um espectáculo a ele dedicado e orientará uma master class de guitarra.
Josh White Jr. - Miss Otis Regrets
4 de Fevereiro de 2010
21h30 · Pequeno Auditório
Elijah Wald
Robert Johnson: Roots and Branches
Este é o homem que explica Como os Beatles destruíram o Rock’n’Roll, livro lançado em Maio de 2009 nos Estados Unidos. A tese do historiador e músico é que, a partir dos Beatles, a gravação passa a ser a verdadeira referência da música popular – e não o espectáculo ao vivo – e daí nasce outra realidade, onde o rock e seus sucedâneos passam a ser dominados por músicos brancos. Em contrapartida o soul, o disco e o hip hop ficam dominados por artistas negros.
Elijah Wald está a chegar à dezena de livros publicados e soma centenas de artigos em jornais e revistas dos Estados Unidos e Inglaterra, (foi durante dez anos o cronista da área do Boston Globe, agora escreve no Los Angeles Times).
Também biógrafo de Josh White, Elijah dedicou uma obra de referência à biografia do lendário músico de blues Jimmy Johnson, tema que o trará a Lisboa para uma palestra e um espectáculo.
Porque, para além de escritor e investigador, Elijah é também músico. Toca desde os sete anos e foi como músico de guitarra às costas que nos anos 1970 e 1980 andou a ganhar a vida na Europa, na Ásia, em África e na América Central. A experiência passou por uma banda de blues em Sevilha até dar espectáculos com um grupo rock num hotel do Sri Lanka!
Nascido em 1959, Elijah Wald é filho de um Prémio Nobel da Medicina (George Wald) e da bióloga Ruth Hubbard com quem escreveu um livro – Exploding the Gene Myth. Gravou dois discos: Elijah Walker: Songster, Fingerpicker, Shirtmaker, que só há em LP, e o CD Street Corner Cowboys.
Elijah Wald - Casey Jones
5 de Fevereiro de 2010
21h30 · Pequeno Auditório
Henry Butler
A devastação de Nova Orleães causada pelo furacão Katrina, em 2005, obrigou Henry Butler a deixar de viver na cidade da Louisiana onde nasceu a 21 de Setembro de 1949. O glaucoma que o atingiu à nascença não o impediu de ser músico aclamado.
Nomeado oito vezes para o prémio de melhor pianista do W.C. Handy Award (desde 2006 designado por Blues Music Award), o mais prestigiado troféu da área do blues, foi designado pelo “mítico” Dr. John como “o orgulho de Nova Orleães”.
Desde os seis anos de idade que Butler toca piano e desde sempre combina e desenvolve vários estilos. A sua biografia oficial apresenta referências que começam com o estudo com o Professor Longhair e passam por gente tão diferente como McCoy Tyner e mestrados de formação clássica-erudita em piano, trompete, trombone, percussão e voz. Assume que a sua música é uma amálgama de jazz, música das Caraíbas, do Brasil, de Cuba, da pop, do blues, do R&B...
Ao longo da sua carreira, são inúmeros os músicos de primeiro plano com quem trabalha, de Cannonball Adderley a Charlie Haden ou Jack DeJohnette, para indicar apenas alguns nomes.
A sua discografia é particularmente extensa, mas os exemplos marcantes mais recentes são Orleans Inspiration, de 1990, o notável Blues After Sunset em 1998 e o registo com Corey Harris de 2000 intitulado Vu-du-Menz, um trabalho profundo de exploração dos blues do Delta.
Seguiram-se o eléctrico The Game Has Just Begun, em 2002 e Homeland, em 2004, quando Butler, pela primeira vez, grava em estúdio com um grupo de blues e R&B e o recente PiaNOLA Live.
Henry Butler - The Entertainer
12 de Fevereiro de 2010
21h30 · Grande Auditório
Carlos Martins
Água
Saxofone Tenor Carlos Martins
Piano Bernardo Sassetti
Guitarra André Fernandes
Contrabaixo e baixo eléctrico Nelson Cascais
Bateria Alexandre Frazão
Nascido em Etiópia, no Alentejo, em 1961, o saxofonista e compositor Carlos Martins começou por estudar música e clarinete na Banda Filarmónica de Grândola, a partir dos 14 anos de idade. Tendo ingressado mais tarde nos cursos de saxofone e composição do Conservatório Nacional (Lisboa), estudou ainda na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, onde também foi docente. Desenvolvendo a sua carreira na área do jazz, em que tocou ao lado de inúmeros músicos portugueses e estrangeiros, Carlos Martins está também ligado à composição para o cinema e para o bailado, mantendo uma forte ligação à música erudita, domínios em que colaborou com Constança Capdeville, Álvaro Salazar, João Paulo Santos e os coreógrafos Rui Horta e Vera Mantero.
Quanto à sua actividade no jazz e em relação a este projecto, segundo as próprias palavras de Carlos Martins: “Ser músico de jazz é ter confiança no acaso. É aceitar a disciplina necessária para manusear o instrumento como se domina uma linguagem. É acreditar no erro como fonte de inspiração. É compreender o outro e aceitá-lo. É um diálogo permanente, sem palavras, do som e das cores que pintam os estados de espírito. É mesmo inventar esses estados em conjunto, libertando-nos do eu, sendo assim cada um mais o que realmente é. Como um quinteto a solo neste projecto, respiramos o mesmo ar e acertamos os nossos gestos e sonoridades fingindo o que deveras somos, um conjunto de impressões e solidões partilhadas. E fazemos disso a música que produzimos; e se a música gostar de nós faz-nos ser outras pessoas, com mais alegria. Trocamos identidades para dar à música o que tanto desejamos: a liberdade."
Carlos Martins - Azul Mediterrâneo
25 de Fevereiro de 2010
21h30 · Pequeno Auditório
The Fish
Saxofone alto Jean Luc Guionnet
Contrabaixo Benjamin Duboc
Bateria Edward Perraud
A música dos The Fish é o free jazz. Sem meias palavras, por mais que o termo assuste alguns. Free jazz, entenda-se, como estrutura, não como uma tradição. É um exemplo de como se pode fazer muito mais do que invocar o passado.
O duplo CD ao vivo que editaram na Ayler Records é o que se pode classificar como um acto de coragem. Os seus concertos deixam o público a ofegar, num êxtase total. Os The Fish são um grupo raro no panorama do jazz europeu pela organicidade e crueza da sua abordagem, menos virada para a cabeça e mais para o coração.
O primeiro impacto junto do ouvinte surge do som brutal, e logo a seguir do ritmo e das dinâmicas que utilizam na sua música. Que dá vontade de dançar ou, pelo menos, que nos faz abanar o corpo, numa experiência fundamentalmente física.
Na revista Wire (uma publicação de referência na música do nosso tempo), Julian Cowley disse deles que “não há nada de redundante na estamina, alta tensão e na sinuosa fluência da música dos The Fish.” E Henrik Kaldahl na Jazznett.com deixa o alerta: “os The Fish são uma bomba”.
Dando seguimento ao objectivo de surpreender o público deste ciclo, “Isto é Jazz?”, e mostrar as novas formas que o jazz pode assumir, metamorfoseando-se a todo o momento, apresentam-se os The Fish, o free jazz no século XXI com energia rock.
The Fish - Jazz a Mulhouse 2006
5 de Março de 2010
21h30 · Pequeno Auditório
Norberto Lobo
Guitarra acústica de 6 e 12 cordas, tambura Norberto Lobo
Guitarra acústica Guilherme Canhão
Vibrafone, percussões, outros objectos Ian Carlo Mendoza
Norberto Lobo (Lisboa, 1982) torna sua uma panóplia de tradições, no sentido em que passaram a constituir parte de si próprio, da sua música. É como se nele morassem várias músicas primitivas, mas elaboradas, filtradas pelas escolas da folk, trabalhadas técnica e harmonicamente com sofisticação.
Guitarrista de todas as guitarras, a solo, Norberto Lobo dedica-se às acústicas. Na sua música estão lá Carlos Paredes e o Tejo; Paulinho da Viola e noites e tardes e manhãs do Brasil; John Fahey, Charley Patton e o blues como matriz primordial para dor e ardor, ladeados por som de toda a África e de ilhas esquecidas. Mas está algo mais, algo de outro para além disso. Um amor por todas as músicas e todos os músicos que vivem deste negócio de sentir para pôr em prática, para sentir outra vez e mais.
Gravou dois CD’s, Mudar de Bina (Borland, 2007) e Pata Lenta (Mbari, 2009), muito aclamados pela crítica e pelo público.
Para este concerto traz consigo, para a interpretação de algumas peças, dois convidados com quem colabora regularmente no trio Trigala. Ele próprio toca tambura, instrumento de cordas de origem indiana, feito à mão, e que lhe foi oferecido por um admirador na Dinamarca.
Norberto Lobo - Mudar de Vida
25 DE MARÇO de 2010
21h30 · Grande Auditório
Vinicio Capossela
Solo Show, de Pier Paolo Pasolini
“Solo Show não foi buscar inspiração ao circo (…) mas às tendas que eram colocadas ao redor do circo no tempo dos espectáculos dos Barnum (…). Nessas tendas ao lado exibiam-se prodígios, aberrações e animais esquecidos por Noé. ‘A vaca de cinco patas’, ‘o porco com duas cabeças’, ‘a cabra de um só corno’. Criaturas para apenas serem mostradas, porque não tinham outros talentos.
Solo Show é também uma criatura de duas cabeças, dividida por um interlúdio burlesco – 15 minutos de ilusionismo. (…)
Na primeira parte as atracções espelham o interior do homem. Toda a sua alma emerge na sua cara, tornando-o um monstro, como todas as criaturas múltiplas que são três coisas numa, mas nenhuma das três. (…)
A segunda parte é o tempo de aparecerem as atracções que estavam representadas no cenário que é içado no intervalo: ‘o peixe gelatinoso’, o ‘polvo apaixonado’, ‘a sereia dos abismos’, ‘o Minotauro’. (…)
Chama-se Solo Show porque vamos ter que lidar com ele sozinhos, segurando-nos bem, tanto no palco como na plateia. E também porque, afinal, é apenas um espectáculo.”
Extractos de um texto sobre o show escrito pelo próprio Vinicio Capossela
Capossela esteve na Culturgest, num espectáculo memorável que esgotou o Grande Auditório, em Novembro de 2007. Volta com o seu novo trabalho, um espectáculo musical circense, porventura ainda mais belo e fantástico que o anterior, com música do seu último CD, Da Solo (Outubro de 2008). Solo Show já foi apresentado, com enorme sucesso (em seis meses, entre 2008 e 2009, foi visto por mais de 100 000 espectadores), em Itália, na Suíça, na Bélgica, em França, na Alemanha, no Luxemburgo, na Grã-Bretanha, em Espanha. No final de 2009 foi editado um conjunto DVD+CD intitulado Solo Show Alive.
Vinicio Capossela - Solo Show Alive ( Una Giornata Perfetta + Il Paradiso dei Calzini)
26 DE MARÇO de 2010
21h30 · Grande Auditório
Fred Hersch
Recital a Solo
Está só ao alcance dos raros talentos do jazz um recital de piano-solo de grande duração. Instrumentista de impressionante destreza técnica, sabendo extrair do piano vários cambiantes tímbricos e assim criando os diferentes estados emocionais que só este instrumento nos pode ofertar, o pianista norte-americano Fred Hersch alcançou, sem dúvida, o estatuto desses raros, tendo já tocado em salas prestigiadas como o Carnegie Hall de Nova Iorque ou o Concertgebouw de Amesterdão.
Transformando positivamente a variação e a improvisação jazzística num apaixonante estado de criação e composição instantânea, Hersch faz parte ainda daqueles eleitos para os quais o teclado pianístico se torna uma verdadeira orquestra e as peças que vai buscar à inspiração de terceiros se transformam em composições próprias, com uma marca de origem inconfundível.
Grande cultivador das baladas, amplo conhecedor do variadíssimo repertório dos standards e compositor de grande e singular sensibilidade, não admira que, para além de dirigir formações instrumentais próprias, de muito diferente configuração, Fred Hersch tenha tocado ao lado de grandes figuras do jazz, como Stan Getz, Joe Henderson, Art Farmer, Toots Thielemans ou Jane Ira Bloom, entre tantos outros.
De uma discografia volumosa e diversificada, alguns álbuns ficaram que retratam a multiplicidade dos seus interesses musicais: a trilogia Songs Without Words, Leaves of Grass (inspirado em Walt Whitman) ou Night and the Music, pertencem ao número dos mais inspirados.
Fred Hersch - So in Love (São Paulo, 2002)
Fonte http://www.culturgest.pt/index.html
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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