quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Luas
El Fad
29 de Julho de 2010, 22.00h
Cafetaria Quadrante - CCB (Lisboa)
El Fad é um dos mais irreverentes projectos musicais nacionais, liderado pelo ex-guitarrista dos Madredeus José Peixoto.
A oscilar entre o jazz e a música étnica, constitui uma ousada incursão pela moderna música de fusão em que as fronteiras culturais e geográficas se esbatem e o som se enriquece. O respeito pelos rótulos desaparece e a música agradece.
Com um disco lançado há poucos dias, Lunar editado pela novel editora JACC, a apresentação incidiu naturalmente nos novos temas, embora houvesse oportunidade para ouvir algumas composições incluídas em trabalhos anteriores, como o magnífico Lua, Que Tens? igualmente utilizado no novo disco do projecto Adufe, de José Salgueiro, onde participa também Peixoto.
O projecto revela influências díspares, como aliás seria de esperar dada a origem diversa dos músicos em palco. A escola clássica está presente pelo contrabaixo de Miguel Leiria Pereira, a música popular por José Peixoto e José Salgueiro, o jazz também por Salgueiro e pelo novo contrabaixista António Quintino e a música improvisada contemporânea pelo violino do veterano Carlos “Zíngaro”.
Assim se compreende melhor esta ousadia de propor um quinteto com dois contrabaixos. Leiria Pereira usa frequentemente o arco, assumindo sobretudo funções harmónicas. Já Quintino, oriundo da escola do Jazz, encarrega-se mais das funções rítmicas, alternando ambos nos solos.
Deste modo a adição de um novo membro ao quinteto não alterou em muito a linha musical do projecto, antes enriqueceu a sua sonoridade, sobretudo ao nível das harmonias, com o uso mais intensivo do arco no contrabaixo de Miguel Leiria Pereira.
De resto El Fad permanece fiel aos seus princípios: uma homenagem à presença da cultura musical árabe na tradição lusitana, servida com enorme talento e criatividade pela guitarra (quase um oud) de José Peixoto e completada pela exuberância de José Salgueiro na percussão, pela ousadia e experimentação de “Zíngaro” no violino, e pelo rigor e competência dos contrabaixistas, nas suas renovadas funções.
A sala da Cafetaria Quadrante foi pequena para tanto público que se deslocou ao CCB a fim de comprovar a enorme qualidade musical deste projecto.
Pena é que El Fad continue a constituir essencialmente um projecto admirado por músicos, por melómanos inveterados e por críticos iluminados. O grande público esse permanece aparentemente indiferente aos enormes predicados de um grupo, capaz de produzir alguns dos mais belos e refinados sons que se produzem em Portugal.
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