quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Improvisos ou Improvisações?


Danilo Perez Quintet
16 de Julho de 2010, 21.00h
Praça do Museu - CCB (Lisboa)

DANILO PEREZ piano
ADAM CRUZ bateria
BEN STREET contrabaixo
RUDRESH MAHANTHAPPA saxofone alto
ROGERIO BOCCATO percussão
SARA SERPA, voz

Considerando a enorme valia dos músicos em palco, com destaque para o pianista panamiano Danilo Perez e para o saxofonista indiano Rudresh Mahanthappa, confesso que este concerto me desiludiu bastante.
Desde logo um reparo para a organização que, aproveitando a ampla Praça do Museu no CCB, montou o palco ao ar livre, num espaço aprazível e acusticamente aceitável. Porém esqueceu-se de colocar, ao menos, umas cadeirinhas para aqueles que se dispuseram a pagar bilhete para assistir a um espectáculo, num espaço geralmente reservado a apresentações gratuitas.
Valeram os muros, que permitiram a improvisação de um balcão. Caso contrário teríamos que nos resignar a sentar no chão, como aconteceu com muitos dos pagantes…
Um lamentável improviso de Verão.
Assim as improvisações dos músicos rivalizassem com as da organização. Mas também aí as coisas não correram muito bem.
Sem questionar a enorme capacidade técnica de Danilo Perez, o concerto decorreu morno, sem chama e sem criatividade por aí além. Um mero repertório de clássicos do jazz latino, em jeito de jam session, mais a puxar para o ensaio geral.
Um dos maiores atractivos da apresentação era a presença de Rudresh Mahanthappa na formação, um saxofonista indiano capaz dos maiores arrojos estéticos e técnicos, habituado a interpretar um jazz de fusão de grande originalidade e fino recorte.
Mas não houve ragas no CCB. Mahanthappa a espaços ainda puxou pelo quinteto, deixando bons apontamentos nos solos daquilo que sabe fazer e que conhecemos dos seus discos. Mas em metade dos temas não tocou e naqueles em que esteve presente ficou a sensação de ser ele sozinho a puxar pelo público e pelos músicos.
Perez a solo também soube dar um ar da sua graça, mas o quinteto raras vezes empolgou, limitou-se a cumprir calendário em ritmo meramente informal.
A presença de Sara Serpa como convidada também não ajudou à festa. Notoriamente desintegrada na formação limitou-se a efectuar uns scats, por vezes à procura do tom adequado. Para esquecer.
Depois da falha imperdoável da organização, o público presente merecia seguramente mais.

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