quinta-feira, 10 de abril de 2008

Bruno, Filipe e Companhia


Bruno Santos & Filipe Melo Quarteto com Perico Sambeat
25 de Setembro de 2007 – 23.00h
Hot Club – Lisboa
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Este concerto esteve integrado no âmbito da digressão nacional do Quarteto Bruno Santos & Filipe Melo com o saxofonista Donald Harrison. Porém, por impossibilidade do norte-americano estar presente foi substituído pelo também saxofonista, mas espanhol, Perico Sambeat, outro nome sonante do jazz internacional.
Assente no mesmo reportório apresentado no Barreiro, este concerto, se outros atributos não tivesse, serviria na perfeição para atestar as enormes potencialidades criativas do jazz (e dos seus bons intérpretes…). Na verdade foi interessantíssimo verificar como, mantendo-se os temas e quatro dos seus cinco intérpretes (entre eles os compositores…), e mudando-se apenas um dos solistas, o saxofonista, ainda assim pudemos assistir aos dois concertos com a convicção plena de estarmos perante duas obras musicais perfeitamente distintas. Quem estivesse menos familiarizado com as composições até poderia julgar tratar-se de temas diversos…
Não se trata de saber quem toca melhor, se Donald Harrison ou Perico Sambeat. Tocam ambos magnificamente, cada um embebido no seu próprio estilo, fruto das suas diversas identidades culturais e das diferentes escolas musicais que representam.
O mais revelador para mim, nestas circunstâncias especiais, é aperceber-me com tanta clareza de como tocam diferente!... E de como essa diferença pode transfigurar por completo uma apresentação essencialmente igual. Donald Harrison toca blues, carregado de swing, negro até na alma… Perico Sambeat é um músico de alma latina, melódico mas poderoso (às vezes faz lembrar Gato Barbieri), brilhante mas contido… Ambos virtuosos mas extraordinariamente diferentes.
Quanto ao resto da trupe, ainda por cima a jogar em casa, esteve brilhante como já nos habituou. Bernardo Moreira soltou-se, com vários solos memoráveis, sem nunca perder o rigor e a classe a que nos habituou. Filipe Melo esteve exuberante como é hábito, notável nos solos e na boa disposição de sempre. Bruno Santos é pura filigrana na guitarra, um jovem cheio de classe que a espaços faz lembrar John Abercrombie (embora ele prefira Jim Hall nas referências…). Finalmente Bruno Pedroso esteve excelente, integrado de modo perfeito na performance do grupo. O Hot esse esteve à pinha e com aquele ambiente único que só a sala da Praça da Alegria consegue proporcionar. Uma grande noite de jazz…

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