segunda-feira, 27 de abril de 2009

Paula Sousa & Friends



Paula Sousa & Friends
Hot Club (Lisboa) – 29 de Abril, 23.00h
Braço de Prata (Lisboa) – 30 de Abril, 22.30h

Paula Sousa frequentou o Conservatório, passou pela música pop nacional, e começou a tocar jazz no princípio do novo milénio. Estudou na Escola do Hot Clube, e completou o curso em Jazz Performance na Berklee College of Music em Boston.

A sua música denota múltiplas influências para além do jazz. Paula Sousa, pianista e compositora, reúne numa formação standard do jazz contemporâneo, a irreverência do rock, com a universalidade da música clássica, dando-lhe um peculiar sabor português.

Oferece um repertório de originais, em que a emoção dá lugar a uma liberdade artística honesta, fora dos compromissos estéticos habituais. Uma reciclagem de som luso, que reformula o conceito de importação.

Paula Sousa – Quase Primavera
Quase Primavera - Paula Sousa

domingo, 26 de abril de 2009

OJM em Matosinhos



DUKE ELLINGTON
Pela Orquestra Jazz de Matosinhos
Bflat Jazz Club
27 de Abril 2009, 23h
Matosinhos

Criada em 1999, a Orquestra Jazz de Matosinhos é uma das mais dinâmicas formações do jazz português actual. Sob a direcção de Carlos Azevedo e Pedro Guedes, a orquestra desenvolve uma linha de orientação que privilegia a criação de um repertório próprio e a organização de projectos específicos, para os quais vem convidando solistas, maestros e compositores de relevo internacional. Pela diversidade e imaginação dos programas que apresenta, pela edição discográfica internacional regular e pelo crescimento continuado, a OJM cumpre já a função de uma verdadeira orquestra nacional de jazz.

Destes quase dez anos de actividade, destacam-se o concerto de encerramento da Porto 2001, a recriação de Sketches of Spain com o Remix Ensemble, a apresentação da música de Carla Bley, a gravação com Lee Konitz do CD Portology para a norte-americana Omnitone, os muitos concertos com Lee Konitz, a gravação do CD OJM invites Chris Cheek para a Fresh Sound New Talent, o concerto com John Hollenbeck, o concerto com Dee Dee Bridgewater, o concerto que juntou a OJM à Orquestra Nacional do Porto, concerto com Kurt Rosenwinkel e ainda o recente concerto com Joshua Redman e Chris Cheek na inauguração do Cine-Teatro Constantino Nery em Matosinhos. A OJM foi ultrapassando fronteiras e actuou em Bruxelas, Milão e em Nova Iorque, no Carneggie Hall, no JVC Jazz Festival.

Para mais vídeos da OJM vejam http://www.ojm.pt/gca/?id=11

OJM e Orquestra Nacional do Porto – Jump, de Rolf Liebermann – Dir. Alexander Shelley
Casa da Música, 28 de Março de 2008

Agenda Semanal (27 de Abril a 3 de Maio)


2ª feira, 27 de Abril
23.00h – B Flat (Matosinhos) – Orquestra Jazz de Matosinhos

3ª feira, 28 de Abril
21.45h – Coliseu (Lisboa) – David Byrne
22.30h – Ondajazz (Lisboa) – Big Band Reunion

4ª feira, 29 de Abril
18.00h – Fnac Santa Catarina (Porto) – Nelson Cascais
18.30h – Fnac Cascais – Farra Fanfarra
21.00h – Fnac Funchal – Joana Machado
22.00h – Fnac Colombo (Lisboa) - Dazkarieh
22.30h – Fnac Norteshopping (Matosinhos) – André Fernandes
22.30h – Braço de Prata (Lisboa) - Daniel Hewson Quarteto
22.30h – Braço de Prata (Lisboa) - Bega Blues Band
22.30h – Ondajazz (Lisboa) - Triângulo
23.00h – Hot Club (Lisboa) – Paula Sousa & Friends
23.00h – B Flat ( Matosinhos) – B Flat House Trio

5ª feira, 30 de Abril
17.00h – Fnac Chiado (Lisboa) – Mikado Lab
22.30h – Braço de Prata (Lisboa) – Paula Sousa Quarteto
23.00h – B Flat (Matosinhos) – André Sarbib
23.00h – Hot Club (Lisboa) – Desidério Lázaro Quarteto
Desidério Lázaro (st), João Firmino (g), João Hasselberg (ctb), Joel Silva (bat)
23.00h – Ondajazz (Lisboa) – Duonde (Celina Piedade e Mick Mengucci)
23.30h – Braço de Prata (Lisboa) - Gonzaga Coutinho

6ª feira, 1 de Maio
22.00h – Casa da Música (Porto) - The Last Poets
Abiodun Oyewole (voz), Umar Bin Hassan (voz), Babatunde (perc, voz), Jamaaladeen Tacuma (b) Shannon Jackson (bat), Robert Irving III (tec)
22.00h – Braço de Prata (Lisboa) - Caroline Dawson
22.30h – Braço de Prata (Lisboa) – Júlio Resende e convidados
23.00h – Hot Club (Lisboa) – Desidério Lázaro Quarteto
Desidério Lázaro (st), João Firmino (g), João Hasselberg (ctb), Joel Silva (bat)
23.30h – Rock & Shots (Cascais) – Couple Coffee
23.30h – Ondajazz (Lisboa) – Taparuja - Martina Lupi e Fábio Gagliardi
24.00h – Braço de Prata (Lisboa) - Quarteto Luís Barrigas
01.00h – Braço de Prata (Lisboa) - KORASONS "Afro fusion world music with life and soul"

Sábado, 2 de Maio
22.30h – Braço de Prata (Lisboa) – Free Fucking Notes – Marta Plantier e Luís Barrigas
22.30h – Braço de Prata (Lisboa) - IRB ENSEMBLE, sob a direcção de José Ernesto Rodrigues
23.00h – Hot Club (Lisboa) – Desidério Lázaro Quarteto
Desidério Lázaro (st), João Firmino (g), João Hasselberg (ctb), Joel Silva (bat)
23.30h – Ondajazz (Lisboa) – Sofia Vitória
Júlio Resende (p), Sofia Vitória (voz), João Custodio (ctb), Bruno Pedroso (bat)

Domingo, 3 de Maio
20.00h - Museu do Trajo (São Brás de Alportel) - Desidério Lázaro 4teto
22.30h – Ondajazz (Lisboa) - Guents dy Rincon

Integridades II



Jacques Loussier Trio
Sábado, 25 de Abril, 23.30h
Grande Auditório do CCB (Lisboa)
*****

Após 50 anos de carreira e mais de seis milhões de discos vendidos, Jacques Loussier transformou-se seguramente numa instituição, como o comprova a entusiástica recepção que obteve neste concerto no CCB.
Aquilo que foi controverso em 1959, afirma-se hoje quase como consensual. Loussier é um excelente intérprete de Bach e a sua visão jazzística do barroco, longe de beliscar a integridade do legado musical de Bach, enriquece-o, adicionando belíssimos elementos interpretativos ao património bachiano, que remanesce intocado na sua genial autenticidade.
A paixão de Loussier pelo génio do compositor de Eisenach é conhecida. Porém, ao contrário de outros que a desenvolvem no aperfeiçoamento minucioso de uma interpretação literal das pautas (como se estas pudessem transmitir a essência artística do intérprete), o francês decidiu, há 50 anos atrás, homenagear Bach à sua maneira: contemporanizando-o, alargando o leque dos seus potenciais ouvintes, propondo novas acepções da sua obra.
Nisto se aproxima do jazz. Pela ousadia recriativa, pelo carácter improvisacional de boa parte da sua obra, pela liberdade interpretativa. É certo que também pelo uso do ritmo, particularmente importado do blues para as salas de concerto, à maneira de Gershwin.
Mas será isso suficiente para qualificar como jazz a obra de Loussier?
O próprio pianista não parece ter dúvidas, afirmando modestamente “não sou um músico de jazz, interpreto Bach através do jazz e de outras linguagens não clássicas”.
Mas a sua obra não se limita a Bach. Pelo caminho Loussier interpretou, na sua linguagem própria, Debussy, Satie, Ravel, Handel, Beethoven, Mozart e muitos outros compositores.
As suas abordagens, longe do facilitismo sugerido pelo enorme sucesso, são primorosamente trabalhadas em elaborados arranjos. O trio assume-se como uma unidade orgânica própria, à boa maneira evansiana, em que as tarefas melódicas, harmónicas e rítmicas são partilhadas, com enorme propriedade, por todos os membros.
Loussier não se limita a interpretar Bach sob um fundo rítmico inusitado. Reconstrói a obra bachiana para piano, contrabaixo e bateria, aproveitando minuciosamente as amplas possibilidades criativas suscitadas.
Benoit Dunoyer de Segonzac é um contrabaixista de mão cheia, embora poucos jazzómanos reconheçam de imediato o seu nome, sem a subsequente associação a Loussier. A sua capacidade de improvisação e construção harmónica no contrabaixo é primorosa, contribuindo fundamentalmente para a sensação de modernismo que continua a ecoar do universo musical de Loussier. O mesmo se poderá dizer de André Arpino, o franco-italiano que se lançou, com reconhecido sucesso, na temerária iniciativa de tocar Bach numa bateria.
Não sei se a música de Loussier é ou não jazz. Mas o mesmo se poderia afirmar da maioria dos compositores contemporâneos do universo jazzístico.
O caminho traçado pelo jazz, desde a revolução Parkeriana dos anos 40, aponta claramente no caminho da liberdade e da apropriação dos mais diversos elementos musicais, provenham eles do universo popular ou erudito. Neste sentido Loussier foi um pioneiro. Precisamente no momento histórico em que o jazz se redescobria, abrindo múltiplos caminhos criativos nas mais diversas direcções, Loussier encontrou o seu: a fusão da criatividade do jazz com a enorme beleza do clássico e do barroco. Nisto se aproxima da genialidade criativa de outros mestres que, também a partir da década de 50, traduziram à linguagem do jazz
a música afro-cubana (Duke Ellington, Dizzy Gillespie), o samba e a bossanova (Tom Jobim, Stan Getz), o tango argentino (Astor Piazzola) ou as rancheras mexicanas (Charlie Mingus). Sem esquecer que até a grande dupla Miles Davis-Gil Evans se deixou seduzir pela fusão com o universo clássico latino, adaptando Joaquin Rodrigo e Manuel de Falla ao jazz, no mítico álbum “Sketches of Spain” de 1960.
O máximo que se poderá apontar a Loussier é o facto de, ao contrário de alguns destes nomes incontornáveis da história do jazz, se ter mantido fiel e coerente ao seu universo musical.
Também Piazzola ou Jobim o fizeram e não me parece que tal belisque minimamente os seus enormes méritos.

Jacques Loussier & Bobby Mcferrin- Bach Anniversary Leipzig

Quarteto Internacional de Júlio Resende vai a Setúbal



JÚLIO RESENDE INTERNATIONAL 4TET
11 Maio / 21:30 h / 4 clubs
Club Setubalense ~ Setúbal
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Na continuação da antevisão da segunda edição do RENDEZVOUS | Festival Jazz Setúbal, a acontecer em Outubro de 2009, a World Community of People anunciou o exclusivo concerto de Júlio Resende International 4Tet, o qual irá apresentar em Setúbal o seu novo álbum “Assim Falava Jazzatustra”, naquela que promete ser uma das actuações do ano da cidade.

Com o segundo álbum em vista, este quarteto aparece completamente renovado, com participações internacionais de grande renome e também com os melhores músicos da nova geração do Jazz em Portugal, pronto para deixar o público vislumbrar os novos trabalhos: Júlio Resende (PT) – piano, Perico Sambeat (ES) – saxofone, Ole Morten Vågan (NOR) – contrabaixo, Joel Silva (PT) – bateria.

Neste concerto, será apresentado "Assim Falava Jazzatustra", o qual será gravado apenas alguns dias após o concerto de apresentação em Setúbal, e amplamente aguardado pela crítica, como sucessor do "Da Alma", primeiro álbum da formação e distinguido pelos amantes do jazz, tendo inclusive integrado a lista de "Melhores Discos Nacionais de 2007", elaborado pela Jazz.pt.

JÚLIO RESENDE INTERNATIONAL 4TET
Júlio Resende - Piano
Perico Sambeat - Saxofone
Ole Morten Vågan - Contrabaixo
Joel Silva - Bateria

sábado, 25 de abril de 2009

Integridades



Uri Caine Trio
The Goldberg Variations
24 de Abril de 2009, 23.30h
Grande Auditório do CCB (Lisboa)
*****

Nascido em Filadélfia em 1956, Uri Caine estudou com Bernard Peiffer, George Rochberg e George Crumb. Gravou já 19 discos como líder e dedicou-se particularmente ao repertório clássico de compositores como Mahler, Wagner, Beethoven, Bach e Schumann, embora tratando-os de forma marcadamente original e frequentemente controversa. Compositor residente na Los Angeles Chamber Orchestra, Caine sente-se igualmente à-vontade nos ambientes clássico e jazzístico. Mas é sobretudo quando decide combinar os dois que a sua música mais tem cativado o interesse da crítica e do público.
Reveste-se pois da maior pertinência a sua participação na edição deste ano de “Os Dias da Música em Belém”, dedicada ao genial mestre do barroco.
Uri Caine apresentou a sua primeira versão das variações Goldberg de Bach em 2000, quando editou um disco duplo pela Winter & Winter, num ambicioso projecto electro-acústico inspirado nas gravações de 1955 do pianista Glenn Gould e que contou com a participação de David Moss, Dean Bowman, Barbara Walker, Tracie Morris, Sadiq Bey, Greg Osby, Paul Plunkett, Ralph Alessi, Josh Roseman, Bob Stewart, Cordula Breuer, Don Byron, Liz Alessi, Annegret Siedel, Gregor Hubner, Todd Reynolds, Michael Friemuth, Drew Gress, Reid Anderson, James Genus, Ralph Peterson, Paulo Braga, Milton Cardona e os ensembles Kettwinger Bach Ensemble, Koln String Quartet e Quartetto Italiano Di Viole Da Gamba.
Os instrumentos utilizados vão desde o alaúde e o cravo até aos computadores e sintetizadores, e os nomes escolhidos abrangem um enorme leque de estilos e influências, que vão desde a música barroca ao techno, passando pelo romantismo e pelo free jazz. Dificilmente poderíamos imaginar uma abordagem mais inovadora e arrojada do universo musical barroco.
Este projecto foi qualificado na revista Downbeat como um motim sobre a obra de Bach, no qual não é a voz do compositor que ecoa nos teclados e arranjos de Caine mas sim a vital e imaginativa voz de Caine que soa através da música de Bach.
Penso que esta frase feliz resume de forma elucidativa o trabalho musical a que se propôs Uri Caine. Não se trata de uma mera adaptação jazz da composição clássica, ao respeitável estilo de Jacques Loussier (que apesar do enorme sucesso comprovado por mais de seis milhões de discos vendidos em 50 anos de carreira, continua a afirmar “não sou um músico de jazz, interpreto Bach através do jazz e de outras linguagens não clássicas”). Caine é indubitavelmente um músico de jazz e como tal ousou muito mais: reinventar as Variações Goldberg (seguramente um pilar incontestado da tradição musical europeia) à luz da sua própria visão musical.
E se este desígnio constitui já um anátema para os mais puristas defensores da “integridade” da obra bachiana, o que dizer do facto da visão musical de Caine passar pela adopção de estéticas populares como o jazz, o blues, o samba, a bossanova, o tango, o mambo e até a música klezmer, para as quais aliás não se coíbe de fazer uso dos mais elaborados recursos eruditos quer na área da composição quer na da interpretação?
Uma breve leitura do programa da noite é já suficiente para suscitar o escândalo de conservadores e a curiosidade de vanguardistas: The Hot 6 variation, The Bass Variation, The Nobody Knows Variation, Rachmaninoff, Luther’s Nightmare Variation, The Bossa Variation, The Drum Variation, The Tango Variation, Verdi, The Blessings Variation, entre outras.
Caine não se limita a “reinventar” Bach à luz dos seus próprios conceitos musicais, ousa mesmo adoptar maneirismos e interpretá-lo à luz da ilustração alheia (Rachmaninoff ou Verdi)!
Iniciativa temerária.
Por outro lado concede-nos a honra de testemunhar um novo passo nesta sua cruzada de apropriação de Bach: a estreia de um novo arranjo do seu trabalho, agora adaptado para um simples trio de jazz composto por ele próprio no piano, por John Hebert no contrabaixo e por Ben Perowsky na bateria. A sua segurança é tal que não hesita em usar o palco do Grande Auditório do CCB como estúdio de gravação e o seu público como cobaia para a nova experiência.
Não disse uma palavra durante todo o concerto e as variações sucederam-se a um ritmo alucinante, durante uma hora e meia em que quase não houve tempo para aplaudir… A prova vai provavelmente ser editada em disco, para os mais incrédulos.
O que dizer de tanta ousadia?
- Este homem ou é um génio ou um louco!
Não duvido que muitos subscrevam a segunda opinião. Eu resolutamente não o faço.
Nada tenho contra a genial interpretação de Glenn Gould de uma das mais belas obras legadas por Bach à posteridade. Sou aliás um alegre possuidor de um exemplar que oiço sempre que posso. Mas como amante de jazz tenho forçosamente que acreditar na criatividade e na liberdade artística. No dia em que acreditarmos na cristalização da arte, na beatificação do classicismo, em suma, na idolatria musical, matámos a galinha dos ovos de ouro!
Deixo pois aqui a minha humilde apologia da diversidade e do génio da ousadia Uri Caineana.
Estejam seguros: se alguma vez este extraordinário concerto chegar aos escaparates da Fnac e se dispuserem a ouvi-lo, são meus os mais entusiásticos aplausos que vão ouvir no final!

Estreia Auspiciosa



César Cardoso Quinteto
23 de Abril de 2009, 23.00h
Hot Club de Portugal (Lisboa)
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César Cardoso é um jovem saxofonista de Leiria (nasceu em 1982) revelado ao público jazzístico através do grupo Desbundixie, agrupamento de Dixieland que editou em 2007 o seu primeiro disco Kick ‘n Blow e do qual faz igualmente parte o seu irmão, o clarinetista Flávio Cardoso.
Iniciado nas lides musicais através de uma filarmónica, passou depois pelo estudo clássico durante oito anos e mais recentemente pela escola do Hot Club de Portugal, através de cursos com os saxofonistas Jorge Reis e Pedro Moreira.
César Cardoso frequentou ainda workshops com músicos de referência, nacionais e estrangeiros, como Pedro Madaleno, João Moreira, Ricardo Pinheiro, Afonso Pais, José Menezes, Bernardo Moreira, Perico Sambeat, Dave Schnitter, Jesse Davis, David Binney, John Taylor e Chris Cheek.
Além do projecto Desbundixie, que se mantém bem activo e com apresentações marcadas para os próximos meses na região centro e também em Espanha, César Cardoso integra a Big Band do Hot Club de Portugal e o Ensemble de Saxofones da mesma instituição, depois de ter passados por projectos como a Big Band do Oeste, a Big Band Reunion de Claus Nymark e até a Orquestra de Herman José.
Apesar da sua inegável experiência, faltava um projecto marcadamente pessoal a César Cardoso, lacuna agora preenchida com este espectáculo de estreia do seu quinteto. E um quinteto de luxo, ainda por cima, composto por Filipe Melo no piano, Bruno Santos na guitarra, Bruno Pedroso na bateria e o argentino Demian Cabaud no contrabaixo, além do saxofonista obviamente.
Esta formação corresponde basicamente ao quarteto Filipe Melo/Bruno Santos, com Cabaud no lugar do indisponível Bernardo Moreira (agora entregue à invejável tarefa de acompanhar os mediáticos Flora Purim e Airto Moreira, num reconfortante reconhecimento internacional da valia do jazz nacional e dos seus músicos). Este quarteto, que já ouvimos recentemente acompanhar saxofonistas da craveira de Donald Harrison, Perico Sambeat, Herb Geller ou Jesse Davis (este último num concerto único no Hot que quebrou recordes de audiência da sexagenária sala da Praça da Alegria), serviu naturalmente como um enorme incentivo à estreia do saxofonista leiriense como líder. Estamos pois perante uma equipa de enorme categoria (todos eles docentes e responsáveis pelos respectivos departamentos na Escola Luís Villas Boas do HCP) e com uma “máquina” bem oleada pelo extenso conhecimento e cumplicidade desenvolvidos ao longo de centenas de concertos. A isto acresce a reconhecida competência da dupla Filipe Melo e Bruno Santos como compositores e arranjadores, tarefas que têm desenvolvido para a maioria dos ensembles saídos da escola do HCP e bem assim para muitos dos mais prestigiados músicos nacionais (Sinfonietta de Lisboa, Carlos do Carmo, Camané, GNR, Lena d’Água, entre muitos outros).
Pode pois dizer-se que César Cardoso preparou na perfeição esta sua estreia, escolhendo bem a equipa com que se rodeou.
Mas a nota mais saliente desta apresentação, considerando que os méritos do solista e quarteto eram já sobejamente conhecidos, acabou por ser a escrita musical do saxofonista. Na verdade os seus projectos musicais anteriores foram sempre baseados em standards ou em composições de terceiros. Pelo que esta foi verdadeiramente a primeira oportunidade de César Cardoso apresentar ao público as suas próprias composições. E fê-lo com inegável brilhantismo.
Um jazz melódico, que dispensou excessos de protagonismo do solista e deixou amplo espaço para a improvisação do quarteto que o acompanhou. E que soube, sobretudo, despertar o interesse dos músicos e do público. Na verdade as composições de César Cardoso revelaram-se apelativas, empolgantes mesmo, nalgumas ocasiões, evoluídas e ritmicamente contagiantes, contribuindo decisivamente para o sucesso da apresentação e para a prestação de elevadíssimo nível rubricada por Filipe Melo ou Bruno Pedroso, por vezes verdadeiramente endiabrados nos seus instrumentos. Mais tranquilo e remetido para funções rítmicas e harmónicas, Bruno Santos soube ainda seduzir com o intimismo característico dos seus solos (e também com um original seu), tal como Demian Cabaud que, apesar de chamado à formação à última hora, esteve à altura dos seus pergaminhos, entrando mesmo “a matar” com um notável solo com que praticamente abriu o concerto.
Já sabíamos que o jazz nacional podia contar com mais um bom saxofonista em César Cardoso. Ficámos agora igualmente a saber que ganhou um notável compositor!
Só falta o disco. Ficamos à espera.

Desbundixie - At The Jazz Band Ball
At The Jazz Band Ball

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Agenda Braço de Prata


5ª feira, 23 de Abril
22.30h – Sala Nietzsche - JAZZ - ZECA NEVES QUARTETO
Zeca Neves (contrabaixo), Desidério Lázaro – Sax tenor, Daniel Vieira - Sax alto, João Rijo – Bateria

6ª feira, 24 de Abril
22.30h – Sala Nietzsche – Sons da Liberdade
composições de José Afonso, José Mário Branco, Carlos Puebla, Rui Mingas, Mayuka, entre outros
Mick Trovoada – Percussão; Tutindgiralda – Baixo e Voz, Guto Pires – Baixo e Voz, John Santos – guitarra e voz, Kaya – voz, Rui Carocha – guitarra,
22.30h – Sala Prado Coelho – Free Fucking Notes
Marta Plantier (voz) e Luís Barrigas (piano)

Sábado, 25 de Abril
22.30h – Sala Nietzsche - Gabriel Ferrandini (bateria) e Luís Lopes (guitarra)
23.00h – Sala Prado Coelho – Ogre
MARIA JOÃO, JOÃO FARINHA, JÚLIO RESENDE, JOEL SILVA, ANDRÉ NASCIMENTO
00.00h – Sala Nietzsche – Canções de Resistência
TÂNIA VALENTE (SOPRANO) E ALEXEY SHAKITKO (PIANO)
00.30H - SALA VISCONTI – VIRA LATA
Luiz Caracol Voz e Guitarra, Ivo Costa Bateria, André Moreira Baixo

domingo, 19 de abril de 2009

Cinquentenário de "Play Bach" de Jacques Loussier



Jacques Loussier Trio
25 de Abril, 23.30h, Grande Auditório do CCB (Lisboa)

Nascido em Angers, França, em 1934, Jacques Loussier tornou-se conhecido desde há precisamente 50 anos pelas suas adaptações jazzísticas do universo musical de Bach, que já venderam mais de seis milhões de discos por todo o mundo.
Foi em 1959 que editou os seus primeiros discos denominados “Play Bach”, nos quais ousou fundir as suas duas grandes paixões musicais: Bach e o jazz.
Mais recentemente trabalhou igualmente sobre obras de outros compositores clássicos como Satie, Ravel, Debussy, Handel, Beethoven, Chopin e Mozart, sem esquecer um disco dedicado ao barroco com obras de Handel, Marais, Scarlatti, Marcello e Albinoni. Mas a música de Bach tem sido sempre uma constante da obra musical de Loussier.
Loussier adoptou o piano desde os 10 anos de idade e frequentou o Conservatório Nacional de Música de Paris, onde estudou com o professor Yves Nat.
A sua primeira versão do trio, de 1959, era composta por Pierre Michelot no baixo e Christian Garros na percussão. Este trio separou-se em 1978 e Loussier seguiu uma carreira de produtor musical, no seu próprio estúdio na Provença, onde gravou discos para músicos de rock como Elton John, Sting, Yes e Pink Floyd (partes do disco “The Wall” foram gravadas nos seu estúdio).
Em 1985 Loussier regressou à estrada e refez o seu trio, agora com André Arpino na bateria e Vincent Charbonnier no contrabaixo. Este último viria a ser substituído por Benoit Dunoyer de Segonzac a partir de 1998.
É este o trio que iremos ouvir em Lisboa, presença obrigatória num evento transversal como os “Dias da Música” este ano dedicado à obra do grande compositor alemão.

Jacques Loussier Trio – Pastorale in C Minor

Uri Caine nos Dias da Música



Uri Caine Trio
24 de Abril, 23.30h, Grande Auditório CCB (Lisboa) – The Goldberg Variations
25 de Abril, 22.00h.Pequeno Auditório do CCB (Lisboa) – Mozart, Mahler e Verdi

Uri Caine ganhou um estatuto de músico eclético e inventivo muito por culpa das suas incursões no repertório clássico. Nasceu em Filadélfia, em 1956, e estudou piano desde os 7 anos de idade com o pianista francês de jazz Bernard Peiffer. Passou pela Universidade da Pensilvânia e trabalha como músico profissional desde 1981.
O seu tributo jazz a Gustav Mahler, gravado em 1997, recebeu um prémio pela Sociedade Alemã Mahleriana, revestido de polémica pela ousadia da adaptação. Trabalhou igualmente as Variações Goldberg, de Bach que vai apresentar no CCB, e bem assim as Variações Diabelli de Beethoven e obras de, Schumann, Verdi, Wagner e Mozart.
O seu mais recente trabalho discográfico, The Othello Syndrome, editado em 2008 pela Winter & Winter, foi nomeado para um Grammy.
Uri Caine tem recebido comissões da Viena Volksoper, The Seattle Chamber Players, Relache, The Beaux Arts Trio, the Basel Chamber Orchestra, Concerto Koln e da American Composers Orchestra.
Foi ainda nomeado em 2003 Director da Bienal de Veneza para a Música e compositor residente da Orquestra de Câmara de Los Angeles.
Na área do jazz Caine trabalhou com músicos como Don Byron, Dave Douglas, John Zorn, Terry Gibbs e Buddy DeFranco, Clark Terry, Rashid Ali, Arto Lindsay, Sam Rivers e Barry Altschul, Paolo Fresu, the Woody Herman Band, Annie Ross, the Enja Band, Global Theory e Master Musicians of Jajouka.
O trio com que irá apresentar-se em Lisboa será composto por Uri Caine no piano, John Hebert no contrabaixo e Bem Perowsky na bateria.

Deixo-vos com um vídeo do tema “Si Dolce e Il Tormento” de Claudio Monteverdi, numa adaptação livre do trompetista italiano Paolo Fresu e interpretada em duo de trompete e piano.

Paolo Fresu & Uri Caine – Si Dolce e Il Tormento

David Ferreira no Ondajazz



David Ferreira
23 de Abril, 23.00h, Ondajazz (Lisboa)

David Ferreira é uma das mais importantes vozes masculinas surgidas no jazz português nos últimos anos. Lançou recentemente o seu primeiro álbum “This Can’t Be Love”, editado pela Música das Esferas e produzido por Joana Rios, a sua professora na Escola de Jazz Luís Villas-Boas, do Hot Club de Portugal, que com ele canta um dueto e vai partilhar o palco nesta apresentação no Ondajazz.
Este concerto servirá seguramente para dar a conhecer a mais amantes da música e do jazz este novo nome grande da música nacional, razão mais do que suficiente para o destaque nestas páginas.
A acompanhar a voz de David Ferreira estarão Carlos Miguel, na bateria, Filipe Raposo, no piano, António Quintino, no contrabaixo, além da participação especial de Joana Rios.

Fiquem com o tema de apresentação do novo disco, “Comes Love”, pela voz de David Ferreira, gravado ao vivo já este ano na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa:

David Ferreira – Comes Love

Stacey Kent de Regresso a Portugal



STACEY KENT
23 Abril, Centro Cultural e de Congressos (Caldas da Rainha), 21.30h
24 Abril, Auditório Museu Oriente (Lisboa), 21.30h

Stacey Kent volta a Portugal para apresentar o seu novo álbum, Breakfast on the Morning Tram, editado pela Blue Note e repositório da mais eclética escolha musical da cantora. Contando com a colaboração de Kazuo Ishiguro como autor de muitas das composições e claro, do seu marido, director e produtor musical, o também britânico Jim Tomlinson.
Neste disco Stacey canta Serge Gainsbourg, Baden Powel, Vinicius de Moraes e Sérgio Mendes. Como denominador comum, as 12 músicas incluídas neste álbum contam histórias, geralmente melancólicas, como Stacey tanto gosta e como só ela sabe fazer.
Stacey Kent é uma das mais populares cantoras de jazz da actualidade, com variadíssimos prémios recebidos, incluindo o British Jazz Award em 2001, o BBC Jazz Award na categoria de Melhor Vocalista Feminina e o Backstage Bistro Award em 2004.
O seu penúltimo trabalho, the Boy Next Door, teve direito a um lançamento em grande estilo com um ano inteiro em tournée e mais de 250 concertos, um dos quais no Carnegie Hall em Nova Iorque, e um mês inteiro de espectáculos esgotados na famosa Oak Room do Algonquin Hotel. Disco de Prata em França, três meses após o seu lançamento, permaneceu nas tabelas da Billboard americana durante 35 semanas.

Para abrir o apetite fiquem com dois temas em francês, gravados por Stacey Kent há cerca de um ano atrás, na Fnac La Cigalle, em Paris:

Stacey Kent - Ces petits riens


Stacey Kent - C'est le printemps

Agenda Semanal, 20 a 26 de Abril



3ª feira, 21 de Abril
21.30h – Trem Azul (Lisboa) - Júlio Resende 4teto
22.30h – Ondajazz (Lisboa) – Big Band Reunion
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Yves Brouqui/Martin Jacobsen
Martin Jacobsen (st), Yves Brouqui (g), Nelson Cascais (ctb), Paulo Bandeira (bat)

4ª feira, 22 de Abril
22.00h - Duna Parque Restaurante (V. N. Milfontes) – Good Vibes
23.00h - B Flat (Matosinhos) - B Flat House Trio

5ª feira, 23 de Abril
21.30h - Centro Cultural e de Congressos (Caldas da Rainha) – Stacey Kent
23.00h – B Flat (Matosinhos) – André Sarbib
23.00h – Ondajazz (Lisboa) – David Ferreira
Carlos Miguel (bat), Filipe Raposo (p), António Quintino (ctb), David Ferreira (voz) + Joana Rios (voz)
23.00h – Hot Club (Lisboa) – César Cardoso Quinteto
César Cardoso (st), Filipe Melo (p), Bruno Santos (g), Demian Cabaud (ctb), Bruno Pedroso (bat)

6ª feira, 24 de Abril
21.30h – Fundação Oriente (Lisboa) – Stacey Kent
21.30h – Trem Azul (Lisboa) - Nobuyasu Furuya Trio + Nuno Rebelo
21.30h - Sociedade Filarmónica Humanitária (Palmela) - Combo do Curso de Jazz da Universidade de Évora
23.00h - Hot Club (Lisboa) – César Cardoso Quinteto
César Cardoso (st), Filipe Melo (p), Bruno Santos (g), Demian Cabaud (ctb), Bruno Pedroso (bat)
23.00h – B Flat (Matosinhos) - Bluesfonia
23.00h - Ondajazz (Lisboa) - Danae e on Novos Crioulos
23.30h - CCB (Lisboa) - Uri Caine Trio «The Goldberg Variations»
Uri Caine (p), Ben Perowsky (bat), John Hebert (ctb)

Sábado, 25 de Abril
14.00h – CCB (Lisboa) - Bernardo Sassetti «Bach e Monk»
17.00h – Fnac Colombo (Lisboa) – Danae e os Novos Crioulos
20.00h – CCB (Lisboa) Mário Laginha, Canções e Fugas
21.00h - Teatro Esther de Carvalho (Montemor-o-Velho) - João Paulo e Ana Brandão “Canções da Revolução”
21.30h – Trem Azul (Lisboa) - Paulo Curado + Ken Filiano
22.00h - Espaço Cultural Pedro Remy (Braga) - Russ Lossing Underground Trio
Russ Lossing (p), Masa Kamaguchi (ctb), Billy Mintz (bat)
22.00h – CCB (Lisboa) - Uri Caine Trio «Mozart, Mahler e Verdi»
Uri Caine (p), Ben Perowsky (bat), John Hebert (ctb)
23.00h – B Flat (Matosinhos) – Bluesfonia
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Franck Amsallem Trio
Franck Amsallem (p), Carlos Barretto (ctb), José Salgueiro (bat)
23.30h – CCB (Lisboa) – Jacques Loussier Trio Plays Bach
Jacques Loussier (p), André Arpino (b), Benoit Dunoyer de Segonzac (ctb)

Domingo, 26 de Abril
15.00h – CCB (Lisboa) - Bica Bach Barretto
Carlos Bica (ctb), Carlos Barretto (ctb)
17.00h – Fnac Colombo (Lisboa) – Joana Machado
19.00h – CCB (Lisboa) - João Paulo «Contratema»
22.00h – Casa da Música (Porto) - William Parker: The Inside Songs of Curtis Mayfield
22.00h – Ondajazz (Lisboa) - Miguel Braga e Nana Sousa Dias

Vórtice de Emoções



John Taylor Trio
Whirlpool
Cam Jazz, 2007

John Taylor nasceu em Manchester em 1942, revelando-se ao público em 1969, quando tocou com os saxofonistas Alam Skidmore e John Surman.
Na sua já longa carreira tem sido apontado por vários críticos como um dos mais importantes pianistas dos últimos 40 anos.
Depois das aludidas colaborações e de outras, já na década de 70, com Miroslav Vitous, Cleo Laine e Ronnie Scott, fundou o trio Azimuth, com Norma Winstone e Kenny Wheeler, um marco fundamental na sua carreira e no jazz que se produziu depois dele.
Já nas décadas de 80 e 90 Taylor colaborou com músicos como Jan Garbarek, Enrico Rava, Gil Evans, Lee Konitz e Charlie Mariano e compôs para o English Choir e para a Orquestra da Rádio de Hannover.
Os seus projectos actuais incluem, além de obras a solo, este trio com o sueco Palle Danielsson, antigo colaborador de Bil Evans, Jan Garbarek, Keith Jarrett e Charles Lloyd e o jovem baterista britânico Martin France, o quarteto de Kenny Wheeler, seu antigo companheiro dos Azimuth e referência fundamental da obra de Taylor, o quarteto de John Surman e ainda o trio do baterista Peter Erskine.
Este disco, gravado em 2005 no Bauer Studios em Ludwigsburg, na Alemanha, denota bem a influência de Wheeler na música de John Taylor, contribuindo o americano com três temas, tantos quantos os compostos pelo pianista. A estes juntam-se dois oriundos do universo clássico: “I Loves You Porgy” da ópera Porgy And Bess, de George Gershwin, e “In The Bleak Midwinter”, um hino litúrgico anglicano composto pelo britânico Gustav Holst em 1905, para a compilação de “The English Hymnal”, encomendada ao seu amigo Ralph Vaughan Williams.
Três notas ressaltam de imediato desta magnífica obra: o estilo expressivo e inconfundível de Taylor no piano, a meticulosa e complexa construção estrutural dos temas, para o que contribui largamente não apenas a enorme experiência de Taylor e Danielsson (não esqueçamos que o sueco tocou com Bill Evans nos anos 60), mas também o seu brilhantismo nos arranjos e na técnica instrumental, no que são aliás muito bem acompanhados pelo jovem Martin France, uma estrela em ascensão do jazz britânico, como o provam as suas colaborações com músicos como Kenny Wheeler, Ralph Towner, Lee Konitz, Dave Holland e Maria Schneider, além deste trio de John Taylor, e finalmente o profundo respeito pela melodia, particularmente evidente nas adaptações já citadas de temas clássicos.


Fortemente melódico, por vezes quase romântico, o disco vai revelando uma rara mestria nos arranjos e uma perfeita interacção dos instrumentos. Pontuado ocasionalmente por influências rítmicas latinas, por exemplo em Consolation, Whirlpool e The Woodcocks, não deixa de viajar por outras importantes heranças do jazz como o bop, em Everybody’s Song But My Own, o free jazz, em The Woodcocks, e o blues, em For Ada e I Loves You Porgy.
Mas a nota dominante é sem dúvida o brilhantismo com que Taylor casa todas estas influências com o seu estilo melódico e estruturalmente complexo mas apelativo, de jazz de câmara. Elegante, sofisticado, por vezes erudito mesmo, mas sempre fiel aos princípios fundamentais do jazz: criatividade e ritmo.
Exemplar é o belíssimo tema com que fecha o álbum: In The Bleak Midwinter. O tratamento de Taylor é uma vez mais profundamente respeitador da melodia e do dramatismo que bem caracteriza os hinos litúrgicos britânicos. Porém a expressividade que marca o seu estilo e a complexidade do arranjo contribuem largamente para o revestir de uma enorme beleza, profunda e sedutora. Um tema verdadeiramente inspirador. Como outros aliás neste álbum genial.
Um dos mais apaixonantes registos em trio de piano que ouvi recentemente. Taylor é um pianista referencial, profundamente original e alcança, com Danielsson e France, uma das mais conseguidas abordagens do trio de piano, desde que o género foi reinventado por Bill Evans.
Um disco obrigatório!

Fiquem com “In The Bleak Midwinter” um hino litúrgico composto por Gustav Holst em 1905. Esta composição ligeira de Holst, um compositor que nunca enjeitou uma oportunidade de compor para as massas, surgiu no contexto da compilação do “The English Hymnal” uma vasta colectânea de hinos litúrgicos encomendada ao seu amigo Ralph Vaughan Williams em 1905, e para a qual Holst acabou por contribuir com três composições, baseadas em temas tradicionais. Este hino em particular recebeu um poema de Christina Rossetti e baseou-se na canção popular "Crantham”, denominada de acordo com a localidade onde foi recolhida. Crê-se que Holst compôs o tema durante uma curta estadia na povoação e numa quinta denominada precisamente “Midwinter Cottage”.
A acompanhá-lo estão belíssimas fotos do Inverno alsaciano, da autoria de Pascal, Podem ver a sua obra em http://www.pbase.com/pascal_s

John Taylor Trio – In The Bleak Midwinter

sábado, 18 de abril de 2009

Jazz e Física 4



:: Jazz e Física - Quark! e JACC promovem tertúlias no Ateneu de Coimbra

Sábado, 18 de Abril de 2009, 21h30 (entrada livre)
4ª sessão, com o convidado Luís Figueiredo

Dedicada a "Coltrane, Dolphy e Mingus", a 4ª sessão da série de tertúlias mensais sobre Jazz promovidas pelo JACC - Jazz ao Centro Clube e pelo Departamento de Física da FCTUC, decorrerá no Ateneu de Coimbra, no próximo sábado, dia 18 de Abril, pelas 21h30.

Estas tertúlias decorrem no âmbito do projecto Quark!, uma escola de excelência da Universidade de Coimbra para estudantes dos 11º e 12º anos de escolaridade que partilham o gosto pela Física e pela música.

A sessão contará com a presença de José Miguel Pereira do JACC, José António Paixão, docente do Departamento de Física da UC e como convidado o jovem pianista conimbricense Luís Figueiredo.

A admissão à tertúlia é gratuita e aberta a todos os interessados.

saiba mais em http://www.jacc.pt/noticias.php?id=510

:: Próxima iniciativa

24 de Abril de 2009, 21:30, Salão Brazil (Coimbra)
6º Aniversário do JACC com Russ Lossing's "Underground Trio" + Apresentação Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, 2009 (VII edição)

JACC - Jazz ao Centro Clube
http://www.jacc.pt

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Abril JAZZ mil



"Abril JAZZ mil" - Festival de Jazz de Palmela

Sociedade Filarmónica Humanitária, Palmela

Entrada Livre

Dia 18 Abril, 21:30
- Curso de Jazz da Academia de Amadores de Música
- Big Band da Escola de Jazz Luís-Villas Boas, Hot Clube de Portugal

Dia 24 Abril, 21:30
- Curso de Jazz da Universidade de Évora
- Orquestra de Jazz Humanitária

Jam Session a seguir aos concertos: Traz o teu instrumento e vem tocar connosco!

Organização:
Sociedade Filarmónica Humanitária | Conservatório Regional de Palmela

Apoio:
Câmara Municipal de Palmela

Contactos:
Sociedade Filarmónica Humanitária | Av. Dr. Godinho de Matos 2950 - 252 Palmela Tel / Fax 212350235 | geral@sfh.pt | www.sfh.pt

quarta-feira, 15 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

Marc Demuth & Sofia Ribeiro



Marc Demuth 4Teto com Sofia Ribeiro
2ª feira, 13 de Abril, 22.00h – Fnac Norte Shopping (Matorinhos)
4ª feira, 15 de Abril, 22.00h – Tertúlia Castelense (Maia)
5ª feira a Sábado, 16 a 18 de Abril, 23.00h – Hot Club (Lisboa)

Iniciou em Barcelona a colaboração entre o contrabaixista luxemburguês Marc Demuth e a cantora portuguesa Sofia Ribeiro, a qual se tem consolidado na estrada com participações em festivais e clubes de jazz de Portugal, Espanha, Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha e Estados Unidos da América. A colaboração originou um disco em 2005, denominado Dança da Solidão, gravado ao vivo no clube “L’Inoui” no Luxemburgo.
O duo propõe uma viagem poética e intimista, mas enraizada na sólida formação jazzística de ambos, por diversos mundos musicais oriundos dos mais diversos géneros e compositores. Jazz standards, música brasileira e fado. Tudo conjugado por arranjos peculiares e fortemente pessoais, muita improvisação e um enorme conhecimento mútuo dos músicos.

Alípio C. Neto New York Trio



Alípio C. Neto New York Trio
5ª feira, 16 de Abril, 22.00h, Casa da Música (Porto)
6ª feira, 17 de Abril, 21.30h, Culturgest (Lisboa)

Desde a sua chegada a Lisboa, o brasileiro naturalizado português Alípio C. Neto é uma das figuras da cena do jazz criativo em Portugal. Depois de liderar duas formações internacionais (Imi Kollektief e Wishful Thinking) com trabalhos editados desde 2006, Alípio fez uma incursão muito proveitosa a Nova Iorque onde tocou e gravou as suas composições, editadas no CD The Perfume Comes Before the Flower (Clean Feed, 2007), que está na base do concerto desta noite.
Este passo revelou-se decisivo para o seu reconhecimento internacional. Os magníficos músicos que o acompanham neste quarteto interpretam as composições de Neto absorvendo-as primeiro para depois lhe dar um cunho muito pessoal. O resultado musical da banda é tanto rítmico como textural, abstracto e concreto, numa combinação de personalidades com percursos musicais muito diversos.
Alípio Carvalho Neto nasceu em Floresta, Sertão de Pernanbuco, Brasil e veio para Portugal para fazer um doutoramento na Universidade de Évora sobre a poética literária e sua relação com a poética musical. E foi em Portugal que se decidiu definitivamente pela música. No Brasil estudara com Hermeto Pascoal, Roberto Sión, Carlos Eduardo Pimentel (Boogie), Dilson Florêncio, Guilherme Vaz e Ian Guest, entre outros. Ao longo da sua carreira tocou e gravou com diversos compositores, grupos e orquestras de música brasileira, africana e jazz, entre os quais Armando Lôbo, BRAPO – Brasília Popular Orquestra, Clarence Becton, Brian Groder, Torbjörn Zetterberg, Carlos Zíngaro, Scott Fields, Patrick Brennan, Jean-Marc Charmier, Carlos Barretto, Adam Lane, Michael Attias, Gregg Moore, Angelo Olivieri, Fabrizio Spera, Alex Maguire. Lidera vários projectos como IMI Kollektief (Snug As A Gun, Clean Feed), Wishful Thinking (Wishful Thinking, Clean Feed), Alípio C. Neto Trio (com Masa Kamaguchi e Federico Ughi) e Alípio C. Neto DIGGIN’. Editou recentemente pela Creative Sources PAURA The Construction of Fear (com Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Dennis González e Mark Sanders). Alípio acredita que a música deve expressar para além da cosa mentale, a cosa trascendentale, uma poética dinâmica do artifício humano.

Ivo Perelman Trio



Ivo Perelman Trio
4ª feira, 15 de Abril, 22.00h - Trem Azul Store (Lisboa)
5ª feira, 16 de Abril, 22.00h - Casa da Música (Porto)
Sábado, 18 de Abril, 22.00h - Centro das Artes e Espectáculo (Portalegre)

Ivo Perelman nasceu em São Paulo, no Brasil, em 1961. Aprendeu a tocar guitarra, violoncelo, clarinete, trombone e piano enquanto jovem e só aos 19 anos de idade se concentrou no saxofone. Frequentou o Berklee College of Music por um semestre mas depois desistiu e mudou-se para Los Angeles em 1986. Lançou o seu primeiro disco em 1989 com Peter Erskine, John Patitucci, Airto Moreira, Eliane Elias e Flora Purim como convidados. Depois do lançamento do disco foi viver para Nova Iorque onde lançou vários álbuns com os mais diversos artistas e editoras: Dominic Duval, Borah Bergman, Rashied Ali, Jay Rosen, Marilyn Crispell, Matthew Shipp, Paul Bley, Don Pullen, Fred Hopkins, Andrew Cyrille, Joanne Brackeen, Mark Helias, Billy Hart, Mino Cinelu, Nana Vasconcelos, Reggie Workman, William Parker, Louis Sclavis, Elton Dean, e Joe Morris.
Situando-se na melhor herança do saxofone tenor, a que começou por ser definida por Coleman Hawkins e Ben Webster, associa uma sonoridade forte a um grande apreço pelo trabalho melódico.
Apesar de estar radicado nos Estados Unidos desde a década de 1980, nem por isso o Brasil deixou de estar presente na sua música. Por exemplo, em “Man Of Forest” presta um original tributo ao compositor clássico brasileiro Heitor Villa-Lobos.
Com uma discografia de 32 títulos e um percurso rico em colaborações com a nata da vanguarda jazzística nova-iorquina, Perelman é largamente elogiado pela imprensa internacional especializada.
O recente álbum duplo "The Complete Ibeji Sessions" dá bem conta do seu gosto pela música popular e tradicional do Brasil, associando sambas, forrós e as melodias dos índios Tapebas. Mais recentemente, tem-se ocupado em fazer versões de temas da bossa nova e do choro em contexto de free jazz. É também um pintor reconhecido internacionalmente com um estilo abstracto inspirado em Jackson Pollock.

Agenda, 13 a 19 e Abril


2ª feira, 13 de Abril
22.00h – Fnac Norte Shopping (Matosinhos) - Marc Demuth Quartet & Sofia Ribeiro

3ª feira, 14 de Abril
22.30h – B Flat Super Bock Club (Matosinhos) - Orquestra de Jazz de Matosinhos
22.30h – Ondajazz (Lisboa) – Big Band Reunion

4ª feira, 15 de Abril
22.00h – Tertúlia Castelense (Maia) - Quarteto de Marc Demuth + Sofia Ribeiro
Sofia Ribeiro (voz), Pascal Schumacher (vib), Donald Regnier (g), Marc Demuth (ctb), Paul Wiltgen (bat)
22.00h – Trem Azul Store (Lisboa) - Ivo Perelman Trio
Ivo Perelman (sax), Dominic Duval (contrabaixo) e Jay Rosem (bateria)
22.30h – Ondajazz (Lisboa) - Triângulo
23.00h - B Flat Super Bock Club (Matosinhos) - B Flat House Trio

5ª feira, 16 de Abril
22.00h – CCB (Lisboa) - Paulo Gomes/ Xosé Luís Miguelez
22.00h – Casa da Música (Porto) - Alípio C Neto NY Quartet
Alípio Neto (s), Herb Robertson (t), Ken Filiano (ctb), Michael Thompson (bat)
22.00h – Casa da Música (Porto) - Ivo Perelman Trio
Ivo Perelman (sax), Dominic Duval (contrabaixo) e Jay Rosem (bateria)
22.30h – Musicbox (Lisboa) - Sérgio Godinho + J.P. Simões + Couple Coffee
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Marc Demuth 4 & Sofia Ribeiro
Sofia Ribeiro (voz), Pascal Schumacher (vib), Donald Regnier (g), Marc Demuth (ctb), Paul Wiltgen (bat)
23.00h - B Flat Super Bock Club (Matosinhos) – André Sarbib
23.00h – Ondajazz (Lisboa) – França + Lúcio Vieira

6ª feira, 17 de Abril
21.30h – Culturgest (Lisboa) - Alípio C. Neto Quartet
Alípio C. Neto (s), H. Robertson (t), K. Filiano (ctb), M.T.A. Thompson (bat)
22.00h – Pavilhão Rosa Mota (Porto) - Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Marc Demuth 4 & Sofia Ribeiro
Sofia Ribeiro (voz), Pascal Schumacher (vib), Donald Regnier (g), Marc Demuth (ctb), Paul Wiltgen (bat)
23.00h - B Flat Super Bock Club (Matosinhos) - Quarteto de Sandro Norton
23.30h – Ondajazz (Lisboa) - Wynton´s Place Quintet
Mariana Norton – Voz, Bruno Pernadas – Guitarra, Daniel Lima – Piano, André Carvalho – Contrabaixo, Miguel Moreira – Bateria

Sábado, 18 de Abril
21.30h – Festival de Jazz de Palmela – Amadores de Música e Big Band Alunos HCP com Luis Cunha
22.00h – Centro de Artes e Espectáculo (Portalegre) – Ivo Perelman Trio
Ivo Perelman (sax), Dominic Duval (contrabaixo) e Jay Rosem (bateria)
22.00h _ Teatro Ester de Carvalho (Montemor o Velho) - António Pinho Vargas + José Nogueira «Solo & Duo»
22.00h – Campo Pequeno (Lisboa) - Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra
23.00h – Hot Club (Lisboa) - Marc Demuth 4 & Sofia Ribeiro
Sofia Ribeiro (voz), Pascal Schumacher (vib), Donald Regnier (g), Marc Demuth (ctb), Paul Wiltgen (bat)
23.00h - B Flat Super Bock Club (Matosinhos) - Quarteto de Sandro Norton
23.30 – Ondajazz (Lisboa) – Ficções
Rui Luís Pereira (Dudas): Guitarras e Alaúde (Oud), João Paulo de Esteves: Piano, Massimo Cavalli : Baixo. Eléctrico e Contrabaixo, Carlos Miguel: Bateria, Guto Lucena: saxofone

Domingo, 19 de Abril
22.30h – Ondajazz (Lisboa) – Adriana Queiroz

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Dose Dupla de Vibrafones



Dose Dupla - Jeffery Davis & Pascal Schumacher
9 de Abril de 2009, 22.00h
Átrio do Módulo 1 do Centro Cultural de Belém (Lisboa)
*****

Se as ocasiões para assistir a um concerto de vibrafone não abundam, o que dizer das oportunidades para ouvir um dueto de vibrafones? Acontece uma vez na vida?
Nem que fosse por isso teria valido a pena deslocar-se ao átrio do módulo 1 do Centro Cultural de Belém para assistir à Dose Dupla desta semana, em que João Moreira dos Santos teve a feliz ideia de juntar dois jovens, mas muito talentosos, vibrafonistas para uma apresentação em duo e em estreia absoluta: o luso-canadiano Jeffery Davis e o luxemburguês Pascal Schumacher.
Ambos têm coleccionado prémios internacionais no seu peculiar instrumento, mas nunca tinham tocado juntos. Até hoje, e julgo que, face ao sucesso do evento, a ocasião não tardará a repetir-se.
Jeffery Davis nasceu no Canadá em 1981, mas vive em Portugal desde 1985. Estudou no Conservatório Calouste Gulbenkian, em Aveiro, depois passou pela Escola Profissional de Música de Espinho e trabalhou em 1998 com Gary Burton, Ed Saindon, Dave Samuels e Vitor Mendoza num curso de Verão do Berklee College of Music de Boston. Frequentou depois a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), no Porto, que concluiu em 2002 com 20 valores. Nesse mesmo ano obtém o primeiro prémio no Concours International de Jazz, em Paris, e conquista uma bolsa de estudo para frequentar o curso no Berklee College of Music, onde regressa em 2003, desta feita para ficar até 2006, concluindo o curso com o estatuto de Summa Cum Laude. Ganha inúmeros prémios atribuídos pela Berklee, nomeadamente, o prémio de Most Active Mallet Player, o Gary Burton Scholarship e o prémio por excelência académica Dean of Curriculum. Recebe também do IAJE (International Association for Jazz Education) o prémio de Outstanding Musicianship.
Pascal Schumacher nasceu em 1979 no Luxemburgo. Começa os seus estudos no Conservatório local e, em 1996, ingressa no Conservatoire National de Région de Strasbourg, em França. Prossegue os seus estudos com Guy Cabay, primeiro no Conservatório do Luxemburgo e depois no Conservatoire Royal de Bruxelles, na Bélgica, terminando o bacharelato em 2003. Em 2005 muda-se para a Holanda e licencia-se no Koninklijk Conservatorium de Haia. Antes disso, em 2002, tinha já obtido a licenciatura em Musicologia pela Université Marc Bloch de Strasbourg. Frequentou ainda masterclasses com mestres como Gary Burton, Mike Manieri, David Friedman, Stefon Harris, Franck Tortiller, Wolfgang Lackerschmid, Jean Geoffroy, Charles Loos e Scott Prebys.
Com estes currículos não admira pois que estes dois músicos brilhantes, com apenas dois dias de ensaios, tenham presenteado os espectadores desta noite no CCB com uma admirável apresentação. Baseada apenas em originais dos dois percussionistas, foi notável o grau de entendimento atingido e o brilhantismo individual dos músicos. Para tal ajudou também a acústica do recinto o qual, não tendo sido concebido de raiz para o efeito, não deixou de proporcionar uma sonoridade quase “clerical”, que serviu às mil maravilhas a apresentação. Dir-se-ia que estávamos a presenciar uma abordagem criativa e alternativa da música de Bach, numa antecipação dos Dias da Música programados para breve, por todo aquele recinto!
Por todos os motivos apresentados foi um concerto memorável. À enorme criatividade e exuberância interpretativa de Davis respondeu Schumacher com um rigor invejável e uma notável capacidade melódica e de composição. Os dois músicos complementaram-se exemplarmente e quem ficou a ganhar foi indiscutivelmente o público, brindado com um momento musical tão alto quanto inusitado.
Como já referi, esta dose dupla foi tão bem servida que não faltarão “clientes” para a sua repetição.
Fiquem atentos!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Jass Store Fest na Trem Azul



ISSUE II - JAZZ STORE FEST

14, 15, 22, 23, 24 de Abril

A Trem Azul Jazz Store anunciou a realização da segunda edição do seu festival, dedicado ao jazz e à música improvisada. No programa, são apresentadas algumas das mais contemporâneas vertentes do Jazz e da Improvisação não idiomática. O intimismo e o rigor acústico da sala e um público entusiasta, proporcionam o ambiente perfeito para a fruição de cada um dos ensembles presentes.

Os bilhetes custam 5€ - excepto para o dia 15, 10€ - todas as entradas têm direito a 1 bebida

Trem Azul Jazz Store
http://www.tremazul.com/
Rua do Alecrim, 21-A, Lisboa
Metro/comboio: Cais do Sodré

Contactos: 21.3423141 jazzstore@tremazul.com
com o apoio da Piano Arte - www.pianoarte.com

14 ABRIL | 21h30
INSTANTÂNEOS



ANTÓNIO CHAPARREIRO - guitarra / NUNO REIS - trompete / EDUARDO LÁLA - trombone / JORGE SERIGADO - baixo / MIGUEL SÁ - laptop / RUI ALVES - bateria / PEDRO CASTELLO LOPES - percussões

Groovimpro é o termo que os Instantâneos usam para designar a música que fazem na qual, entre outras inspirações, estão presentes groove e improvisação livre.

http://instantaneos.podomatic.com

15 ABRIL | 22h00
IVO PERELMAN TRIO



IVO PERELMAN – saxofone tenor e soprano
TORBJÖRN ZETTERBERG – contrabaixo
DANIEL LEVIN - violoncelo

Como Charles Gayle, Ivo Perelman trouxe para os nossos dias o mesmo conceito que John Coltrane e Albert Ayler tinham para o saxofone tenor: tornar este instrumento no veículo ideal para a mais visceral das expressões, ainda que sublimada por todos os indizíveis da espiritualidade. Enquanto pintor, a sua outra actividade artística, é óbvio o alinhamento do músico brasileiro pelo expressionismo abstracto, muito marcado pelas cores dos trópicos, mas nos discos que gravou está igualmente claro que a sua adopção das coordenadas da “new thing” lhe servem os mesmos propósitos estéticos. O “grito” pode ser a característica mais notória do seu estilo pessoal, mas como em Gayle, Coltrane e Ayler, não se trata de uma manifestação de raiva. Na música de Perelman, o lirismo ganha uma crueza e um grão que os românticos do século XIX não poderiam ter imaginado como uma possibilidade. Os sons vêm-lhe das profundezas da alma e do corpo, sendo nessa medida o reflexo de uma enorme humanidade. Mas não é só: tal como acontece nas telas que pinta, o Brasil está presente na música que nos dá a ouvir. Evocações da bossa nova e do choro emergem dos temas que toca em trio com o violoncelista Daniel Levin e o contrabaixista Torbjörn Zetterberg. Tudo isto faz com que as propostas de Ivo Perelman sejam únicas e inimitáveis, surgindo aos nossos ouvidos com a relevância de algo que tinha inevitavelmente de existir. Porque se não existisse, ficaríamos mais pobres... Ivo Perelman nasceu em São Paulo no primeiro ano de uma década muito especial, 1961. Situando-se na melhor herança do saxofone tenor, a que começou por ser definida por Coleman Hawkins e Ben Webster, associa uma sonoridade forte a um grande apreço pelo trabalho melódico. Radicado em Nova Iorque desde a década de 1980, nem por isso o Brasil deixou de estar presente na sua música. Por exemplo, em “Man Of Forest” presta um original tributo ao compositor clássico brasileiro Heitor Villa-Lobos. Com uma discografia de 32 títulos e um percurso rico em colaborações com a nata da vanguarda jazzística nova-iorquina, Perelman é largamente elogiado pela imprensa internacional especializada. O recente álbum duplo "The Complete Ibeji Sessions" dá bem conta do seu gosto pela música popular e tradicional do Brasil, associando sambas, forrós e as melodias dos índios Tapebas. Mais recentemente, tem-se ocupado em fazer versões de temas da bossa nova e do choro em contexto de free jazz. Comparado em intensidade a Charles Gayle, é o Gato Barbieri dos anos áureos quem o saxofonista tenor (também guitarrista, violoncelista, pianista, clarinetista e flautista) mais faz lembrar devido ao tipo de associações a que procede, introduzindo exotismos afro-latinos no free jazz. Ivo Perelman desenvolve uma carreira paralela como artista visual, utilizando técnicas de "action painting" e "driping painting" inspiradas em Jackson Pollock.

www.ivoperelman.com
www.myspace.com/torbjrnzetterberg
www.daniel-levin.com

22 ABRIL | 21h30
JÚLIO RESENDE 4TETO



DESIDÉRIO LÁZARO – saxofone tenor
JÚLIO RESENDE – piano
JOÃO CUSTÓDIO – contrabaixo
JOEL SILVA – bateria

Uma das mais importantes forças da nova geração de músicos portugueses, o pianista Júlio Resende, foi inicialmente orientado por um dos mais significativos pedagogos do jazz nacional, Zé Eduardo, prosseguindo os seus estudos com Rodrigo Gonçalves e Pedro Moreira, outro grande pedagogo português. Resende tem também um background na Música Clássica mas cedo descobriu que não ficava satisfeito em ser apenas um intérprete de peças musicais em que não pudesse improvisar. Decidiu então estudar e trabalhar com os melhores mestres do Hot Clube, New School forJazz and Contemporary Music, Berklee College of Music, e a Bill Evans Academy entre o tempo que passou na Université de St. Denis em Paris. O seu primeiro disco “Da Alma” foi uma estreia promissora. Enraízado na tradição, mas com uma abordagem criativa, aberta e moderna, a sua música é brilhante, colorida, sedutora, intrincada e bela.
Este concerto versará sobretudo sobre composições do disco “Da Alma” e do novo disco que aí vem este ano.

www.julioresende.com

23 ABRIL | 21h30
RAFAEL TORAL SPACE COLLECTIVE 2



RAFAEL TORAL - circuito de ressonância, sintetizador modular, amplificador MT-10 modificado
RUBEN COSTA - sintetizador digital

Rafael Toral é actualmente uma das nossas figuras de proa na área da música dita experimental. Prova disso é a bem sucedida digressão mundial de 2008 por diversos países como a Coreia do Sul, Japão, Nova Zelandia e Australia. Este reconhecimento é fruto do trabalho continuado que Toral tem desenvolvido nos ultimos anos em torno do seu projecto de larga escala o “Space Program”. No Issue II, Toral faz-se acompanhar por Ruben Costa, um músico envolvido no projecto One Might Add.

www.myspace.com/rafaeltoral

24 ABRIL | 21h30
NOBUYASU FURUYA TRIO + NUNO REBELO



NOBUYASU FURUYA – saxofone tenor, clarinete baixo e flauta
HERNÂNI FAUSTINO – contrabaixo
GABRIEL FERRANDINI – bateria
NUNO REBELO – guitarra, electrónicas

Japonês de nascimento, mas presentemente a viver em Lisboa depois de uma estadia em Berlim, Nobuyasu Furuya veio agitar as águas da cena jazzística e improvisada portuguesa com o seu sopro ora extremamente possante (algures entre Archie Shepp e Peter Brotzmann), ora controlado com um rigor implacável (o mesmo das cerimónias de chá, das árvores bonsai e dos jardins de pedra tipicamente nipónicos), nos seus três instrumentos de eleição: o saxofone tenor, o clarinete baixo e a flauta. Interessou-se pela música clássica otomana, que estudou na Turquia. Por cá, teve muito aplaudidos encontros com três dos mais internacionais praticantes da improvisação, Carlos “Zíngaro”, Ernesto Rodrigues e Rodrigo Amado, mas foi com o contrabaixista Hernâni Faustino e o baterista Gabriel Ferrandini que formou o trio que ora se apresenta. Com tais músicos na secção rítmica, conhecidos pelo impacto das suas prestações, o seu propósito é claro: mostrar que a “new thing” nascida na década de 1960 ainda não morreu. Nuno Rebelo, após um início de carreira nos anos 1980 onde ganhou visibilidade como líder dos Mler Ife Dada, dedicou-se às músicas experimentais e à composição de música para dança, teatro e cinema. Foi o autor do hino da Expo’98 e é hoje reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes guitarristas portugueses da música improvisada. Em 1993, começou a aplicar à guitarra portuguesa as técnicas até então desenvolvidas na guitarra eléctrica, tendo-a baptizado de guitarra portuguesa mutante.

www.myspace.com/nobuyasufuruya
www.myspace.com/nunorebelo



25 ABRIL | 21h30
PAULO CURADO + KEN FILIANO

PAULO CURADO – saxofone alto, soprano e flauta
KEN FILIANO – contrabaixo

A improvisação tem um idioma: o jazz. Nada de mais natural, tendo em consideração que este género musical cunhou um particular relacionamento entre o que é composto (escrito) e o que é improvisado e definiu uma boa parte das próprias técnicas improvisação, além de que formulou um (na verdade vários) modelo estético. Ser “músico de jazz” vai significando que se é um músico plural, e se verificarmos o percurso de Paulo Curado é isso precisamente o que confirmamos: responsável igualmente de múltiplas bandas sonoras para desenhos animados infantis (o que quer dizer que tem boas noções quanto à eficácia de uma melodia) e para teatro (o mesmo relativamente à criação de atmosferas), ele é bem o exemplo do artista aberto e sem preconceitos. O Sol e a Terra a dançarem um com o outro. Esta apresentação em dueto com o contrabaixista Ken Filiano, músico experimentado e sólido, que se move particularmente bem em contextos de maior liberdade surge depois do aclamado disco editado em 2007 pela Clean Feed: The Bird, The Breeze and Mr. Filiano com o trio O Lugar da Desordem.

www.myspace.com/paulocurado
www.myspace.com/kenfiliano

quarta-feira, 8 de abril de 2009

I Loves You Porgy



Nina Simone - I Loves You Porgy


Keith Jarrett - I Loves You Porgy


Billie Holiday - I Love You Porgy

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Celebrando o Bebop



Keith Jarrett, Gary Peacock & Jack deJohnette
Yesterdays
ECM, 2009

Gravado ao vivo em Tóquio, no Japão, no Metropolitan Festival Hall e durante a tournée do ano de 2001 (a mesma que originou já três álbuns ao vivo: “The Out-of-Towners”, “Always Let Me Go” e “My Foolish Heart”) este Yesterdays é uma colheita vintage desse ano tão prolífero para o trio, já que o programa do concerto incide apenas em standards. A viagem começa com “Strollin’” de Horace Silver, e termina com “Stella by Starlight”, de Ned Washington (este um bónus, gravado durante um teste de som). Pelo meio o trio visita os temas “You Took Advantage of Me”, “Yesterdays” e “Smoke Gets In Your Eyes”, de Jerome Kern, “Scrapple from the Apple” de Charlie Parker e “Shaw’nuff”, de Parker e Dizzy Gillespie, “You’ve Changed” de Bill Carey (imortalizada por Dexter Gordon) e “A Sleepin’ Bee” de Harold Arlen (que Peacock interpretou com Bill Evans em 1964).
Um álbum de puro jamming, marcado pelo bop e pelas belas baladas. Uma versão descomprimida e muito acessível deste trio de referência (que em 2008 celebrou 25 anos de memorável actividade) e que, com um inegável prazer, nos transporta numa viagem pelos “old days” do jazz norte-americano das décadas de quarenta e cinquenta, em que o género deixou as salas de baile e começou a frequentar os clubes nocturnos onde, por entre nuvens de fumo (um momento politicamente incorrecto. Que saudades!), o be-bop nascia do génio e do saxofone do Bird.
Aqui não há saxofones. Mas há génio, bop e muito swing. Há também uma celebração da revolução protagonizada pelo músico maldito de Kansas City: a que transformou o jazz de música para dançar em música para ouvir.
E este é seguramente um disco para ouvir com enorme prazer. Uma celebração da melodia mas também da liberdade criativa que o jazz tão bem representa. Como Keith Jarrett afirmou a propósito deste disco ao Los Angeles Times “We know how musical these songs are... Jazz musicians don’t have to always break down doors: there’s music inside the rooms too.”
Fiquem com uma deliciosa versão da balada “ Smoke Gets In Your Eyes”, acompanhada de belíssimas fotos da cidade eterna de Veneza, da autoria do francês Gilles Navet, também elas evocativas de um passado que revolucionou o olhar: a passagem do realismo figurativo para o instantâneo impressionista. Fotos que parecem pintadas por William Turner, o pintor romântico inglês que, com os seus estudos sobre cor e luz, ganhou o estatuto de precursor do Impressionismo.

Keith Jarrett Trio – Smoke Gets in Your Eyes

Jazz.pt nº 23 (Março e Abril de 2009)



Destaques
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. Joe McPhee
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. O Comboio Taxidermista
. Escola JB Jazz
33 1/3 R.P.M.
Ponto de Escuta
Discos da Minha Vida

Encomendas

Assinaturas

VI Aniversário JACC


Sexta, 24 de Abril de 2009 o Jazz ao Centro Clube celebra seis anos de existência premiando o público com o programa da edição de 2009 do Jazz ao Centro.

24 de Abril de 2009, 21h30
Salão Brazil

VI Aniversário JACC
+
Apresentação pública do Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, 2009 (VII Edição)

Underground Trio

Russ Lossing - piano
Masa Kamaguchi - contrabaixo
Billy Mintz - bateria

Esta formação apresenta-se em Portugal depois de uma digressão pela vizinha Espanha. O Underground Trio interpretará temas do disco “Swimming Dragon” que, embora ainda não tenha visto a luz do dia (sairá pela editora suíça HatHut), constitui uma das razões mais fortes para esta mini-tour pela Península Ibérica. De resto, Russ Lossing mantém uma forte ligação com a lisboeta Clean Feed (uma das melhores editoras do mundo, diz a crítica), e Masa Kamaguchi vive na cidade condal (Barcelona) há já algum tempo, pelo que a Península é um dos pontos focais da actuação do trio.

Trata-se da re-interpretação do clássico formato do “piano trio”, por parte de músicos que se têm vindo ocupar da quebra de barreiras, outrora quase estanques, entre diferentes abordagens daquilo a que chamamos jazz. Lossing, o “líder” deste projecto, tem sido amplamente elogiado por comentários como aquele que figura no all music guide: “(...) um passo à frente de Paul Bley e de Keith Jarrett sem ser particulamente derivativo de nenhum deles.”. E, se juntamos a um dos renovadores do piano da actualidade o talento de dois dos mais imaginativos mas, simultaneamente, mais sólidos instrumentistas da cena jazz internacional, temos a receita para um espectáculo inesquecível.

Apoios
música.com
RUC - Rádio Universidade de Coimbra

domingo, 5 de abril de 2009

El Fad no Porto



Domingo | 12 Abril 2009
22:00, Sala 2 - Casa da Música (Porto)
El Fad
10 EUR

Com base na escrita de José Peixoto que aqui aparece revigorada numa expressão criativa colectiva, este quarteto pratica uma música aberta, enérgica e subtil.
É nas zonas de fronteira em que tudo se mistura, dilui e em que se criam e circulam dialectos vários, que podemos encontrar a expressão final da música deste grupo.

José Peixoto guitarra
Carlos Zíngaro violino
Yuri Daniel contrabaixo
José Salgueiro percussão

El Fad - Lua, Que Tens?

Filipe Melo em Setúbal



Filipe Melo & Jazz Class Damsom no Take 5 (Setúbal)
6ª feira, 10 de Abril, 23.00h

Implementado e coordenado por Davide Fournier, a Jazz Class Damsom(JCD), é um projecto pedagógico de conteúdo "jazzistico" que decorre desde 2006 na Escola Damsom em Setúbal, presidida por AnaBela Oliveira.
A actividade da JCD passa por aulas individuais com uma hora de duração semanal, uma aula de conjunto por semana com duas horas de duração e uma "Master Class" mensal com a supervisão pedagógica dos professores Vasco Agostinho, Filipe Melo e Nuno Correia do Hot Clube de Portugal.
O conteúdo programático da JCD assenta no programa do Hot Clube Portugal. São objecto de estudo e interpretados temas 'standards' de jazz, passando por vários estilos tais como o 'swing', o 'bebop', o 'cool', o 'modal', o 'bossa nova', entre outros.
A JCD tem entre outros objectivos preparar e formar músicos para a área profissional musical.
No ano de 2007 a JCD deu início às actuações ao vivo com os formatos de trio, quarteto e quinteto, com resultados muito positivos.
A patir de Agosto de 2008 as actividades pedagógicas (Master classe, Workshop, Jam, aulas abertas, etc) passam a decorrer no bar "TAKE 5" em Setúbal. Espaço musical gerido por Filipe Oliveira também membro da JCD.

Contactos: Davide Fournier - Coordenador
967351812 - 917750075 -
fournier.davide@gmail.com
Escola de Música Damsom
961400909 - 265732781 - www.damsom.com


Filipe Melo Trio - When Lights Are Low